IPVA 2020: RC arrecadou R$ 34 milhões em janeiro

O primeiro ciclo de pagamento do Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) de 2020 já terminou. O prazo encerrou-se no último dia 22 e, de acordo com levantamento do Jornal Cidade junto à Secretaria da Fazenda e Planejamento do Governo do Estado de São Paulo, Rio Claro arrecadou no período R$ 34,3 milhões com o tributo. Os dados apontam que, de 1º de dezembro de 2019 a 22 de janeiro de 2020, 28.476 veículos do município tiveram o IPVA pago na cota integral, o que resultou numa arrecadação de R$ 25.095.439,06.

Já outros 22.380 veículos tiveram apenas a primeira parcela do imposto pago por seus proprietários, chegando a um montante de R$ 9.201.182,88. Vale lembrar, porém, que do total arrecadado 50% é destinado ao município e os outros 50% ficam com o Estado. Portanto, o total recebido por Rio Claro foi de R$ 12.547.719,53 do pagamento integral do imposto e R$ 4.600.591,44 do pagamento da 1ª parcela.

Segundo a Secretaria da Fazenda Estadual, a previsão total de arrecadação do IPVA neste ano para o município é de R$ 87.632.400,16, o que representa 108.096 veículos registrados. As cidades com maiores arrecadações do imposto até a data citada no Estado foram São Paulo (R$ 2,1 bilhões), Campinas (R$ 241,2 milhões) e São Bernardo do Campo (R$ 142 milhões).

Estado

Ainda conforme o balanço do primeiro ciclo de pagamentos do IPVA de 2020, até o dia 22 foram arrecadados no Estado R$ 6.329.780.793 (bilhões) referentes a 8.210.981 (milhões) de veículos, cujos proprietários quitaram o tributo à vista, com o benefício de 3% de desconto, ou efetuaram o pagamento da primeira parcela. O valor é cerca de 3,5% maior que o arrecadado em janeiro de 2019. No total, 4.223.292 veículos tiveram o IPVA pago integralmente, com desconto de 3%, resultando R$ 4.676.798.497. A Fazenda também registrou que proprietários de 3.987.689 veículos optaram pelo parcelamento e efetuaram o pagamento da primeira cota do imposto, totalizando R$ 1.652.982.296.

Pagamento

No canal do Jornal Cidade no YouTube você confere um vídeo explicativo de como efetuar o pagamento do IPVA 2020 do seu veículo. Confira o vídeo abaixo:

Grasifs completa 64 anos de história

A Grasifs – Voz do Morro foi fundada em 28 de janeiro de 1956, sob a influência dos movimentos afrodescendentes, como as danças Tambu e Umbigada.

Vinculada inicialmente à Sociedade José do Patrocínio, reunia sambistas natos e quem realmente entendia da festa, como os irmãos Celso e Durval Augusto e Dadá. A partir desse referencial, a Voz do Morro teve incorporado ao nome o título de Faculdade do Samba.

Em 2016, último ano dos desfiles das escolas de samba de Rio Claro, a agremiação sagrou-se campeã do Carnaval. Uma data mais do que especial para a comunidade Vermelha e Branca, pois foi quando levou para a passarela do samba o tema-enredo ‘Nos meus 60 anos, diamantes e presentes pra vocês’.

A escola fez bonito desfilando com quatrocentos componentes divididos entre dez alas e coloriu a Rua 3-A, enchendo de alegria os foliões. Naquele ano, obteve apenas duas notas 9.9, em todas as outras, notas 10. No total, conquistou 179,8 pontos, a escola A Casamba ficou em segundo lugar com 179 pontos, a UVA na terceira colocação com 178,9 e a Samuca, por último, com 178,5 pontos.

Tradicionalmente popular na Capital da Alegria, a Grasifs – Voz do Morro ficou um período afastada do grupo principal, porém alcançou o acesso novamente em 2009, quando foi sagrada vice-campeã.

