É na garagem de casa no Centro de Rio Claro que Waldemar Gallo, de 87 anos, guarda uma verdadeira jóia rara: um Chevrolet 1927 – um bisavô com larga vivência de 95 anos de idade. E, se falasse, com certeza teria boas histórias para contar.

O carro possui uma carroceria que mistura aço e madeira nas molduras. O piso da carroceria foi montado em um chassi de aço com alta resistência à torção, deixando o possante de quatro portas bem confortável.

O senhor bom de conversa recebeu o JC nesta semana para mais uma edição histórica do ‘Meu Carro, Meu Xodó’. O empresário contou que sempre gostou de carros antigos, mas que sua paixão como colecionador foi maior por esse modelo, que utiliza um câmbio manual de três marchas à frente e uma ré.

Graças à generosa altura em relação ao solo, dada em grande parte por suas altas rodas, o Chevrolet se comporta em terrenos acidentados como se fosse um campista, um off – road, mas oferecendo conforto aos cinco passageiros ao transitar pelo terreno pavimentado. Suas almofadas macias também contribuem para isso

“Foi vendo as pessoas terem na infância e adolescência tendo carros antigos que eu também tive a vontade de adquirir um como esse. Ele me fascina. É um xodó, literalmente. E estamos falando de  um carro de 95 anos, e que ainda consegue dar tudo de si”, disse ele.

A facilidade com que Gallo dá partida é surpreendente. O motor normalmente pega de primeira. Em marcha, a imagem que se destaca é a de que as mãos do rio-clarense deslizam facilmente nos comandos. Já no volante, nem é preciso esforço para girar. É tudo feito com muita facilidade.

“É muito macio. Ando quase todos os dias com esse meu xodó. Fui quatro vezes para Ajapi almoçar. É sempre uma alegria e uma farra, pois sempre levamos alguns amigos com a gente. Fora que eles [os amigos] sempre querem dirigir. E eu deixo, viu?”, disse.

O empresário conta que para o carro estar tinindo como está, fez as modificações no veículo sem pressa. Trocou quase tudo: o motor retificado, radiador, bomba de água, rolimã das rodas, freio e escapamento. Um charme à parte chama atenção: o estofamento com couro sintético em capitonê. “É preciso ter paciência”, detalhou ele, que também transformou o motor de 6 volts para 12.

Gallo veio para Rio Claro com a família, ainda criança. Trabalhou como tapeceiro durante boa parte da vida até fundar sua empresa, a Gallo Decorações que, já na década de 60, levava beleza e glamour às casas das pessoas. Atualmente, com 60 anos, a loja é referência no ramo no interior paulista.

“Cuidei de toda a minha família, criei e estudei meus filhos: Beto, Liege, e Mariângela, que ajudam no comando da empresa”, comentou o patriarca.

A família também pegou gosto pela paixão. O filho Beto é o que mais gosta, depois, a esposa Conceição. “Comprei o Chevrolet de um amigo meu, por R$ 10 mil. E hoje não tem preço. Meu filho não me deixaria vender. E nem minha esposa. Ela adora apreciar as paisagens da cidade pela janela. Não se encontra um igual com um motor original. É preciso apreciar e curtir”.

De fato, entrar no Chevrolet e sair pelas ruas de Rio Claro provoca uma sensação de voltar ao passado, ainda mais ouvindo histórias das viagens contadas pelo simpático Gallo.

Perguntamos a ele se ainda tem disposição para continuar restaurando carros. Com um olhar de felicidade, respondeu: “Não só tenho, como já estou fazendo isso. Desta vez, um Fusca 74 que já está sendo restaurado. Ainda não decidi a cor. Vou fazer sem pressa, também, tudo o que precisa ser feito para ser um fusquinha bem charmoso. Quando acabar [a reforma], espero vocês aqui”, finalizou já fazendo um convite à reportagem e aos leitores do JC.

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