O colaborador é cronista, poeta, autor teatral e professor de redação.

Os Jogos Paraolímpicos de Tóquio tiveram início com uma abertura plena de simbolismo e de beleza. Voar era a palavra-chave das apresentações que aconteceram. Voar além de qualquer limite, voar, mesmo que haja inúmeras dificuldades a enfrentar antes da decolagem. E como esses atletas paraolímpicos enfrentam os seus medos, inseguranças, com a maior dignidade e garra.

Atletas com limitações físicas ou cerebrais, seja nadando, correndo, disputando uma partida de um esporte coletivo, se superam antes de superar os adversários. O corpo que sofreu durante muitos anos antes de se descobrir em toda sua potencialidade se vê livre, forte, desvendador de espaços que pareciam ser intransponíveis.

O Brasil vem se destacando cada vez mais nas Paraolimpíadas, conquistando muito mais medalhas do que nos Jogos Olímpicos. Os atletas em todas as modalidades demonstram possuir uma força interior que passa para nós uma energia que muitas vezes nos falta e que eles mostram ter, apesar dos obstáculos que ainda terão que transpor.

Muitos atletas paraolímpicos nasceram com essas limitações. Outros, vítimas de acidentes, descobriram no esporte, no movimento, que é possível reinventar-se, reconhecer-se além da falta de recursos e de condições favoráveis para que possam ir e vir no espaço urbano com segurança.

Nas quadras, nas pistas de atletismo, nas piscinas, nos tatames, eles são senhores, capazes de atingir a perfeição, batendo recordes que duram meses, anos, até décadas.

Vamos assistir aos Jogos Paraolímpicos, prestigiar esses atletas, que nos emocionam, muitos deles em cadeiras de rodas, demonstrando uma agilidade que nos deixa boquiabertos e felizes ao perceber que nem tudo está perdido nesse no nosso mundo tão excludente em que vivemos.

Voar sem medo. Não importa a altura nem o número de asas. Pássaros voam mesmo com uma asa a menos. Atletas fazem voos incríveis, mesmo que aparentemente não tenham condições para essa façanha.

Que os nossos atletas continuem brilhando e nos emocionando com os seus feitos extraordinários.

O colaborador é cronista, poeta, autor teatral e professor de redação.

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