São Paulo, SP, BRASIL, 09-07-2022: Após três anos, a Marcha para Jesus 2022 volta no formato tradicional, com concentração na Estação da Luz, passando pelo corredor das avenidas Tiradentes e Santos Dumont e fim na Praça Campo de Bagatelle, onde ocorrerão as falas dos líderes evangélicos e os shows de artistas gospel. (Foto: Bruno Santos/Folhapress)

FÁBIO PESCARINI, ROBERTO DE OLIVEIRA E ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER – SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Marcha para Jesus voltou a tomar as ruas da capital paulista neste sábado (9), e uma multidão de fiéis encarou o calor de até 25ºC para demonstrar sua fé, além de agradecer e pedir saúde.

Nos últimos dois anos, por causa da pandemia, a organização realizou eventos menores, como carreatas, lives e shows no estilo drive-in. A deste ano, portanto, marcou o reencontro do público com a Marcha. O Campo de Marte ficou tomado pelos participantes, que ocupavam até as ruas laterais.

A aposentada Maria Aparecida Teixeira, 68, pegou um paninho do Neto Lucas, 3, para se sentar numa grama com sombra atrás do palco onde o presidente Jair Bolsonaro (PL) discursava na praça Heróis da Força Expedicionária Brasileira, por volta das 12h40 deste sábado.

“Essa sombra foi um achado”, disse a idosa, pouco antes de erguer as mãos para o céu quando Bolsonaro disse que esse é um país laico, mas que o presidente é cristão.

Com mais três pessoas da família, ela disse ter encarado metrô da zona leste para agradecer pela recuperação de um sobrinho que chegou a ser intubado no ano passado por causa da Covid-19.

Reclamando de dores na perna esquerda, Maria Aparecida disse que caminharia tudo de novo – para chegar até a sombra atrás do palco, a família precisou dar uma volta no quarteirão e passar por entre as grades que fecham as ruas do entorno ao trânsito.

“Tem muita gente, mas vale a pena”, afirmou.

Perto dali, a estudante Larissa Chagas, 22, que veio de Cajamar, na Grande São Paulo, tentava gravar o primeiro show após a fala do presidente, apesar de a altura do enorme palco não ajudar aos que não estavam de frente para ele. “Não dá para ver direito, mas aqui não tem empurra-empurra e o som é perfeito”, afirmou.

Armanda Ferreira, 16, veio com um grupo de 35 fiéis da igreja Assembleia de Deus, da cidade de Alumínio (SP). Sua primeira marcha teve uma emoção especial, nas palavras delas. A jovem veio agradecer a Deus pela vida, pela superação da Covid, que atingiu sete primos e dois tios de sua família.

“Vim orar por eles, que superaram esse mal, sem sequelas “, disse, emocionada. “A marcha é também uma forma de agradecer essa benção alcançada.”

A irmã, Sarah, 19, contou que os fiéis que estavam com elas aguardavam o momento dos shows de música gospel. “Por enquanto foi só adoração. Falta agora o momento da ferveção”, disse Sarah. O amigo delas, Fabrício Hermenegildo Silva, 20, alertou para o que o grupo se mantivesse unido em meio à multidão. A previsão era de retornar para Alumínio às 21h.

A 30ª edição da Marcha reuniu muitos casais com filhos, incluindo bebês, em carrinhos. A doméstica Jussara Aparecida da Silva, 31, conta que pulou da cama antes das 5h, em Cidade Tiradentes, na zona leste, para chegar antes das 9h. “Achei muito organizada e segura”, disse ela, acompanhada por um grupo de amigas e crianças.

Ela, porém, fez algumas ponderações. “Está difícil encontrar lugar para comer e ir ao banheiro. Quiseram cobrar R$ 10 por um espetinho. Onde moro, sai pela metade”, contou.

Com a falta de banheiro químico, longas filas se formavam para ir a sanitários abertos por empresas nos arredores do Campo de Marte. O acesso custava R$ 5 em um dos deles, cuja fila contava com mais de 200 pessoas por volta das 13h30, na avenida Santos Dumont.

Ruanita, 6, uma cachorra da raça shih-tzu , estava devidamente trajada com a camiseta do encontro. Deitada num carrinho de bebê, era conduzida pela sua tutora, a vendedora Marineide Vitória, 53, evangélica da igreja Renascer. Conta que a pequena sofre de leucemia, displasia e hérnia de disco. “Ela é uma criatura de Deus. Só o Senhor pode curá-la”, disse, emocionada, Vitória.

José Henrique Batista, 37, da Universal do Reino de Deus, veio de Piracicaba para participar da Marcha. “Não estou interessado em discurso de político, mas faz parte, né? Olha a multidão. Tem muita gente aqui que acredita no que eles [políticos] falam. Eu acredito em Deus”, disse ele, bandeira do Brasil enrolada ao corpo.

BANDEIRA EMPACA
A venda da bandeira brasileira, porém, frustrou parte dos ambulantes. A reportagem conversou com ao menos 30 deles. “Está muito devagar. A crise está feia para todo o mundo “, disse Alexandre Campos, 39 anos, 20 deles como ambulante. “Perguntam o preço, querem tirar foto com a bandeira, mas não levam.”

Em sábado de sol forte, os bonés, R$ 20, em média, tiveram mais saída. A bandeira brasileira, com preços entre R$ 25 e R$ 40, empacou. Uma das faixas de cabeça mais populares trazia “100% Jesus” escrito em strass, as pedrinhas brilhantes.

Balões azuis, verdes e amarelos decoravam alguns dos trios que lideraram a caminhada, carros alugados de nomes como Titan e Canibal.

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