Queda nas vendas e, consequentemente, na produção está gerando demissões, férias coletivas e corte de turnos (foto: GERJ)

Favari Filho

Queda nas vendas e, consequentemente, na produção está gerando demissões, férias coletivas e corte de turnos (foto: GERJ)
Queda nas vendas e, consequentemente, na produção está gerando demissões, férias coletivas e corte de turnos (foto: GERJ)

A crise que acomete o Brasil já no início do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff é, de acordo com alguns setores da sociedade, consequência dos desmandos do governo que comanda o país há mais de uma década e que agora espantam os brasileiros, principalmente os trabalhadores da indústria, setor que, aliás, emprega grande parte da população. Depois daquela sensação de bonança, parece que chega a tempestade.

Em março, o Financial Times atribuiu em um editorial que a crise econômica se agravaria no Brasil e que grande parte dos problemas foi gerada pelo próprio governo. O jornal, de elevada reputação e um dos mais lidos por líderes empresariais, rebateu o argumento da presidente que insiste em defender que a atual situação brasileira é reflexo de uma suposta crise internacional. “A crise no Brasil é ruim e, provavelmente, deve piorar antes de melhorar”, avaliou o diário.

Em Rio Claro, a situação não parece ser diferente do resto do Brasil e importantes empresas da cidade sentem o peso da atual conjuntura econômica. Para aprofundar no assunto, o Jornal Cidade conversou com o presidente do Sindicato dos Químicos, Francisco Quintino, que advertiu que as empresas de Rio Claro estão demitindo e que “algumas, na verdade, estão dando férias coletivas, enquanto outras cortando turnos”. O fato, segundo Quintino, se deve “à queda nas vendas que, consequentemente, gera a queda na produção. As empresas estão trabalhando com 30% da capacidade produtiva”, enfatizou.

De acordo com o presidente do sindicato, estamos vivendo um momento extremamente preocupante de crise política e econômica, “quando trabalhadores estão pagando a conta com perda de direitos trabalhistas e postos de trabalho”, descreveu o sindicalista que completou: “se não sairmos da crise rapidamente, passaremos por situações ainda mais difíceis e a recuperação econômica terá novos paradigmas na relação capital e trabalho”.

A reportagem ouviu também o Sindicato dos Metalúrgicos, com sede na cidade de Limeira, e que abrange outro grande naco da indústria da Cidade Azul. De acordo com a assessoria de comunicação, o número de demitidos das empresas do município, até o momento, é o mesmo que nos anos anteriores. O problema, segundo o sindicato, é que não está havendo recontratações, ou seja, antes havia uma rotatividade de empregados que agora não está havendo e o fato pode ter relação direta com o momento crítico por que o país está passando.

O JC ouviu também o diretor do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), Assed Bittar, que atribuiu à situação da economia brasileira – que já atinge Rio Claro – o status de “gravíssima e, a cada dia que passa, fica pior”. De acordo com o diretor, “a insegurança política e moral levou ao descrédito total do governo, que está sem rumo e, infelizmente, a grande maioria dos segmentos industriais está trabalhando com 50% a 60% da capacidade instalada e, o que é pior, ainda não chegamos ao fundo do poço”, apontou.

Assed Bittar ressaltou que o que levou à trágica situação foi um conjunto de fatores que vêm se agravando ao longo dos últimos anos, “tais como: valorização cambial, que acabou com a competitividade das exportações brasileiras e, consequente, aumento das importações; o alto custo Brasil, com a falta de infraestrutura e, no último ano, o absurdo aumento de 84% na conta de energia elétrica, os juros altíssimos e o aumento na já abusiva carga tributária”.

Para Bittar, o cenário não é agradável e, infelizmente, “a tendência é que o índice de desemprego aumente muito antes de termos a solução dos problemas, que acredito somente deve acontecer após as lideranças do País encontrarem, dentro da legalidade jurídica e constitucional, o caminho para a substituição deste governo, que não tem mais condições de governar”, concluiu.

A sua assinatura é fundamental para continuarmos a oferecer informação de qualidade e credibilidade. Apoie o jornalismo do Jornal Cidade. Clique aqui.