Uma notícia nesta última semana pegou o conservador, restaurador e museólogo João Rossi de surpresa: a violação do túmulo de Gualter Martins Pereira (conhecido como Barão de Grão Mogol).

A sepultura está localizada na Fazenda Angélica, no bairro rural da Mata Negra, em Ajapi. Parte desta fazenda foi adquirida em 1924 pelo bisavô de João: Pedro Rossi.

“Foi com muita tristeza que recebi esta notícia e a princípio não achei que fosse algo tão grave, mas era. Infelizmente abriram a sepultura e não contentes ainda cavaram. Me preocupa muito toda essa criminalidade e também a história com a estrutura do jazigo”, diz João que completa: “Vou buscar apoio para proteger esse patrimônio e recuperar e sanar os danos. Mesmo que não seja tombado, a preservação desta memória é fundamental”.

Sobre o Barão

Durante 50 anos o barão viveu com sua família em Grão-Mogol, no norte de Minas Gerais, e saiu de lá em 1876, quando comprou do London Bank a Fazenda Angélica em Rio Claro, São Paulo. A fazenda foi rebatizada de “Fazenda Grão-Mogol” em homenagem a sua terra natal. Uma vez instalado na região, iniciou construção da nova sede da fazenda, concluindo-a em 1883. A nova sede da fazenda foi obra realizada por cerca de oitenta escravos de procedências mineiras e baianas.

Com a morte do Barão, a fazenda foi dividida entre seus herdeiros. Em 1924, parte dela foi comprada por Pedro Rossi, um colono italiano. A sede da fazenda foi tombada em 20 de janeiro de 1987 pelo CONDEPHAAT (Conselho de defesa do patrimônio histórico e artístico do Estado de São Paulo) como bem cultural de interesse arquitetônico, sendo raro exemplar existente no Estado de São Paulo de residência rural.

O túmulo do Barão se encontra onde antigamente era um cemitério de escravos. Hoje só existe o túmulo dele, e em toda a sua volta há plantações de cana-de-açúcar.

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