Carine Corrêa

De vez em quando tem notícia potencialmente boa. Uma garota ficou ferida na esbórnia pró-Dilma em São Paulo. Pode ficar cega. Se for petista, é uma boa notícia, mas não vai fazer muita diferença, já que são cegos como toupeiras.”

Essa postagem feita pelo professor aposentado da Unesp de Rio Claro, Jairo José da Silva, repercutiu em todo o país. Ele fazia menção à jovem que ficou ferida durante protesto contra o presidente Michel Temer (PMDB).

Posteriormente a jovem, Deborah Fabri, de 19 anos, perdeu a visão do olho esquerdo. A reportagem do JC conversou com o professor aposentado do Departamento de Matemática. Ele diz que teme pela sua segurança e precisou excluir as contas que tinha nas redes sociais, com medo de ser atacado. Recebeu uma quantidade enorme de xingamentos, incluindo palavrões e ameaças de agressão. Mencionou que, como medida mais extrema, cogitou até mudar de país.

Veja a seguir a declaração do professor sobre o episódio em entrevista exclusiva ao JC:

“Não estou comemorando o ferimento de ninguém. Apenas ouvi a notícia que uma pessoa poderia ter ficado ferida na manifestação. Não fiquei feliz porque a pessoa ficou ferida. A boa notícia pela ação da PM, porque mostra que a polícia está fazendo a sua obrigação, que é reprimir. Se está reprimindo uma manifestação que é criminosa, destruindo o patrimônio público, a pessoa que está fazendo isso sabe que está correndo risco. A polícia não pode deixar o espaço livre para que vândalos destruam o patrimônio público e a propriedade privada. Eu acho que esse ataque a mim está acontecendo porque a universidade é majoritariamente de esquerda e de extrema esquerda, e qualquer pessoa que manifeste opinião que não comunga com esse ideário é atacada desta forma. Sou contra uma tendência política que criminaliza a polícia. Eu quis manifestar que eu sou favorável que a polícia reaja como lhe cabe de direito. Eu não estou dizendo que quero uma polícia violenta. A polícia tem direito de exercer violência se for para impedir crime, garantir a ordem pública e garantir direitos”, declarou.

Coordenador do Unesp Livre Já – movimento de oposição às greves na universidade – Felipe Lintz comenta o caso. “Em 2015 a menina defendeu em postagem no Twitter que é com ações de incitação à violência o meio de conseguir as pautas. A sociedade tem que começar a prestar atenção que ela fez incitação de um ato que se voltou contra ela. A declaração do professor foi infeliz, eu discordo da maneira que colocou. Mas a manifestação não foi pacífica”, pontuou.

Cassiano Rosa é membro do Movimento Estudantil da Unesp de Rio Claro e também teceu seu olhar sobre o episódio envolvendo o professor. “Eu achei infeliz a fala do professor, mas sei que não se trata de um ignorante. Se trata de um professor universitário disseminando um discurso de ódio inaceitável. Falas infelizes e intolerantes são comuns vindas das bocas de muitos docentes aqui na Unesp, mas acho que dessa vez passou dos limites. Me espanta e preocupa o que um discurso desses possa criar mais tragédias ainda onde as ideologias não convergem”, disse.

A ADUNESP de Rio Claro (Associação dos Docentes da UNESP) manifestou repúdio às declarações do Prof. Jairo, e disse ainda em nota que a maneira com que ele se expressou denota a ‘vileza de seu espírito’.

Nota da Reitoria da Unesp

A Reitoria da Unesp informou em nota que “nos processos de averiguação e de sindicância, que podem acarretar desde advertência a desligamento da instituição, a Universidade assegura aos envolvidos o direito de defesa e de contraditório”. Disse ainda sobre a postagem do professor que “repudia quaisquer opiniões preconceituosas e que incitem à discriminação, à violência e a sentimentos de ódio”.

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