Fabíola Cunha

Da esquerda para a direita: João Ubaldo Ribeiro, Rubem Alves e Ariano Suassuna
Da esquerda para a direita: João Ubaldo Ribeiro, Rubem Alves e Ariano Suassuna

Em menos de um mês, quatro nomes da literatura nacional se foram. Deixam obra extensa, variada, que conta e (re)pensa a história do país e do ser humano. As obras permanecem, mas é correto tentar encontrar substitutos na geração que poderia ser neta de Ariano Suassuna, João Ubaldo Ribeiro, Ivan Junqueira e Rubem Alves?

Para o professor e escritor Jaime Leitão, “ao contrário de funcionários em uma empresa, os escritores e os artistas em geral são insubstituíveis, ainda mais esses que nos deixaram este mês, tão singulares”.

Já o poeta e escritor Lucas Puntel Carrasco acredita que, embora insubstituíveis, esses autores são formadores das novas gerações de escritores brasileiros. Entre os nomes jovens que destaca, estão Daniel Galera na prosa, Juliana Bernardo na poesia e Antonio Prata na crônica: “Todos me inspiram a continuar escrevendo. E são autores jovens, da minha geração. Acho que ser relevante é isto: inspirar as outras pessoas”, diz.

É de se esperar que essa inspiração, para crianças e adolescentes que já nascem com tablets e smartphones na mão, seja difícil de surgir, mas para a consultora e escritora Sandra Baldessin, oferecer os livros é o primeiro passo: “Histórias são objetos altamente sedutores, quando alguém é cativado por elas, a atração dura a vida inteira. O problema é que olhamos para o livro de literatura como um objeto utilitário, e enquanto objetos utilitários, como o tablet e o smartphone, são mais atraentes”, avalia.

Carrasco cita a experiência positiva vivida com o filho de 9 anos: “Lemos juntos em casa, no ônibus ou em lugares públicos. Eu com meus livros e gibis, ele com os livros e gibis dele, mas muitas vezes lemos as mesmas coisas” , exemplifica.

Todo escritor é antes de tudo um ávido leitor, e os quatro autores que nos deixaram neste mês, embora diferentes em forma e estilo, deixam lição também para quem quer escrever.

Para Carrasco, é preciso libertar-se da expectativa do que outros vão achar: “Escreva sem pensar, sem se preocupar com o resultado. Apenas escreva”. Sandra aponta a necessidade de disciplina aliada à sensibilidade: “Um olhar atento à realidade, mas sem perder a magia oculta por trás de cada coisa aparentemente banal – o famoso mirandum, a capacidade de enxergar o inédito no banal”, explica. Já Leitão enxerga a inovação como legado: “É importante buscar novos caminhos sempre, com criatividade, sem copiar o que está pronto e estabelecido”.

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