Jaime Leitão

1

Eu e minha mãe percorrendo as UBSs procurando vacina para ela da segunda dose. Procura inútil. Essas doses não deveriam ficar reservadas para quem tomou a primeira? Tudo indica que não foram. Sentimento estranho. Bagunça geral. Enquanto isso, as mortes se avolumam de forma descontrolada e o ministro da Saúde apresenta números gigantescos de vacinas compradas, mas sem data para entrega. Perdeu completamente a confiabilidade. O general da logística é confuso demais no que diz e no que faz.

 2

 A volta de Lula à cena política nos tirou um pouco daquela sensação de que a oposição morreu e que a situação representada por Bolsonaro, totalmente caótica e fora do prumo, iria permanecer até as eleições de 2022 sem ser incomodada. Sem oposição, não existe democracia. O ressurgimento de Lula já provocou uma tentativa de Bolsonaro de recuperar a sua credibilidade, comprometida profundamente devido à sua posição negacionista em relação à pandemia e à sua recusa em utilizar máscaras e o seu apetite para promover aglomeração. Lula apareceu com máscara, em seguida, Jair idem. Imitação tosca, artificial, tem tudo para não colar.

3

Cenário de terror é o dos corredores com pacientes esperando horas ou dias por um leito de UTI, muitos morrendo por falta de atendimento adequado. O Brasil já está sendo chamado por cientistas estrangeiros de laboratório natural. Alguns deverão vir para cá para observar o que o país fez de errado para chegarmos a essa posição terrível, de epicentro da Covid no mundo. Culpa de quem?

4

Cena ridícula a do presidente e seus assessores posando de cientistas sem serem, antes do embarque para Israel sem usar máscara. A cena se completa com eles já em território israelense, com máscara, por exigência do governo de lá.

5

O deputado Eduardo Bolsonaro, perguntado por que não estava usando máscara no embarque para Israel, xingou a imprensa e disse para enfiar a máscara no rabo. Que belo exemplo de deputado. Usa máscara só quando é obrigado. E xinga jornalistas como se a culpa por esse morticínio fosse deles.

6

O ex-ministro Sergio Moro nunca esteve tão mal na fita como agora. O maior erro dele foi aceitar ser ministro de Bolsonaro, levantando suspeitas de que ele julgou e condenou Lula para abrir espaço para a eleição de Bolsonaro.  Errou feio. Dificilmente conseguirá reverter essas suspeitas, que são corroboradas por gravações feitas por hackers, mas que mesmo assim desnudam o ex-rei, quero dizer, o ex-superjuiz.

7

Estamos no olho do furacão. Até agora não há nenhuma sinalização de que sairemos dele nos próximos dias ou meses. E isso é trágico.

Bom domingo.

(O colaborador é cronista, poeta, autor teatral e professor de redação)

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