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Vivian Guilherme

Foi em 2014 que Eber Novo abriu sua rede social e foi surpreendido com a mensagem do amigo de infância: “fica tranquilo, eu vou viajar e não volto”. Na hora, ele percebeu que a notícia não era das melhores. “Ele estava passando por um quadro de depressão já havia alguns anos, estava tomando muitos antidepressivos e não saía mais de casa. Quando li a mensagem, eu já tinha me tocado de que ele ia se matar, mas já era tarde demais”, lembrou o cinegrafista, que disse ter ficado muito abalado com o ocorrido.

A jovem Maria Silva (nome fictício) também relatou ter uma história bastante triste sobre o assunto, quando tentou o suicídio no início deste ano. Sobre o que aprendeu com o ato, ela disse que sua meta agora é tentar ajudar outras pessoas que possam estar na mesma situação. “Comecei a enxergar que o egoísmo era meu e que deixaria um buraco aberto em muita gente. Meu único conselho é: procurem ajuda, a depressão tem fim.”

Apesar de parecer um caso episódico, o número de pessoas que se suicidam no Brasil vem aumentando. Segundo dados do Ipea divulgados no início deste mês, o Brasil registrou 5,8 mortes a cada 100 mil habitantes em 2014. O número é ainda inferior se comparado a outros países, como Lituânia, Rússia, Japão e Coreia do Sul, que registram índices que variam entre 20 e 40 óbitos por 100 mil habitantes, entretanto o Brasil já figura em oitavo na lista dos países com maior índice de suicídios.

Recentemente, dois casos chamaram muito a atenção do público: um pai que matou a esposa e os dois filhos e depois se suicidou, deixando uma carta em que justificava o ato com a incapacidade de sustentar a família; e outro pai que se atirou do alto de um prédio abraçado ao filho, familiares disseram que ele estava desempregado.

RIO CLARO
Segundo dados do DataSUS, em 2014, Rio Claro registrou 14 casos de suicídio. Em 2009, foi registrado o maior número de suicídios dos últimos 20 anos, com 20 casos registrados. Os números referentes ao ano de 2015 ainda não foram divulgados pelo DataSUS.

Segundo a psicóloga Valderez Marques, que atua há mais de dez anos na Casa de Saúde Mental Bezerra de Menezes, há uma relação muito próxima dos casos de suicídio com o uso de drogas lícitas e ilícitas, além de outros fatores preexistentes, como depressão, transtorno bipolar e situações angustiantes, tais quais desemprego, relacionamentos malsucedidos, etc. Por isso, vem desenvolvendo uma estratégia de cuidado integrado com psicoterapias breves no enfrentamento.

“Existe uma crença errônea de que falar sobre morte ou suicídio com um potencial suicida pode levá-lo a cometer o ato. Na verdade, discutir tais assuntos com o paciente pode significar alívio da angústia e até mesmo demovê-lo da ideia, desenvolvendo a esperança, quando ele vê que alguém se importa com seu sofrimento”, explicou.

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