As coirmãs Unidos da Vila Alemã (UVA) e Samuca parabenizam a escola nas redes sociais pelos 64 anos de história no Carnaval rio-clarense, sendo referência para a festa mais popular do mundo. Desta forma, a Faculdade do Samba segue firme e forte ao longo da história, sempre inovando e representando a comunidade.

Luta trans: desafios e superação marcam a busca pela própria identidade

O estudante de Educação Física, Ricardo Guilherme Tofanelli, 24 anos, se assumiu trans (nasceu biologicamente mulher e transicionou para o gênero masculino) em 2016 e começou o tratamento hormonal naquele mesmo ano. Numa época em que ainda não havia muitas informações e discussões sobre transexualidade, teve que superar desafios e momentos difíceis.

Mesmo tendo se assumido lésbica aos 15 anos, entendia que não tinha atração sexual ou emocional por homens, mas mesmo assim ainda se sentia diferente. Ao contrário das amigas, tinha vergonha do próprio corpo, principalmente em relação aos seios, e ficava feliz ao ser confundida com homens. Mas foi a partir de uma série televisiva que tudo começou a mudar e ficar mais compreensível.

“Comecei a assistir à série ‘The L Word’, que mudou o meu mundo. Em uma das temporadas, apareceu uma personagem que se parecia muito comigo: na forma de se vestir, falar e sentir. No desenvolver da trama, essa personagem se descobre um homem trans, assim como eu sou. Aquilo abriu meus olhos para o mundo e foi, a partir daquele momento, que eu me entendi trans. A aceitação e me assumir vieram anos depois dessa série”, comenta.

Ricardo diz que a maior dificuldade que enfrentou no processo inicial, assim como para a maioria, foi contar para a família. Depois vieram os desafios nos relacionamentos sexuais e profissionais, como encontrar emprego. Por fim, a resistência no meio esportivo e em que gênero competir.

“Pensar em não ser aceito, mais amado ou acolhido pela minha família era algo aterrorizante. Passei por muitos momentos difíceis. Tive depressão e até pensei em não viver mais. Foi aí que o apoio e aceitação da minha família, meus amigos, meu esporte (o Cheerleading), junto com o tratamento psicológico, salvaram a minha vida”, relembra.

“Hoje, sinto-me 100% do homem que eu realmente sou. Não importa o que digam, eu sou muito homem, sim! Só preciso da minha última cirurgia para ficar realizado em todos os quesitos do meu corpo”, diz Ricardo Guilherme Tofanelli

Tanto que sua mãe fez até empréstimo no banco para que realizasse a cirurgia de retirada dos seios. Depois do procedimento, a sua vida ‘decolou’. “A evolução física para mim foi a mais rápida. Fico muito feliz ao me olhar no espelho hoje, embora ainda esteja juntando economias para fazer a última cirurgia de redesignação sexual. Eu sou só alegria e grato por todos”, comenta o jovem.

Falando em superação, Ricardo trabalha, atualmente, em dois lugares que o acolheram e o reconhecem como profissional.

Mulher trans critica a falta de espaço no mercado de trabalho

Natália Martins, mais conhecida como Nat, 47 anos, se assumiu mulher trans aos 18. Vivenciou tempos ruins, superou preconceitos e hoje comemora a importância da visibilidade do tema.

Na sua opinião, a data reflete a luta contra a discriminação e a favor da dignidade e cidadania. “É uma vitória para todas nós. Uma busca por igualdade e respeito. É uma batalha que não é de hoje e que reflete o ideal daquelas que já se foram e não puderam vivenciar isso”, comenta.

No entanto, para ela há ainda muito o que ser conquistado. “O nosso desafio é diário. Hoje em dia, o maior obstáculo é a colocação no mercado de trabalho, ser reconhecida como ser humano como qualquer outro na sociedade. É poder acordar cedo, ir para o trabalho e ganhar o próprio sustento, sem apelar para outros meios”, conclui Nat.

