O colaborador é cronista, poeta, autor teatral e professor de redação.

Jaime Leitão

Os habitantes de inúmeras cidades do Brasil convivem há semanas com uma sensação de seca extrema. Em algumas regiões não chovia há mais de 3 meses.

No último domingo, Ribeirão Preto, Franca, Uberlândia, Ituverava e muitas outras cidades próximas da divisa entre Minas e São Paulo foram praticamente engolidas por uma tempestade de areia nunca vista por lá, segundo relatos dos moradores.

A areia, misturada com terra e fuligem, invadiu as casas e apartamentos, impulsionada por uma ventania de mais de 90 quilômetros. Parecia que o mundo estava acabando, disse uma moradora de Franca, que não sabia por onde começar para limpar o chão e as paredes de sua casa, já que a escassez de água não permite uma limpeza com mangueira.

Após o ocorrido, o medo é que aconteça uma nova tempestade, não só lá, mas também em outras regiões.

As causas do fenômeno, considerado raro, estão sendo levantadas. A longa estiagem, as queimadas, o desmatamento de grandes áreas para plantio, sem a observância da necessidade de plantar árvores em torno da área agriculturável, são hipóteses que ainda levarão tempo para serem confirmadas ou não.

O que é certo é que os fenômenos naturais extremos deverão ser mais constantes daqui para frente. Um senhor, diante de sua plantação de milho, arrasada pela tempestade, disse: – A natureza perdeu a paciência. A culpa é nossa.

O ser humano, em geral, se considera dono da natureza, não só proprietário de suas terras e não dá a importância devida ao meio ambiente, tendo com ele uma relação de afeto, harmônica, não destruidora.

Enquanto não houver uma conscientização global da importância de equilibrar agricultura com replantio, reflorestamento, estaremos sujeitos a tempestades de areia, redemoinhos de fogo e outros fenômenos que têm algo de macabro, mas que não são sobrenaturais. São fruto da ganância, da falta de visão e discernimento para cair a nossa ficha de que sem a natureza simplesmente não existimos.

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