Thiago de Mello: O Poeta da Vida

Por Jaime Leitão

Aos 95 anos, morreu na semana passada o poeta amazonense  Thiago de Mello.

Defensor ardoroso do meio ambiente, da Amazônia entranhada na sua alma e na sua memória , a sua poesia é um canto em louvor da liberdade e da vida.

Poesia para ler em voz alta, direta, sem rebuscamentos,  discursiva no ponto certo, sem se perder em uma prolixidade  que poderia comprometer a qualidade dos seus versos.

Em 1977, em plena ditadura, publicou o livro  “ Estatutos do Homem”, um autêntico manifesto poético contra a opressão a que são submetidos milhões de pessoas no Brasil e no mundo.

A poesia de Thiago de Mello dialoga com os oprimidos e busca sensibilizar aqueles que sofreram um processo de lavagem cerebral que precisa ser revertido.

Thiago de Mello, sem nunca abandonar o seu olhar crítico e avesso a qualquer forma de tirania, possuía uma doçura inigualável. Em um trecho de “Estatutos do Homem”, o poeta diz: “ Fica decretado que , a partir deste instante, haverá girassóis  , em todas as janelas, que os girassóis  terão direito a abrir- se dentro da sombra; e que as janelas deverão permanecer, o dia inteiro, abertas para  o verde onde cresce a esperança”. A poesia de Thiago de Mello continua atual e é um ato de resistência contra aqueles que se empenham em destruir a Amazônia e a vida, sem nenhum escrúpulo.

O colaborador é cronista, poeta, autor teatral e professor de redação.

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