O colaborador é cronista, poeta, autor teatral e professor de redação.

Jaime Leitão

Após seis meses de CPI, vem mais do que nunca à tona o Brasil real. A pergunta que se faz é: – os responsáveis por tantos desmandos durante essa pandemia devastadora serão de fato punidos ou blindados por aqueles que têm interesse em manter tudo como está, da pior maneira?

Há alguns meses Bolsonaro, em entrevista a um jornal do exterior, afirmou que no Brasil não há fome. Afirmação absurda, sem vínculo com os fatos.

O presidente é um negacionista em todas as frentes. Minimizou ao máximo a pandemia que já matou mais de 600.000 pessoas, chamando-a de gripezinha. Afirmou em mais de um foro internacional que o Brasil é o país que mais preserva o meio ambiente. Afirmação essa desmentida por medições de satélites de última geração e por cientistas que vêm comprovando com estudos sérios que o Brasil está na contramão dos países que começam a enfrentar as causas do efeito estufa, responsável por eventos extremos, em uma frequência assustadora.

A inflação fora de controle e com a responsabilidade pela mesma sendo atribuída por Bolsonaro a governadores, prefeitos e a uma conjuntura mundial deixa o País em uma situação terrível, penalizando principalmente os mais pobres, que procuram no lixo osso, pele, cartilagens para não morrer de fome.

O Brasil de hoje é o Brasil do atraso, da falta de rumo, de humanidade para tirar os que mais precisam sair dessa condição de humilhados, pedintes, que choram sem ser ouvidos e atendidos pelo Poder Público, que não poderia alijá-los da condição de cidadãos.

Trágico Brasil de trágicos senhores. Há recursos à vontade para políticos aliados gastar em suas bases e garantir a reeleição dos mesmos e do próprio presidente. Não há recursos para atender aqueles que perecem morando nas ruas e implorando por um prato de comida.

O Brasil de hoje está sendo dolorosamente massacrado por uma visão distópica, alienada, daqueles que se sentem acima dos que deveriam ter direito a uma vida com menos sofrimento. O futuro próximo aponta para a recessão. Há luz no fim do túnel? Não há. Ou está queimada ou foi simplesmente apagada por total falta de planejamento e de vontade.

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