O colaborador é cronista, poeta, autor teatral e professor de redação.

Jaime Leitão

Semana trágica para as artes foi a passada.

Três expressivos representantes das artes, em sua diversidade e riqueza, morreram e nos deixaram como legado as suas produções. Foram eles o extraordinário pianista Nelson Freire, de Boa Esperança, Minas Gerais, que descobriu o piano com 3 anos de idade e, a partir daí, nunca mais parou de tocar.

Considerado um dos maiores pianistas do mundo, Nelson Freire deixou plateias de inúmeros países, da Europa e outros continentes, boquiabertas com a sua capacidade inventiva de reler peças de Beethoven, Mozart, Chopin e Bach, imprimindo a elas o seu toque interpretativo que fazia dele um pianista raro. Faleceu aos 77 anos, mais reconhecido no exterior do que aqui, apesar de ter realizado concertos para conhecedores e também neófitos em relação à música erudita.

Um dia depois, foi encontrado morto o pintor Jaider Esbell, que estava sendo aclamado como grande estrela da 34ª Bienal de Artes Plásticas de São Paulo, que ainda está aberta para visitação.

Jaider, além de artista plástico talentoso, é um grande ativista pela causa ambiental e também do seu povo, o Macuxi, e da cultura indígena como um todo, tão massacrada ao longo dos séculos.

As suas pinturas, esculturas e instalações trazem a energia da floresta e da diversidade que há nela, com cores vivas, vibrantes, que nos fazem imergir no seu trabalho de maneira visceral. Duas telas suas foram compradas recentemente pelo Centro Cultural Pompidou, de Paris, um dos mais importantes centros de arte da Europa. Jaider estava no auge da sua criação. Perda pra todos nós que apreciamos a arte.

E a semana terminou com a trágica morte da cantora e compositora Marília Mendonça, aos 26 anos. Com a sua voz grave, expressou a força do feminino em letras em que desmonta o machismo, não se vitimizando, muito pelo contrário.

A noite, que seria de festa, com um público de 8000 fãs aplaudindo a cantora, se transformou em profunda tristeza com a sua morte no auge de sua carreira. Elogiada por cantores sertanejos e também por representantes da MPB, de primeiríssima linha, como Caetano e Gal Costa, com quem fez parceria em um clipe, Marília Mendonça era quase uma unanimidade para fãs e não fãs, que reconheciam o seu grande talento. Marília deixou o seu filho de menos de dois anos órfão dessa mãe talentosa e tão espontânea no seu jeito de ser e de encantar plateias.

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