Uma nova tensão no comércio internacional pode afetar diretamente a economia regional de Rio Claro diante do “Tarifaço do Trump”. Na quarta-feira (9), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a aplicação de uma tarifa de 50% sobre todas as exportações brasileiras a partir de 1º de agosto, por meio de carta pública enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A justificativa de Trump inclui críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro.
O impacto direto na economia de Rio Claro e região pode ser expressivo. Segundo dados oficiais do comércio exterior, publicados pelo Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) na cidade, entre janeiro e maio de 2025, as exportações da regional de Rio Claro somaram US$ 293,1 milhões (dólares), alta de 16,3% em relação ao mesmo período de 2024. Desse total, US$ 84,8 milhões (28,9%) foram destinados ao mercado americano — principal destino das exportações locais.
Com a aplicação da nova tarifa de 50%, utilizando-se como base esses dados mais recentes, estima-se que mais de US$ 42 milhões adicionais em custos tarifários recairiam sobre produtos da região exportados aos EUA. Isso pode comprometer a competitividade de vários setores. No período, por exemplo, a liderança das exportações ficou com produtos de gorduras e óleos vegetais, veículos automotores e tratores e açúcares e produtos de confeitaria, que juntos representam cerca de 44% do total exportado.
Entre os principais destinos das exportações locais também estão Argentina (US$ 43,5 milhões) e Paraguai (US$ 16,5 milhões). Já nas importações, Rio Claro comprou US$ 190 milhões no mesmo período, com destaque para a China (30,1%), EUA (15,5%) e Coreia do Sul (8,3%). O setor produtivo acompanha com atenção o desenrolar da medida, que pode redefinir fluxos comerciais e pressionar margens de lucro.
O próprio Ciesp se manifestou na tarde dessa quinta-feira (10) através do diretor da regional de Rio Claro, Anselmo Quinelato. Em nota ao JC, afirmou que “é com grande preocupação que acompanhamos o desenrolar dos acontecimentos políticos nos últimos meses. As atitudes do governo Lula têm se pautado muito mais por uma postura ideológica, sem avaliar as reais consequências econômicas para o país. Do ponto de vista da gestão macroeconômica o governo Lula e do seu Ministro Haddad tem sido uma catástrofe, onde as narrativas imperam em detrimento de um programa verdadeiro de gestão da economia. O aumento do gasto público, gerando um déficit orçamentário inédito, demonstra que estamos completamente desgovernados”, afirmou.
Quinelato também criticou Trump. “Também a decisão do Presidente Trump, na minha opinião, não está baseada nos argumentos que ele utilizou, de balança comercial desfavorável (o que não é verdade) e de injustiça com o ex-presidente Bolsonaro (que não é assunto recente). Acredito que essa atitude está muito ligada às Declarações e Atitudes dos Líderes do BRICS, reunidos recentemente no Rio de Janeiro, em claro confronto com a política externa americana”, acrescenta. “Infelizmente, a perspectiva para toda a sociedade não é nada animadora, porque são as pessoas e as empresas que sustentam a economia que serão mais uma vez chamadas para pagar a conta”, finaliza.