A barragem estadual em Ipeúna estava prevista para ser construída na confluência entre os Rios Passa-Cinco e Cabeça, como parte do programa “Água é Vida”. Foto: Arquivo JC
MP confirma suspensão da obra em área de patrimônio arqueológico; pesquisador defende solução coletiva para crise hídrica, mas alerta: ‘Critério não pode ser só econômico’
Uma nova informação divulgada neste mês comprova que o projeto da barragem regional em Ipeúna está devidamente “engavetado” pelo Governo de São Paulo. A ideia de represar a água dos rios Passa Cinco e Cabeça na área considerada como um patrimônio arqueológico ganhou apoio de algumas prefeituras da região no início de 2022, como a de Piracicaba, que em tese seria a cidades mais beneficiada, mas também provocou questionamentos de lideranças do setor ambiental. Na época presidente do Conselho Municipal do Meio Ambiente de Rio Claro, Alexandre Perinotto encaminhou a análise técnica e crítica à Promotoria de Justiça na época.
Com a mudança no comando no Palácio dos Bandeirantes, porém, o projeto perdeu força imediatamente, a começar pelo argumento da falta de recursos. Agora, neste mês, a resposta do Ministério Público a Perinotto é de que o projeto foi suspenso pelo governo estadual. O docente e pesquisador faz questão de frisar que defende o armazenamento da água, junto com outras medidas do uso racional, como combate às perdas, que hoje estão na preocupante casa dos 40% em Rio Claro. “A escassez é certa. Porém, temos que pensar em termos coletivos, em termos de bacia hidrográfica e não município cada um por si. No caso, estamos na bacia hidrográfica do rio Corumbataí (com seus principais afluentes: Cabeça, Passa Cinco e Ribeirão Claro). Porém para esta reservação, os critérios não devem ser meramente econômicos (ou seja: onde se produz mais por menor custo). Existem outros fatores essenciais, que estão ligados aos impactos que uma barragem pode causar. Temos locais no território da bacia hidrográfica do Corumbataí em que esse empreendimento pode custar um tanto a mais que em outros, mas que causariam menor impacto no patrimônio natural, histórico e cultural”.