O colaborador é cronista, poeta, autor teatral e professor de redação.

A cerimônia de premiação do Oscar deste ano foi a mais desidratada de todos os tempos. Sem o glamour e os exageros das edições anteriores, com exibição de vestidos e joias, valeu pelo tom mais intimista e pela diversidade.

O Oscar de melhor filme foi para a diretora chinesa radicada nos EUA desde criança, Chioé Zhao, que também ganhou pela melhor direção, com o filme “Normadland”. Justamente no seu país natal, a China, o seu prêmio não foi anunciado pelo fato de ser um filme que denuncia a falta de liberdade em várias partes do mundo, obrigando milhões de pessoas a viver como nômades, sem pátria e sem esperança. O Oscar de melhor atriz foi para Francis McDorman, protagonista do mesmo filme.

Anthony Hopkins ganhou merecidamente o Oscar de melhor ator, encarnando um idoso que passa a ter confusão mental, em uma amnésia que vai se aprofundando ao longo do filme e envolvendo o espectador em uma trama que coloca todos diante da questão: – O que será de mim se eu perder a memória? Aos 82 anos, Hopkins continua perfeito nos papéis que encarna.

O curta-metragem “Os distantes estranhos”, produzido pela Netflix, surpreende não só pela temática do racismo, mas também pela linguagem desconcertante que os diretores utilizam para protestar contra esse mal tão presente na vida daquele país e também aqui.

A “Voz Suprema do Blues”, que ganhou Oscar de melhor figurino e melhor maquiagem e cabelo, merecia mais prêmios. O favorito para melhor ator, que seria uma premiação póstuma, era o protagonista de “A Voz Suprema do Blues”, Chadwick Boseman, que morreu no ano passado. Houve protestos por ele não ter sido premiado, mas é inegável que Anthony Hopkins também teve uma atuação exemplar.  

O melhor documentário: “Professor Polvo” foi uma escolha das mais acertadas. Disponível na Netflix, coloca em primeiro plano a amizade e o amor de um homem por um polvo. Além de ser uma temática bastante surpreendente e original, representou um desafio para diretor e produtores desse filme que é imperdível.

A melhor fotografia foi para Mank, que apresenta uma reconstituição de época impecável, em uma produção muito bem cuidada, dialogando com aquele que é considerado por muitos críticos como o melhor filme de todos os tempos: “Cidadão Kane”, de Orson Welles.

Muitos cinéfilos ficaram frustrados com esse formato reduzido do Oscar, apresentado em uma estação ferroviária de Los Angeles, adaptada para a cerimônia, nesses tempos aziagos de pandemia,  mas eu gostei.

O colaborador é cronista, poeta, autor teatral e professor de redação.

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