Laura Tesseti

Nesta quinta-feira, 1° de junho, a chuva de granizo que atingiu a cidade de Rio Claro completa um ano e os estragos ainda podem ser vistos por vários pontos da cidade. Telhas danificadas, vidros quebrados e até mesmo veículos com as marcas das pedras de gelo.

A partir do evento considerado raro, principalmente no mês de junho, professores do Departamento de Geografia da Unesp de Rio Claro desenvolveram um estudo que aponta diversas consequências físicas e sociais após a chuva um tanto quanto catastrófica. “Primeiramente fomos entender o evento meteorológico, como passou por Rio Claro, a situação do tempo, a intensidade como tudo aconteceu e conseguimos mapear os estragos, através de estudos e muita colaboração da Defesa Civil do município, que atuou nas ocorrências no dia da chuva e depois dela”, explica Anderson Luis Hebling Christofoletti, professor da Unesp de RC.

O estudo ligado ao evento e a repercussão da área urbana mapeou o sistema frontal da chuva, que começou por volta das 12 horas do dia 1° de junho de 2016 no Mato Grosso do Sul. “Esse sistema frontal gerou uma instabilidade na atmosfera e quando chegou na Serra dos Padres, o sistema atmosférico ganhou força e se elevou proporcionando o congelamento das gotículas de água em Rio Claro, a chuva em forma de granizo precipitou quando chegou em Rio Claro. Como a temperatura não estava elevada, marcava 18°C no dia”, explica Thiago Salomão de Azevedo, também professor da universidade. Os geógrafos explicam que em virtude deste fato o granizo, quando precipita não sofre condensação (não derrete), ocasionando, como no ocorrido quedas de pedras de gelo do tamanho de uma bola de golfe.

À esquerda, foto feita no salão social da Hospedaria Emaús em 2016. À direita, foto foi refeita em 2017 e os danos seguem no telhado do prédio

A Hospedaria Emaús foi um dos locais mais danificados. Boa parte foi reformada, mas ainda há o que fazer e a instituição precisa muito de ajuda. Doações em dinheiro podem ser feitas pelo Banco Santander, agência 0059 e conta-corrente 13000709-6. Ou na própria instituição, na Avenida 22, 1.482, no Santana. Inf. (19) 3524-4922.

A chuva de granizo chegou à cidade atingindo a região noroeste do município, onde estão localizados os bairros Boa Vista, Santa Maria, Novo Wenzel e Parque Universitário. A Defesa Civil também confirmou aos estudiosos que esses bairros tiveram o maior número de ocorrências registradas.

Sobre os danos materiais na região urbana, Diego Correa Maia, professor e integrante da equipe que realizou o estudo, conta que 90% dos casos foram de destelhamento. “Reunimos o máximo de informações possíveis para poder realizar esse estudo, analisamos telhas e tudo está baseado nas ocorrências atendidas e registradas pela Defesa Civil de RC.”

No mapa é possível perceber que a área mais afetada foi a região noroeste de Rio Claro, com mais concentração de pontos vermelhos
No mapa é possível perceber que a área mais afetada foi a região noroeste de Rio Claro, com mais concentração de pontos vermelhos

As ocorrências foram catalogadas pela Defesa Civil por endereço, através da planta cadastral do município, estes danos foram georreferenciados e mapeados na área urbana.“A partir disso fizemos uma sobreposição com uma imagem de satélite e conseguimos também descobrir o tipo de telhado que foi mais danificado. Observamos que 80% das telhas era de fibrocimento e também foi possível concluir que predominantemente a população de baixa renda foi a mais afetada pela chuva de granizo”, fala Thiago Salomão de Azevedo.

A análise dessas informações permite que os pesquisadores auxiliem a administração pública como um todo. Contribuem também com o trabalho da Defesa Civil de RC, que é referência no país devido à eficiência do seu trabalho e também mostra que as cidades brasileiras não estão preparadas para situações como esta.

Trabalham no estudo ao lado dos professores da Unesp o aluno de doutorado Pedro Augusto Breda Fontão e o professor Lucas Barbosa e Souza, da Universidade Federal do Tocantins.

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