Modelo 1986, vermelho, foi comprado após longa busca via internet, e vem sendo reformado com capricho, para fazer jus ao significado que tem na vida de seu dono

A procura foi longa, mas após anos de buscas, em 2020 o engenheiro mecânico de motores aeronáuticos Bruno Scotton de Carvalho finalmente achou um carro para reformar, sozinho: um Volkswagen Voyage 1986 Plus. O modelo foi achado em Americana (SP), após muita pesquisa na internet.

Ele, que tem 28 anos, se encantou ainda mais pelo veículo depois de saber que,  quando solteiro, seu pai possuía um desses. E que é justamente por isso que ele nasceu.

“Me contaram que semana antes de meu pai conhecer minha mãe, ele havia marcado de sair com uma amiga. Porém, ao dar a partida no Voyage, a correia estourou, ainda dentro da garagem. Meu pai não pôde comparecer ao compromisso. Uma semana depois, com o carro já arrumado, em uma viagem para a praia, conheceu minha mãe. E, o ‘resultado’ final dessa história está aqui, contando sobre um carro antigo para este repórter”, explicou sorrindo.

Voltando para o modelo de cor vermelha do jovem, ele foi comprado pelo cunhado de um amigo em 1994, com baixíssima quilometragem. Depois disso, passou para um outro amigo, que ficou com o carro por alguns meses e vendeu para um terceiro, que usou até o começo de 2021. Foi em 7 de janeiro daquele ano que o engenheiro foi dar uma espiada no possante e se encantou.

“O carro tinha 139 mil km originais e motor standard. Alguns podem até dizer que é uma quilometragem elevada, pois os 100 mil são assustadores quando alguém procura um veículo usado para compra nos dias de hoje. No entanto, não para um Voyage senhorzinho de 35 anos (na época). Isso não era nada”, explicou ele.

  No dia seguinte, comprou o Voyage e o trouxe para Rio Claro. Foi no caminho que escolheu dar o veículo o nome de Horácio. Ao JC, o engenheiro disse que o carro estava praticamente original. Com exceção das rodas de liga leve, que equipavam os clássicos Gol GT de 1986.

Bruno começou então a fazer as modificações que desejava. “Logo que peguei [o carro] eu troquei o comando de válvulas. E como a intenção era a instalação de um turbocompressor, instalei o comando 49G e troquei o carburador mini progressivo para um 2E. Após um tempo andando com o veículo original, comecei a comprar as peças para a modificação do meu jeito”, contou.

O engenheiro comprou, de início, o chamado o ‘kit turbo padaria’, como é popularmente denominado por se tratar do básico do básico no quesito acessório. Depois, foi aos poucos adquirindo o restante como: fiação, sonda wideband nano, kit de pistões,  prisioneiros de cabeçote forjados e periféricos do motor.

“A ideia do meu projeto foi sempre manter o carro o mais original possível, aparentando ser antigo e original, mas na verdade esconde algumas modificações para melhorar a performance. O objetivo nunca foi o de ter o carro mais forte do mundo, e sim uma tela em branco para eu poder executar do meu jeito, aos poucos. Um hobby, uma vez que ele não é meu carro de uso do dia a dia, e sim o meu brinquedo”.

A primeira parte do projeto foi feita na cidade de Ipeúna, na antiga oficina de seu bisavô, cenário para a gravação desta edição do ‘Meu Carro, Meu Xodó’. Ele disse à reportagem que as pessoas mais velhas da cidade sempre levavam seus veículos para o local, na década de 80.

“Fiz o motor. E quando estava no cofre e já instalado, coloquei o carro em um guincho e mandei para Campinas, no hangar onde meu escritório fica situado. Lá, montei uma mini oficina para finalizar o projeto, após o horário do expediente. Saía de lá de madrugada, mas o prazer era esse: montar com calma e muito cuidado”, disse.

Foi em 16 de agosto do ano passado que a reforma idealizada por Bruno ficou pronta e totalmente feita por suas próprias mãos. Até a data de hoje, o motor nunca apresentou nenhum problema, coisa que orgulha o engenheiro, que já pensa em mais um capítulo dessa história.

“Vem aí uma nova etapa do projeto. Eu quero remover o carburador e instalar uma injeção eletrônica programável, para melhor acerto do motor e, consequentemente, extração de mais potência e um pouco mais de economia de combustível”, finalizou.

Foto: Vanessa Silva/ Estúdio Aquarella
Foto: Vanessa Silva/ Estúdio Aquarella
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Foto: Vanessa Silva/ Estúdio Aquarella
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Foto: Vanessa Silva/ Estúdio Aquarella

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