O Governo do Estado de São Paulo, por meio do laboratório estratégico do Instituto Adolfo Lutz, fez o primeiro sequenciamento genético do novo coronavírus (COVID-19) da América Latina e está entre os pioneiros do mundo. A iniciativa foi feita em conjunto com o Instituto de Medicina Tropical da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e com a Universidade de Oxford, da Inglaterra.

O genoma do SARS-Cov-2, causador da doença em circulação internacional, foi sequenciado no Instituto Adolfo Lutz, laboratório estadual de referência para o Brasil. O trabalho foi concluído nesta sexta-feira (28), apenas 48 horas após a confirmação do primeiro caso de COVID em São Paulo.

“O feito científico que os pesquisadores dos Institutos Adolfo Lutz e de Medicina Tropical concluíram hoje é extraordinário e merece todos os nossos agradecimentos. O sequenciamento genético do coronavírus é um trabalho inédito e absolutamente fundamental para que novas vacinas sejam desenvolvidas. Isso mostra o comprometimento do Governo de São Paulo com o combate ininterrupto ao coronavírus e nosso total apoio à comunidade de pesquisadores em saúde”, diz o Governador João Doria.

Segundo a pesquisadora Jaqueline Goes de Jesus, do Instituto de Medicina Tropical, o sequenciamento por nanoporos (poros em escala nanométrica) foi feito em um dispositivo portátil inovador lançado pela startup britânica Oxford Nanopore Technologies. Ele se conecta a um software que funciona como uma “tecla SAP”, ou seja, é capaz de “traduzir” o genoma.

“Desde a década de 1970 se faz sequenciamento genômico e a ideia era fazer sequenciamento em campo e trabalhar em tempo real. Esse sequenciador é menor que um celular e conectado a um computador por meio de um cabo USB. Consegue fazer um sequenciamento da célula de fluxo, como se fosse um chip onde estão os nanoporos. Dentro dele, colocamos as sequencias da amostra que vai ser “lida” ao passar pelos poros”, explica a pesquisadora.

O genoma completo do vírus foi disponibilizado à comunidade científica internacional nesta sexta. “Os dados de genomas completos do SARS-CoV-2 dos casos de COVID-19 são essenciais para o desenvolvimento de vacinas e de testes diagnósticos. São importantes para a compreensão da dispersão do vírus e para detectar mutações que possam alterar a evolução da doença”, afirma o pesquisador Claudio Sacchi, do Instituto Adolfo Lutz.

Análises preliminares indicam que o genoma identificado no Brasil difere-se por três mutações da cepa de referência de Wuhan, na China. Duas dessas mudanças se aproximam à cepa da Alemanha, diagnosticada em transmissão de Munique, região da Bavária. Portanto, a maior similaridade do vírus detectado no paciente de São Paulo é com a cepa europeia.

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