Natália é comerciante e destaca a luta diária das mulheres trans na sociedade (arquivo pessoal)


USF do Guanabara: sem médico e farmácia fechada

A população que necessita dos serviços oferecidos pela Unidade de Saúde da Família do bairro Guanabara não está podendo realizá-los. O motivo é a falta de profissionais na unidade. “Fui até o local e está sem clínico. Na recepção fui informado de que a doutora está afastada por licença-maternidade há três meses e que não há profissional para atendimento. Simplesmente me disseram para aguardar, ninguém me deu nenhum tipo de encaminhamento, muito menos souberam me informar do prazo para normalização. Se era de conhecimento que essa médica iria sair de licença-maternidade, por que não providenciaram uma substituta? É uma questão de organização”, afirma um morador que prefere se manter no anonimato com medo de encontrar mais dificuldade depois para agendamento na área da saúde por conta da denúncia.

Diante dos fatos, a reportagem do Jornal Cidade foi até o local e na porta encontrou o seguinte aviso: “Estamos sem médico por tempo indeterminado. Agradecemos a compreensão”. Outro fato que chamou a atenção foi a farmácia que funciona na unidade também estar com as portas fechadas. Por lá um outro comunicado dizendo que o motivo seriam “Férias”.

“Vim buscar um medicamento e a realidade é essa. Estão pedindo que a gente se dirija até outro local. Tudo bem, estão dando opção e eu vou por conta da necessidade, mas imagina se a moda pega e em todos os lugares quando alguém sai de férias é preciso fechar a porta. São serviços essenciais e que precisam ser mantidos. Férias são agendadas. Cadê a organização?”, relata uma moradora.

O que diz a prefeitura

A reportagem do Jornal Cidade entrou em contato com a Prefeitura Municipal de Rio Claro que, por meio da assessoria de imprensa, enviou a seguinte resposta: “Para que os usuários da Unidade de Saúde da Família do Jardim Guanabara não fiquem sem atendimento devido à licença-maternidade e férias de profissionais, a Fundação Municipal de Saúde realiza atendimentos dessas pessoas na USF Benjamin de Castro, para onde os pacientes da USF Guanabara estão sendo encaminhados para entrega de receitas de medicamentos controlados, leitura de exames e consultas emergenciais. Já para a entrega de remédios, os usuários estão sendo orientados a procurarem as unidades de saúde do Jardim Novo 1 e do Terra Nova. Quem preferir, pode pegar o remédio em qualquer outra unidade. Essas medidas estão sendo adotadas enquanto a prefeitura trabalha para a contratação de 33 médicos e outros profissionais da área de saúde, o que também vai normalizar a situação na USF do Guanabara. A convocação já foi feita e o município aguarda os prazos e tramitações administrativas para que esses profissionais iniciem o trabalho na rede pública municipal de saúde”.

Recado

Aviso na porta da farmácia comunica que o local estará fechado do dia 20/01/2020 até 03/02/2020 por motivo de férias. Indicação é que a população procure as unidades do Palmeiras, Jd. Novo e UBS da 29.

Coronavírus: empresas cancelam viagens de funcionários e aéreas cortam voos

Empresas como Vale, Facebook e Nissan suspenderam as viagens de funcionários brasileiros à China, por causa do medo do contágio de coronavírus. Instituições de ensino, como a Universidade Estadual Paulista (Unesp), também já põem restrições à vinda de intercambistas.

A mineradora Vale suspendeu as viagens de negócios por tempo indeterminado. Os empregados brasileiros que já estão na China trabalham em regime de trabalho remoto. “A Vale segue os protocolos de saúde e segurança estabelecidos pelas autoridades e órgãos do governo chinês e está monitorando os desdobramentos do caso”, informou a empresa, por nota.

O Facebook se tornou a primeira grande empresa dos EUA a suspender as viagens após o alerta do governo americano na segunda-feira, 27. O jornal O Estado de S. Paulo apurou que foram cancelados deslocamentos de todos os funcionários do Facebook para o território chinês. A exemplo do que ocorreu com a Vale, os colaboradores brasileiros que já haviam desembarcado na China foram aconselhados a trabalhar em casa.

