Rio Claro teve dois casos de feminicídio neste ano. Programa Maria da Penha, da Guarda Civil Municipal, mantém proteção ativa para as mulheres
Rio Claro teve dois casos de feminicídio neste ano. Patrulha Maria da Penha, da Guarda Civil Municipal, mantém proteção ativa para as mulheres
Os recentes casos de violência contra a mulher evidenciam o ataque misógino que as cidadãs têm sofrido por criminosos em Rio Claro e região. Na cidade, no último dia 5 de dezembro, uma idosa de 71 anos, Celina Aparecida Bortolin do Nascimento, morreu após ter sido agredida com cortes de faca e queimaduras ocasionadas por um incêndio provocado pelo próprio marido, onde teve 100% do corpo queimado. Ele também acabou morrendo. Este foi o segundo feminicídio do ano.
No dia 2, Tatiana Corrêa dos Santos, de 38 anos, foi assassinada pelo companheiro com quem vivia há poucas semanas no Jardim Eldorado, em Cordeirópolis. Ela foi encontrada já sem vida com perfurações a faca no tórax. O autor, companheiro da vítima, foi preso pela Polícia Militar. Ele apresentava comportamento agressivo e estava com a faca usada no feminicídio.
Guarda Civil Municipal
Ligue 153 ou 0800-771-1532
Polícia Militar
Ligue 190
Central Nacional de Atendimento à Mulher
Ligue 180 ou WhatsApp
(61) 9610-0180
Andressa Nenuncio, de 39 anos, morreu após ser esfaqueada pelo companheiro, de 50 anos, no dia 8 de dezembro, em Limeira. O crime ocorreu dentro de um veículo depois de uma discussão motivada por ciúmes. A vítima sofreu mais de dez perfurações no pescoço, tórax e costas, provocadas por um canivete.
Ainda em Rio Claro, o primeiro feminicídio foi registrado no dia 22 de julho onde Bruna Rafaela Rocha Felix, de 24 anos, foi brutalmente assassinada em uma viela entre as ruas 13-MP e 14-MP, no bairro Parque Mãe Preta, em Rio Claro. A Polícia Militar foi acionada por uma testemunha e encontrou a vítima já sem vida no local.
De acordo com a Polícia Civil, Bruna apresentava diversos ferimentos nas costas, pescoço e braços, o que indica tentativa de defesa. O autor, 23 anos, foi o ex-namorado que confessou o crime por não aceitar que a vítima estava em um novo relacionamento.
Violência doméstica
Levantamento do Jornal Cidade junto à Guarda Civil Municipal aponta que em 2025 a Patrulha Maria Da Penha realizou cerca de 900 atendimentos de ocorrências, dessas 295 foram relativas à violência doméstica e violência de gênero. Segundo as estatísticas da corporação, a grande maioria das vítimas em algum momento do relacionamento já passou pela violência psicológica.
“Infelizmente nem todas conseguem identificar esse tipo de violência, e quando a violência passa a ser física é o momento onde elas pedem ajuda. A violência patrimonial identificamos principalmente com as vítimas idosas, porém, como com as demais vítimas, somente quando a agressão passa a ser física é que elas pedem ajuda”, explica a GCM Luciana, responsável pela patrulha.
No que diz respeito aos procedimentos adotados pela GCM no atendimento a esses tipos de casos de violência doméstica, preferencialmente os mesmos são encaminhados à viatura da Patrulha Maria da Penha, porém, a viatura operacional que estiver mais próxima da ocorrência é quem faz o atendimento.
Quando é concedido uma medida protetiva à vítima, a restrição é encaminhada pelo Anexo da Violência Doméstica do Fórum local para que a corporação acompanhe e dê as orientações necessárias para garantir que a vítima permaneça em segurança.
A Patrulha Maria da Penha realiza diariamente contato com as vítimas, onde são informados os telefones da GCM, explicado como se procede o cadastro no APP ANA, sobre a existência da Sala Lilás para orientação, acolhimento, cadastro do APP ANA, além de esclarecimentos das dúvidas que a vítima possa ter.
Programa Patrulha Maria da Penha
O trabalho da Patrulha Maria da Penha da Guarda Civil Municipal de Rio Claro está amparado pela Lei Municipal nº 5.099, de 25/09/2017. Esse trabalho é destinado ao atendimento das vítimas de violência doméstica, desde o primeiro atendimento, no ato da violência, até o acompanhamento, quando as vítimas já registraram a denúncia solicitando a Medida Protetiva, e esta lhes foi concedida. Diariamente é realizado contato com as vítimas através do telefone ou presencialmente.
Quando iniciado o trabalho do programa, em 2018, quarenta vítimas foram cadastradas pela GCM. E esse número têm aumentado a cada ano, o que reflete, para além dos casos de violência crescentes, também o fato da segurança que o trabalho da patrulha proporciona às vítimas, que se sentem encorajada a denunciar seus agressores.
Prova disso foi que no ano seguinte já eram 302 vítimas cadastradas pelo programa de proteção às mulheres da GCM. O número tem sido crescente: em 2020 foram cadastradas 353 vítimas, em 2021: 364; em 2022: 374; em 2023: 429; em 2024: 503; e agora em 2025, até o último dia 16 de dezembro, 523 vítimas de violência registradas nas ocorrências da cidade de Rio Claro neste ano.
De acordo com o secretário municipal de Segurança, Thalison Mendes, “a Patrulha Maria da Penha da GCM de Rio Claro é referência no Brasil no combate à violência contra mulheres. Possui atendimento especializado e humanizado, sendo um ponto de apoio e segurança para as vítimas. Os números só reforçam esse trabalho, que será cada vez mais ampliado”, complementa.
Além do atendimento às vítimas, a Patrulha Maria da Penha também realiza palestras a público diversos, como escolas estaduais, postos de saúde, empresas e eventos levando o tema violência doméstica a diversos pontos da cidade, com o objetivo de esclarecer o que é violência contra a mulher e os meios de combatê-la.