Carine Corrêa

Dando sequência ao Café JC ‘Segurança’, que reuniu a cúpula de Segurança de Rio Claro em entrevista realizada no Jornal Cidade, nesta edição você confere a segunda parte da entrevista com major Rodrigo Arena, representando o comando da Polícia Militar, Alvaro Santucci Noventa Jr., ex-chefe da Polícia Civil, capitão Carrijo, comandante da Polícia Militar Rodoviária e José Sepúlveda, diretor do GGIM – Gabinete de Gestão Integrada Municipal, que já atuou no comando da Guarda Municipal e como secretário de Segurança de Rio Claro. A primeira parte foi publicada no domingo anterior.

JC – Tendo em vista a incidência de tráfico de drogas na periferia e a legalização das drogas, como avaliam a descriminalização das substâncias ilícitas? O Estado colocando impostos e arrecadando recursos com um problema que pode ser encarado como saúde pública, não seria uma maneira de enfraquecer o tráfico?
Noventa – Não. Eu sou contra. Vai aumentar o número de usuários. Analisando em outros países onde já existe e tentaram colocar essa descriminalização, percebemos que não está surtindo efeito positivo. Alguns até aboliram. O indivíduo que nunca usou vai ter a droga mais fácil. Aumenta-se o índice de criminalidade onde tem essa descriminalização, inclusive envolvendo mulheres como vítimas. O traficante iria ganhar dinheiro da mesma forma.
Carrijo – Qual o objetivo? Acabar com o traficante? Não vai ocorrer. Ele vai continuar traficando, de forma paralela ao Estado, mas vai querer vender. Você autorizando pelo Estado está incentivando as pessoas a fazerem o uso desta substância. E que pode fugir do controle dele.
Arena – Sou contra. Tem que ser mantida a criminalização do tráfico. Não podemos tomar por base a liberação no Uruguai, que tem 4 milhões de pessoas, comparado com o Brasil que tem mais de 200. Se fossem experiências exitosas, já teriam sido copiadas nos EUA, na França, na Inglaterra, na Alemanha, que são países com uma população maior. Não precisamos ir longe para ver qual seria a consequência da liberação, basta ir para a Cracolândia. É só ver o desastre que isso causa. Vemos o problema de saúde pública que é a Cracolândia. Temos o exemplo do cigarro, que por mais que seja liberado ainda existe o comércio clandestino, cigarros que vêm do Paraguai.

JC – Haja vista que Rio Claro historicamente é uma cidade conhecida pela falta de planejamento urbano com a implantação de bairros clandestinos, como enxergam a construção de condomínios habitacionais em regiões sem infraestruturas mínimas adequadas? Isso impactará na segurança?
Noventa – A segurança pública não acompanha esse crescimento populacional. Eu trabalhei em Valinhos no auge da minha carreira. Percebemos que o efetivo antes era maior do que hoje na área da Polícia Civil. Impacta na segurança se não tem um acompanhamento organizado, estruturado, para dar uma resposta à população quanto à segurança.
Carrijo – A cidade quando cresce aproveita a rodovia. Só que a rodovia não foi destinada para escoar o trânsito da cidade. A rodovia é um trânsito rápido e pesado. O trânsito da cidade é uma avenida, que você tem ciclofaixas, semáforo. Se a cidade não observar isso, ela vai colher os frutos no futuro: atropelamento, ciclista disputando espaço com caminhão. Sempre estamos correndo atrás do prejuízo que não foi planejado.
Major Arena – Temos exemplos de edifícios que foram feitos na cidade e que a rua continua com a mesma largura de quando naquele local tinha uma casa. Locais menos beneficiados com estrutura e com menos presença do Estado, as pessoas acabam assumindo o papel.
Sepúlveda – Eu não vou dizer que está 100%. Estamos crescendo pelo setor sul, mas sou a favor quando tem infraestrutura. O Bonsucesso e Novo Wenzel, por exemplo, têm áreas ambientais que jamais poderiam ter sido ocupadas. O município dentro da possibilidade está tomando as providências cabíveis. O que eu vejo que ainda peca bastante é na questão de mobilidade. Exemplo na rotatória da Viviani. No bairro Terra Nova está saindo uma Corumbataí, aproximadamente 4 mil pessoas. O município não pode mais ter um loteamento em locais onde é comprovado que não tenha infraestrutura. O pessoal faz uma creche, faz um posto de saúde, tem um planejamento, só não se planeja a segurança. Ninguém fala que vai ter que aumentar o efetivo porque construiu uma creche e um posto de saúde. Vão cobrar pra ter um guarda e um vigia sem que efetivo tenha sido aumentado. Quando não tem Estado, quem vai formar o cidadão é o traficante.

Café JC pergunta aos entrevistados o que fariam com recursos ilimitados para investir na segurança: O que faria com recursos para investimentos?
Veja as respostas abaixo:

Noventa – A valorização do profissional de segurança. Salário digno. Número adequado de profissionais em cada instituição.

Carrijo – Investimento em tecnologia. Específico em uma central de videomonitoramento para monitorar as entradas e saídas de Rio Claro.

Major Arena – Valorização em seu aspecto mais amplo: remuneratório e capacitação. Em junho fiz contato no CPD (Centro de Processamento de Dados) de usar as câmeras do município para captar os dados, passar pelo sistema do CPD em São Paulo e verificar se o veículo é produto de roubo/furto. Já conversei com secretário de Segurança. Mas o pessoal de São Paulo pediu para procurá-los depois do encerramento das Olimpíadas. Esse sistema foi implantado em Piracicaba e recentemente em Sumaré.

Sepúlveda – Capacitação do servidor. O sistema que usamos hoje lá no GGIM consegue receber essas informações e agregar outras tecnologias. Temos 25 câmeras distribuídas em pontos estratégicos. A maioria está concentrada na área central.

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