Por precaução, a Nissan suspendeu as possíveis viagens corporativas de funcionários no Brasil para o país asiático. Companhias aéreas também estão cancelando voos e ajustando horários não só para a província de Hubei, onde surgiu o novo vírus, mas também para o resto da China. No exterior, a americana United Airlines reduziu voos para o país.

Conforme a Associação Brasileira de Agências de Viagens (ABAV), o impacto nas viagens de brasileiros ao território chinês ainda é pequeno. “Por enquanto, está localizado em agências especializadas em viagens à Ásia. A China ainda é um destino exótico, que não está entre os dez mais procurados pelos brasileiros”, explica Magda Nassar, presidente da ABAV Nacional. “Mas esse não é o momento de ir à China”, aconselha.

Entre as agências especializadas, a China Turismo, com 40 anos de atuação, cancelou as viagens, de lazer e corporativas, nos meses de janeiro e fevereiro. “Estamos seguindo as orientações do governo chinês e devemos retomar as viagens apenas em março ou abril”, diz Sokan Kato Young, diretor da agência.

Universidade

O Instituto Confúcio, da Unesp, que envia estudantes para a China, também teve sua rotina alterada. Dois professores que deveriam voltar por causa de um acordo com a universidade foram aconselhados a permanecer por lá. “Eles chegam como professores visitantes e ficam aqui (no Brasil) por um e dois anos. Quando vence o período, vão embora e outros chegam para ocupar a mesma função. Todo semestre existe essa troca. Precisamos esperar passar”, diz Luiz Antonio Paulino, diretor do Confúcio. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Velo estreia no Benitão com vitória diante do Rio Preto

Pela segunda rodada do Campeonato Paulista da Série A-3, o Velo Clube fez a sua primeira partida diante da torcida no Benitão e recebeu o Rio Preto. Em campo os donos da casa iniciaram com dois bons ataques pelo lado esquerdo mas o grande perigo veio aos três minutos com o Rio Preto que após uma cobrança de falta, em jogada ensaiada, a bola bateu na trave assustando o rubro-verde. O lance deu ânimo para os visitantes que passaram a pressionar deixando o Velo na defensiva. 

A pressão foi até os 23 minutos quando o rubro-verde achou espaço e avançou em campo. Depois da zaga do Rio Preto afastar o perigo da grande área, a bola sobrou para Eurico que de longe, mas de frente para o gol, chutou e fez um golaço no Benitão para a festa da torcida: 1 a 0 Velo.

Eurico comemora o primeiro gol do Velo Clube no Benitão (Foto: Pedrinho Sarti)

A abertura do placar deu mais gás no jogo e ambas as equipes passaram a se revezar no ataque: o Rio Preto tentando o gol de empate e o Velo ampliar. Apesar das tentativas o primeiro tempo terminou nisso mesmo: Velo 1 x 0 Rio Preto.

Na etapa complementar o Rio Preto voltou disposto a buscar a virada na casa do adversário e o Velo teve que se segurar para não ceder o empate. O rubro-verde passou a jogar em alguns poucos contra-ataques o que deixou o técnico Cleber Gaúcho apreensivo na beira do gramado. Mas foi exatamente em um desses contra-ataques que Negueba partiu, deu o passe para Rodney que do canto direito bateu cruzado e balançou a rede fazendo 2 a 0 Velo Clube aos 27 minutos.

O placar deu mais tranquilidade aos donos da casa mas mesmo assim o rubro-verde teve que manter a atenção até o apito final já que o Rio Preto tentou a todo custo diminuir a desvantagem. Placar final : Velo Clube 2 x 0 Rio Preto

**Público: 704 pagantes **Renda: R$ 8.230,00

Novo secretário de Saúde de RC já monitora expediente dos médicos

O novo presidente e secretário da Fundação Municipal de Saúde de Rio Claro, Maurício Monteiro, já está atuando na pasta. Na última semana ele foi nomeado ao cargo pelo prefeito João Teixeira Junior (DEM) após o pedido de exoneração da então secretária Maria Clélia Bauer. Monteiro é servidor de carreira e ocupava cargo de confiança na Vigilância Sanitária. Em entrevista nessa segunda-feira (27) na Rádio Excelsior Jovem Pan News, no Grupo JC de Comunicação, falou sobre o novo desafio na pasta ‘mais difícil de todas’, conforme dito pelo prefeito Juninho.

