Nos últimos dias, um vídeo sacudiu a internet e provocou conversas que não podemos mais evitar. O youtuber Felca, com coragem e clareza, falou sobre a adultização de crianças e adolescentes nas redes sociais, um fenômeno tão grave quanto silencioso, que exige atitudes punitivas concretas. Talvez você nunca tenha ouvido falar de alguns dos nomes citados no vídeo. Eu também não conhecia. Mas, infelizmente, milhares, talvez milhões, de crianças já conhecem. Seguem. Admiram. E, pior, podem estar se tornando vítimas. Isso é assustador, pois, muitas vezes, o mal se apresenta com filtro bonitinho e musiquinha da moda.
E é por isso que o bem que esse moço fez para a comunidade do Bem, com “B” maiúsculo, é enorme. Foi um ato de coragem que mexeu com a consciência de quem ainda se importa. Denúncias assim precisam se multiplicar. Porém, só denunciar não basta. É preciso agir. Agir com justiça. Atitudes punitivas devem ser executadas. Não podemos aceitar que a lei só pese para alguns, enquanto outros escapam com “canetadas” dadas por Montblancs em mesas de luxo. Justiça que escolhe a quem servir não é justiça, é privilégio. Os dados assustam: mais de 30 milhões de usuários lucram com vídeos de sexo, violência e drogas na internet. E o que se faz a respeito? Nada. Estamos falando de um mercado bilionário que lucra com a perda da inocência, da ingenuidade e, muitas vezes, da dignidade infantil. O silêncio de quem poderia agir vira, sim, cumplicidade e exploração.
Criança precisa ser criança. Pais precisam cuidar dos filhos, não usá-los como meio de vida, fama e dinheiro. Quem transforma um filho em produto, vendendo sua imagem e sua infância, se iguala àqueles exploradores que criticamos quando os vemos colocando suas crianças para pedir esmola ou vender balas nos semáforos. Mudam o cenário e o figurino, mas a exploração é a mesma. Ouvi de alguém esta semana: “Jesus concorda com Felca.” E acredito que concorda mesmo, pois, quando Ele disse “Deixai vir a mim os pequeninos e não os impeçais”, Ele falava sobre pureza, cuidado e responsabilidade. E, se o próprio Cristo não aceitaria ver crianças sendo mercantilizadas sob aplausos e likes, como podemos nós aceitar? Não é apenas um apelo moral. É uma convocação para proteger quem não sabe se proteger sozinho. Precisamos ecoar esse alerta e não continuar em silêncio, fingindo que não é conosco.
Pois, quando a infância se perde, não é só a criança que deixa de ser criança. É a nossa humanidade inteira que se apaga um pouco. E, se não protegermos nossos pequenos hoje, estaremos assinando o atestado de falência moral do amanhã.
Boa semana a todos!
Aline Magalhães Ceron
@alinemagaceron
