“Diante da baixa significativa nos estoques dos bancos de sangue, criamos, em 2014, o Junho Vermelho, para alertar a sociedade sobre a importância e conscientizar o maior número de pessoas a doar frequentemente”, declara Debi Aronis, fundadora do Movimento Eu Dou Sangue.

Segundo pesquisa realizada, em 2017, pelo Movimento, em parceria com o Instituto Datafolha, cerca de 92% dos brasileiros disseram não ter doado sangue entre junho de 2016 e junho de 2017. Ainda de acordo com o levantamento, além do recesso e do clima mais frio, feriados e dias chuvosos também impactam negativamente os hemocentros, que costumam registrar queda de 30% em seus estoques no período.

“Somente aqueles que enfrentam uma dificuldade e precisam da doação para que familiares ou amigos possam sobreviver sabem a importância desse ato. Nossa ideia de criar o Junho Vermelho veio justamente depois de ver meu pai precisando de sangue devido a uma doença muito delicada. É um pequeno gesto, individual e gratuito, mas com consequências expressivas”, relata Debi.

Os dados, também, mostraram que 39% dos brasileiros admitem não saber qual é seu tipo de sangue. O estudo, que ouviu 2.771 entrevistados em todo o país, mostrou que o desconhecimento é maior entre os homens (44%) que entre as mulheres (35%). Assim como a maioria dos jovens (52%), na faixa dos 16 aos 24 anos, também desconhecem esse aspecto de seu próprio corpo.

Por que no mês de junho?

O mês, que tem baixas temperaturas, aumento na incidência de infecções respiratórias, temporada de provas em universidades e escolas e marca o início das férias escolares, costuma registrar quedas significativas nos estoques dos bancos de sangue, públicos e privados.

O fato de as pessoas estarem menos propensas a sair de casa não diminui, e por vezes até aumenta, a rotina dos hospitais que atendem desde vítimas de acidentes de trânsito e da violência urbana até os portadores de doenças que requerem transfusões sanguíneas com frequência, como câncer, anemia falciforme e outras patologias, incluindo os procedimentos cirúrgicos de alta complexidade, como transplantes e cirurgias cardíacas.

“É importante ressaltar que a demanda de sangue permanece inalterada, apesar da redução da oferta nos estoques dos hemocentros”, afirma Debi.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que cada país tenha entre 3% e 5% de sua população doadora de sangue frequente. No Brasil, o índice fica em 1,8%, enquanto em alguns países da Europa, cerca de 7%.

A sua assinatura é fundamental para continuarmos a oferecer informação de qualidade e credibilidade. Apoie o jornalismo do Jornal Cidade. Clique aqui.