“Vamos resolver tudo? Com certeza não. Mas as questões mais urgentes já tratamos de priorizar, inclusive na formação de uma nova equipe que tem uma característica técnica muito forte. Não sou do meio político. A intenção é de, de imediato, solucionar os gargalos mais urgentes. Com o andamento [dos trabalhos] essa equipe irá ajustando para solucionar outros problemas para que num prazo relativamente curto consigamos solucionar o que afeta a entrega do serviço de saúde para a população”, declarou.

O secretário reiterou a questão dos altos salários na pasta, que não mais voltarão a ser pagos aos servidores conforme o próprio prefeito Juninho declarou em reportagem publicada no JC de domingo (26). “Não há de se falar em retrocesso nisto que era uma bomba-relógio. Um caminho certo para a falência da Fundação. Havia disparidades muito altas. O objetivo está fechado e é uma decisão tomada de quem não volta atrás. Mas teremos que trazer novamente os médicos à mesa para que entendam que o diálogo está aberto. Quero ouvir deles quais as sugestões e casar isso dentro do melhor interesse público, tanto na questão financeira como na qualidade do serviço, pois havia problemas além da questão dos salários”, acrescenta Monteiro.

O titular da pasta declarou, inclusive, que no último fim de semana monitorou a qualificação na entrega do serviço nas unidades de urgência e emergência do município no que se refere à entrada e saída de médicos e demais servidores. “Precisamos medir a qualidade do que estamos entregando. Não adianta falar que tem um médico e ele não está no lugar. Deve-se ter um compromisso conjunto. Nós entregando o melhor, fazermos um planejamento técnico, criar um ambiente bom de trabalho mas, também, ter interesse da classe médica. O convite está aberto, mas não havendo resposta vamos buscar soluções”, declarou em entrevista ao JC.

Sobe para três o número de casos suspeitos de coronavírus no Brasil

O Ministério da Saúde confirmou mais dois casos suspeitos de coronavírus no Brasil. Com isso, já são três os possíveis registros de infecção pela nova doença em território nacional.

Além do caso já divulgado de Belo Horizonte (MG), estão sendo investigadas suspeitas em Porto Alegre (RS) e em Curitiba (PR), de acordo com informe divulgado na noite desta terça-feira pelo Ministério da Saúde.

De acordo com a pasta, os pacientes se enquadram na classificação por apresentarem sintomas, como febre, tosse e dificuldade de respirar e ter histórico de viagem à China nos últimos 14 dias.

Os pacientes serão monitorados e ficarão isolados até que os resultados dos exames sejam divulgados, o que deve acontecer até o final da semana.

O novo coronavírus já infectou mais 4,5 mil pessoas, das quais 106 morreram. Além da China, 14 países já confirmaram infecções pela doença.

Cresce atuação de grupos evangélicos no Supremo

Mesmo antes da indicação de um ministro “terrivelmente evangélico” para o Supremo Tribunal Federal (STF), como prometeu ano passado o presidente Jair Bolsonaro, setores ligados aos religiosos têm reforçado sua atuação na Corte com o objetivo de garantir que seus interesses sejam defendidos, sobretudo em temas da chamada “pauta de costumes”.

Fundada em 2012 e composta por cerca de 700 membros, a Associação Nacional dos Juristas Evangélicos (Anajure) já entrou no STF com pedidos para acompanhar ao menos 29 ações na condição de “amigo da Corte” (“amicus curiae”, no jargão jurídico). Isso permite a seus advogados apresentar informações complementares e fazerem manifestações sobre os temas que estão em análise.

