A morte de um homem de 35 anos deixou, além da terrível dor da perda, uma série de dúvidas na cabeça dos familiares. No dia 13 de fevereiro, Adilson Ramos Machado deu entrada no Hospital Santa Filomena após ter machucado o pé jogando futebol: “Ele foi atendido e realizado um raio-X. O médico viu a imagem e disse que era apenas uma torção, indicando que o Adilson comprasse uma bota ortopédica e receitou alguns anti-inflamatórios que logo essa torção iria melhorar. Ele seguiu as orientações, porém quatro dias depois o pé dele inchou muito e ele resolveu voltar ao hospital, quando um outro médico, desta vez um ortopedista, olhou o mesmo raio-X que a princípio não tinha nada e apontou uma fratura na fíbula. Foram trocados os medicamentos e solicitado que ele usasse uma muleta, não colocasse o pé no chão e retornasse em uma semana, que seria no dia 24, que até lá o pé teria desinchado e poderia ser colocado um gesso”, conta a esposa Daiane de Oliveira Ferreira Machado.

Este é o primeiro erro apontado como negligência por ela, porém algo pior ainda estava por acontecer: “Na segunda-feira (22), por volta das 18h, eu cheguei em casa e encontrei meu marido com insuficiência respiratória. Imediatamente eu o levei para o Santa Filomena e lá ele foi direto para a UTI e entubado. O quadro, de acordo com o médico, era de embolia pulmonar, mas ele me disse que em tempos de pandemia não podiam descartar nada e que iriam começar os dois tratamentos em conjunto, sendo feitos também exames para a Covid”, diz Daiane.

No dia seguinte, a esposa relata que no exame de imagem foi descartada a Covid, porém ainda faltava o sorológico, que posteriormente também foi dito à família que não havia constatado vírus. A informação era que Adilson havia sofrido uma embolia pulmonar gravíssima. Um dia depois, 24 de fevereiro (quarta-feira), Daiane foi chamada ao hospital e acompanhada do irmão recebeu a notícia da morte do marido. Ela conta que foi levada para uma sala onde havia algumas pessoas e que logo na sequência foi autorizada a ver o corpo do marido e a se despedir: “Eu e meu irmão ficamos aproximadamente 10 minutos com o meu marido, que ainda estava na UTI. Eu o abracei e beijei. Na sequência foi nos solicitado para cuidar do velório e foi me entregue um atestado de óbito, onde constava a causa da morte como insuficiência respiratória aguda, parada cardiorrespiratória, trombo-embolia pulmonar e fratura no tornozelo. O corpo foi removido pela funerária e o velório marcado para o dia 25, quinta-feira, das 7h30 às 10h30. O que não esperávamos era que à noite receberíamos uma ligação do hospital dizendo que um novo atestado de óbito havia sido emitido e que a causa da morte agora era Covid”, conta Daiane.

A esposa relata que a notícia caiu como uma bomba em toda a família e questiona o segundo ponto de negligência por parte do hospital: “Primeiro um diagnóstico errado em torno de uma fratura, depois dois atestados de óbito. Se foi Covid mesmo, eles colocaram não só minha vida e a do meu irmão em risco, permitindo-nos ficar com o corpo, bem como dos profissionais da funerária. Só sei que tudo teve que ser alterado, o velório cancelado e a incerteza e a dor aumentaram ainda mais em torno da minha família”.

A reportagem do Jornal Cidade procurou o Hospital Santa Filomena e colocou os questionamentos da família. Através da assessoria recebemos a seguinte resposta: “A Casa de Saúde e Maternidade Santa Filomena S/A não comenta dados relativos aos atendimentos dos seus pacientes”.

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