Jaime Leitão

Na democracia à moda familiar do presidente Jair Bolsonaro, discordar das suas ideias e das de seus filhos é terminantemente proibido e pode custar cargos de primeiro escalão, como o de ministro, ou em escalões inferiores.

Das seis Pastas que mudaram de comando, a que chamou mais atenção e está provocando ainda muita apreensão é a do Ministério da Defesa, que desde o início do atual governo era comandada pelo general Fernando Azevedo e Silva.

Alinhado ao presidente, bastou uma declaração que não agradou Bolsonaro para tirá-lo sumariamente do cargo. A queda do ministro da Saúde Eduardo Pazuello e do ministro das Relações Exteriores Ernesto Araujo deveria ter acontecido já há muito tempo.

Ambos contribuíram para o agravamento da pandemia por incompetência e total falta de sensibilidade em relação à tragédia que se abate sobre o país, com mais de 300.000 mortes de vítimas da pandemia.

Mesmo que as trocas nessas duas Pastas não resultem em uma melhora rápida e significativa dos números de infecções e mortes e em uma relação pragmática de fato com países que são nossos parceiros comerciais, qualquer mudança é melhor do que manter no governo dois ministros completamente fora do esquadro, que parecem viver em outro planeta ou galáxia.

Volto ao ministro da Defesa e no pedido de demissão dos comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica. O Alto Comando do Exército, representado por 16 generais de 4 estrelas, deu um recado a Bolsonaro que não tolerarão nenhuma tentativa de golpismo e que reagirão se isso acontecer.

Não é de se duvidar que Bolsonaro tente fechar o STF, criando um outro Supremo com  ministros que sigam a sua cartilha cegamente. As instituições democráticas vivem um momento desafiador e delicado. Se não houver por parte da sociedade e dos outros poderes uma vigilância firme e implacável, seremos submetidos de novo a uma ditadura, agora familiar, exatamente 57 anos após a instalação da anterior, tão elogiada pelo presidente.

Bolsonaro quer ministros subservientes, estilo Pazuello, e que obedeçam as suas ordens de quem foi capitão um dia e se considera um supergeneral ou até mesmo um marechal.

A permanência do ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, que age como se fosse ministro da devastação do meio ambiente, ainda é um mistério. O que o mantém à frente dessa Pasta tão importante, depois de falar em “passar a boiada” na floresta”?  Logo mais saberemos. Ou não.

Bolsonaro se acha rei, imperador, caudilho, mas alardeia que é um democrata.

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