A entidade monitora de perto ações que discutem descriminalização do aborto, política de ensino sobre “ideologia de gênero” e “orientação sexual” em escolas, e a distribuição de exemplares da Bíblia em bibliotecas. As solicitações para atuar nos processos geralmente são aceitas pelos relatores de cada caso.

“Nossa agenda não é anti-abortista ou anti-LGBT. Somos um segmento evangélico que não quer impor valores, mas sim ter os seus valores da vida, da família e dos direitos humanos respeitados, e não desconstruídos como muitos tentam”, diz o advogado Uziel Santana, presidente da Anajure.

No ano passado, a associação atuou durante o julgamento sobre a homofobia. Havia pressão da frente parlamentar evangélica, que se opunha ao julgamento por temer que o Supremo colocasse limites ao discurso de pastores que condenam a homossexualidade. Os ministros acabaram enquadrando a homofobia e a transfobia como racismo, mas estabeleceram que a repressão contra essas condutas não restringe o exercício de liberdade religiosa, como defendia a Anajure. Ou seja: líderes religiosos podem pregar suas convicções desde que elas não virem discurso de ódio.

Em agosto de 2018, o grupo participou da audiência pública convocada para discutir a descriminalização do aborto, defendendo a tese de que a medida “não é unicamente saúde pública” e “envolve princípios e direitos fundamentais”. O tema ainda não foi levado ao plenário.

O grupo quer ser visto como “conservadores equilibrados”, de acordo com Santana. “A gente pode, democraticamente, participar da esfera pública de qualquer área. Nunca nenhum gabinete deixou de nos atender”, diz o advogado.

Conexões

Nos bastidores do STF, o lobby evangélico é visto como mais incisivo que o de católicos. Isso porque a maioria dos ministros da Corte – inclusive o atual presidente do tribunal, Dias Toffoli, e sua antecessora, Cármen Lúcia – é católica e possui conexões com integrantes da Igreja, o que facilita acesso aos gabinetes, apontam interlocutores dos magistrados. No caso dos evangélicos, não haveria a mesma proximidade, pelo menos por enquanto.

Para o ministro Marco Aurélio Mello, entidades como a Anajure têm o direito de pedir para se manifestar nos processos, mas ele observa que o Estado não está submetido à vontade de segmentos religiosos. “Nós atuamos segundo a Constituição, e desvinculados de qualquer religião, embora haja um crucifixo no plenário. O Judiciário é laico, e evidentemente isso (a religião) não tem qualquer peso para nós”, afirma Marco Aurélio, que se considera um “católico não praticante”.

Em 2004, o ministro provocou polêmica ao negar pedido da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) de ser incluída como “amigo da Corte” no caso que discutia o aborto de fetos anencéfalos. “O relator poderá admitir terceiros, mas tem de haver pertinência temática. Tem de averiguar caso a caso”, afirma.

Em novembro, com a aposentadoria compulsória de Celso de Mello, Bolsonaro poderá fazer a sua primeira indicação para a Corte. Entre setores evangélicos, que representam 30% da população brasileira, há a expectativa que alguém ligado à religião seja indicado. “A Anajure representa o preparo do segmento evangélico, exercendo a atividade de representar o nosso pensamento no sistema judiciário”, afirmou o líder da bancada evangélica, deputado Silas Câmara (Republicanos-AM).

Discussões

Segundo o professor de direito da Unifesp Renan Quinalha, os evangélicos se organizaram inicialmente com foco no Congresso. Agora, voltam suas atenções para o STF, que se tornou epicentro das discussões políticas nacionais. “É um grupo que busca alianças, articula seus interesses e tem uma estratégia muito clara.”

O diretor-presidente do Grupo de Advogados pela Diversidade Sexual e de Gênero, Paulo Iotti, por sua vez, diz acreditar que “faz parte da democracia” as movimentações de grupos de interesse no STF. “O Supremo não pode decidir com base na religião, mas, nesse contexto, é legítimo que as entidades religiosas façam isso (pressão em julgamentos), da mesmíssima forma que nós fazemos pelo movimento LGBTI+. que movimentos sociais fazem.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Jornal Cidade RC
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