Dona Sidneia Franceschini era a proprietária do Fiat Oggi CS, 1983, na cor verde, que rodou com a família por praticamente 20 anos. “Foi nele que vivi parte da minha infância”, garante o neto Henrique Fornazari Lambert, de 18 anos. Fora as idas ao Centro de Rio Claro, foi naquele veículo em que as idas a consultas com o médico sempre se tornaram mais leves, colecionando memórias e uma linda história de amizade entre uma avó e seu neto.

Quando dona Neia  faleceu, em agosto de 2020, o carro ficou parado na garagem, até a família fazer o inventário. A mãe e os tios de Henrique permitiram que ele ficasse com o Fiat. O rio-clarense tirou habilitação e, finalmente, encontrou uma garagem de confiança para revitalizar o modelo.

Se estivesse viva hoje, a vovó teria completado 77 anos. Henrique sonhava em dirigir a relíquia que ganhou de presente e contou ao JC essa semana que até Deus o permitir, irá cuidar do carro, justamente pelo valor sentimental que tem. “Sinto a presença dela quando entro nele. Sei que ela está me protegendo”, comenta emocionado.

O modelo desta edição do ‘Meu Carro, Meu Xodó’ chegou ao Brasil com uma difícil missão, a de enfrentar o Chevrolet Chevette e o VW Voyage, com o maior porta-malas da categoria e o motor mais econômico, que acabou cumprindo o seu papel.

No segundo ano de produção atingiu seu maior pico de vendas com a versão Fiat Oggi CS 1984. Em 1985, com a chegada do moderno Fiat Prêmio, sua saga chegou ao fim. Mesmo assim, por alguns meses ambos os modelos dividiram as concessionárias Fiat em todo o Brasil.

Voltando à genuína história de amizade  e amor dos nossos personagens, o estudante de agronomia relembra um momento marcante desse elo entre neto e avó. “Um dia, fomos à praça. E, depois, paramos no supermercado. Ela comprou para mim um salgadinho e, dentro do pacote, vinha um adesivo de um emoji”, lembra ele, referindo-se aos icônicos ‘tazos’ de uma famosa marca de salgados. “Peguei e coloquei no canto superior direito do para-brisa, e toda vez que andava no carro, tinha o prazer de ver esse adesivo”, acrescenta.

O estudante fala que o valor sentimental do veículo é tamanho que, desde pequeno, fazia brincadeiras falando para a avó que queria levar o carro para casa. E ela, mesmo debilitada, respondia. “É só você me dar uns quatro mil reais que ele é seu. E caía no riso”, recorda ele.

Mãos na graxa

Revitalizar um automóvel de quase 40 anos tem várias implicações. Em Rio Claro, quem assumiu essa missão foi a Ganardi Garage, que tem como proprietário Luis Gustavo Gandolpho, de 33 anos. Ele falou sobre o projeto.

“Não é só sobre os carros. É sobre uma história de família. Abraçamos o projeto e decidimos ir além. Fizemos coisas que nem estavam planejadas. Por nossa conta mesmo”, fala o empresário.

Por se tratar de um veículo que está há muito tempo parado, Gustavo teve vários desafios. “Fizemos polimento, higienização, limpezas de motor E chassi, para remover o que estava no carro. Tudo isso acelera o desgaste das borrachas e de todas as peças”, explica.

O que encantou ainda mais a equipe é que o Oggi mantém em sua estrutura quase todas as peças originais. “O trabalho foi bem minucioso, para respeitar tudo. Deu uma rejuvenescida. O resultado ficou encantador. Para nós é um prazer imenso poder participar desse projeto. Os carros nos ligam às histórias e às pessoas. E isso é magnífico”, finaliza.

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