Os atores Colin Firth e Geoffrey Rush em cena do filme O Discurso do Rei (2010) que aborda a gagueira do rei George VI da Inglaterra. O distúrbio foi superado com ajuda profissional

Ednéia Silva

Para muitos motivo de chacota, mas para quem vive o problema a gagueira é uma barreira quase intransponível para a comunicação. O problema não é restrito a um pequeno grupo. Cerca de 5% da população mundial sofre de gagueira. No Brasil, aproximadamente 10 milhões de pessoas são vítimas do distúrbio. Para alertar as pessoas sobre o assunto, foi criado em 1998 o Dia Internacional da Atenção à Gagueira (DIAG), comemorado nesta quinta-feira, dia 22 de outubro.

A gagueira é um distúrbio na temporalização da fala que afeta a fluência e a comunicação. Para a maioria das pessoas é fácil ligar sons, sílabas, palavras e frases e se comunicar. Para os gagos, essa tarefa é trabalhosa e essa ligação não acontece de forma espontânea. Alguns sons demoram mais para serem produzidos e a fala não flui.

A fonoaudióloga Cláudia Regina Furquim de Andrade, professora do curso de Fonoaudiologia da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo) explica que a gagueira é uma patologia do processamento motor da fala de origem genética. Isso significa que algumas famílias têm gagos e outras não.

Os atores Colin Firth e Geoffrey Rush em cena do filme O Discurso do Rei (2010) que aborda a gagueira do rei George VI da Inglaterra. O distúrbio foi superado com ajuda profissional
Os atores Colin Firth e Geoffrey Rush em cena do filme O Discurso do Rei (2010) que aborda a gagueira do rei George VI da Inglaterra. O distúrbio foi superado com ajuda profissional

A fonoaudióloga explica que a gagueira geralmente aparece junto com a aquisição e o desenvolvimento da linguagem, quando a criança começa a formar frases e as estruturas linguísticas complexas. Ela comenta que os profissionais da medicina não estão preparados para tratar do distúrbio. Segundo ela, quase sempre a mãe vai ao médico com a criança e ele manda esperar porque vai passar. Mas isso não é verdade. “Se a criança tiver gagueira na família, a probabilidade do distúrbio passar é quase nenhuma. A tendência é a patologia se tornar crônica”, afirma.

No entanto, ela comenta que existem crianças gagas que se recuperam sozinhas porque o cérebro amadurece e os padrões motores se organizam. “De quatro crianças gagas, uma vai se tornar crônica, que pode ser leve, moderada ou grave.” A professora observa que a gagueira se manifesta em falas espontâneas. Em situações de fala automática a gagueira não acontece. Por exemplo, na contagem de 1 ao 10, nas falas em coro com outras pessoas porque ela aproveita o ritmo do colega. O gago também não gagueja quando canta porque a letra e o ritmo já estão prontos e não precisam ser processados, apenas ser interpretados.

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