Folhapress

Um vídeo divulgado pelos separatistas pró-Rússia do leste ucraniano mostra pela primeira vez um suposto ataque utilizando o temido sistema de foguetes termobáricos TOS-1A contra posições em Mariupol, o porto sob violento cerco russo.

Que o TOS-1A estava em solo na Ucrânia, isso já era sabido desde o começo do conflito, mas até aqui não havia relatos de seu uso. O vídeo mostra claramente uma bateria pintada com o Z que sinaliza, com outras letras, as forças invasoras.

Ela é carregada, se desloca por uma estrada, é posicionada e atira. Mas não há como saber se onde e quando foi o disparo. As imagens de explosões ao final do vídeo, com direito a música nacionalista russa, não são originais: elas estavam em outro registro de um teste com o TOS-1A do Ministério da Defesa russo.

A peça começou a circular no domingo (20) e foi mostrado pela rede estatal russa RT. Outros vídeos feitos por pessoas que se diziam próximas a Mariupol mostram grandes áreas em chamas na periferia de uma cidade.

Se o ataque ocorreu, ele eleva o grau de brutalidade do cerco mais duro da guerra até aqui. O TOS-1A é a arma não nuclear considerada mais destrutiva do arsenal russo. Moscou não fez comentários.

Ele emprega foguetes termobáricos, que ao explodir espalham uma nuvem de partículas combustíveis no ar, que são então incendiadas por uma carga secundária. O resultado é uma gigantesca bola de fogo que suga todo o ar à volta e depois se expande, causando destruição tanto pela temperatura quanto pela onda de pressão.

Pessoas na área direta de impacto podem ser vaporizadas e prédios, destruídos totalmente. As armas começaram a ser desenvolvidas na Segunda Guerra Mundial pela Alemanha nazista, mas só foram empregadas em larga escala pelos americanos na Guerra do Vietnã, nos anos 1960, e durante a ocupação do Afeganistão (2001-2021).

Os russos utilizaram o TOS-1A e outras variantes também na sua ocupação do país do sul asiático (1979-89) e na primeira guerra da Tchetchênia (1994-96). São termobáricas a “Mãe de todas as bombas” americana e o “Pai de todas as bombas” russo.

A Rússia havia confirmado ter enviado baterias do TOS-1A para a Ucrânia, mas não seu uso. Segundo o Ministério da Defesa do Reino Unido, a arma já foi empregada, mas não havia registro disso até aqui ou confirmação independente.

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