Adriel Arvolea

A realidade de adolescentes que trabalham aplicando formicida em áreas de reflorestamento, em condições sub-humanas, ganhará as telas dos cinemas. Numa parceria Brasil – França, o cineasta rio-clarense João Paulo Miranda Maria, novamente, está sob os olhares da arte mundial, dirigindo o curta-metragem ‘Meninas Formicida’.

O filme rodado em Rio Claro, protagonizado por Amanda Araújo, atriz do Grupo de Artes Cênicas Tempero D’Alma, evidencia um problema social que ocorre em vários estados brasileiros. “O termo ‘meninas-formicida’ refere-se a crianças e adolescentes que trabalham para empresas madeireiras, aplicando formicida nas áreas de eucalipto. Além da questão social, o filme, também, faz analogia ao problema que a personagem vive interiormente, e que será surpresa para quem assistir ao filme”, explica o diretor.

A expressão ‘meninas-formicida’ refere-se a crianças e adolescentes que trabalham para empresas madeireiras, aplicando formicida nas áreas de eucalipto (Fotos: Larissa Morari)

Esta é a primeira experiência de João Paulo com orçamento profissional voltado exclusivamente para produção, por meio da parceria com a produtora francesa Les Valseurs, canal Arte e CNC (Centre National du Cinéma). Em outros anos, seus trabalhos receberam apoios governamentais para fins de formação e cunho social. Produzido em Rio Claro pelas equipes do Kino-Olho e da Les Valseurs, agora, o filme está sendo finalizado na França. “Toda a pós-edição, correção de cor e mixagem de som estão sendo feitas em Paris. Até o fim de janeiro devemos concluir pós-produção e finalizar o filme”, adianta.

A ideia é estrear o filme num festival mundial. Isso dependerá da inscrição e seleção para os eventos, por isso não há data definida para exibição. “Assim que finalizado, iremos submetê-lo a grandes festivais internacionais. O canal francês Arte vai exibi-lo primeiramente, pois adquiriu os direitos. Só depois iremos apresentá-lo no Brasil, em festivais nacionais. Quero, também, fazer exibição pública em Rio Claro. Para nós é uma grande conquista, é a valorização internacional do nosso trabalho”, avalia.

Mas, de onde vêm as inspirações do cineasta? “É o olhar do cinema caipira, baseado nos personagens rústicos e simples que vemos no cotidiano. A partir disso, é uma autoavaliação e autocrítica do conservadorismo que vivemos no interior. É uma grande inspiração para o lado artístico e não apenas no enredo das produções”, conclui.

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