Aposentada Valéria de Campo Silva ostenta pelas ruas de Rio Claro o Fusca 1969 vermelho, que já ilustrou capa de livro e é sensação por onde passa

A paixão por carros antigos começou desde criança para a funcionária pública, recém-aposentada, Valéria Mangiapane de Campo Silva, de  55 anos. Tanto é que, ainda bebê, deixou a maternidade dentro de um DKW-Vemag Vemaguet. Mas até ela ter um modelo antigo para chamar de seu, demorou muitos anos.

Ela contou ao JC que as memórias de infância estão ligadas a diversos modelos que seu pai tinha na garagem de casa, em São Caetano do Sul (SP). “Italiano legítimo, [meu pai], além de gostar de um bom prato de massa, colecionava carros antigos, como DKV, Mercedes 1959, Opala (quatro portas), Alfa Romeo Giulia, Fusca 80, entre outros. Convivi com tudo isso e achava o máximo”, afirmou Valéria.

Ainda na casa do pai, ela comentou que ele comprou um Fusca 1967, vermelho, de um amigo. O carro estava caindo aos pedaços, mas isso não foi um problema para o colecionador. “[Meu pai] reformou e minha irmã mais velha começou a usá-lo. Para mim era uma aventura andar no bagageiro”, relembrou.

O início do sonho de um sonho

Segundo Valéria, mesmo adulta, a paixão pelos carros antigos não arrefeceu, mas o sonho de ter um para si ficou adormecido, enquanto ela se dedicava ao trabalho e à família. Foi quando procurava uma ideia para fazer uma tatuagem, em 2018, que viu a foto de um Fusca e se decidiu. “Meu sobrinho tatuador fez para mim, no tornozelo esquerdo. Acho que aí já foi plantada uma sementinha para ter um”, falou.

Valéria relatou ao JC que foi seu filho Gabriel quem soube de um Fusca que estava à venda. “Ele estava em um pesqueiro e encontrou um amigo do meu marido. [Meu filho] escutou ele comentando com outra pessoa se conhecia alguém que queria comprar um Fusca. Ainda no pesqueiro, meu filho ligou para o meu marido. Não sosseguei até ele falar com o rapaz. Marcamos para conhecer o Fusca e, quando o vi na garagem, me arrepiei inteira e mentalmente eu disse ‘quero esse Fusca pra mim’. Foi um namoro de quase dois meses até se concretizar a compra”, afirmou.

Orgulhosa, a aposentada descreveu o carro dos sonhos, um Fusca 1969, vermelho, com motor 1.300 cilindradas: “é um carro lindo, mas para um colecionador, ele teria que ter mais originalidade. Os vidros são inteiros sem o quebra-vento, os para-choques eram lâminas, as setas estavam dentro dos faróis. O estofado estava impecável, o volante é um cálice, e abaixo do painel tem um porta-objetos em bambu, além de ter pneus de Porsche.”

Ainda assim, Valéria fez algumas modificações. Ela trocou os dois retrovisores laterais, colocou setas nos para-lamas, para-choque ‘bananinha’, frisos laterais e sobre o porta-malas, além do acabamento nos para-lamas em alumínio. “Confesso que por onde eu passo, ele faz o maior sucesso, entre crianças e adultos. Já me fizeram várias propostas, mas vendê-lo está fora de cogitação”, enfatizou.

Da estrada à capa de livro

Valéria também é escritora. Em novembro de 2021, lançou o primeiro livro de poesias e contos cotidianos, chamado ‘O Tempo Não Espera Ninguém’. E, claro, o Fusca dos sonhos foi o escolhido para ilustrar a capa da obra. “A foto foi tirada na Avenida da Saudade, um dos lugares mais belos de Rio Claro. A imagem original está nas páginas de dentro do livro e [para] a capa, foi transformada em desenho”, explicou.

Valéria não sabe se os filhos Gabriel e Giovana darão continuidade à sua paixão por carros antigos. O que ela sabe é que o Fusca tem outro admirador especial: o Manjericão, o buldogue francês tutorado por ela. 

“Ele tem seu lugar predileto no Fusca”, contou. Ela também sabe mais uma coisa: se perguntarem se ela tem outro desejo, a resposta já está na ponta da língua: ‘quero mais um Fusca’”.

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