Jaime Leitão

Todos nós, em algum momento, agimos de forma impulsiva. Não somos razão nem serenidade durante todo tempo. O problema é quando essa impulsividade se torna uma norma de comportamento. Ainda mais quando esse modo de agir, de falar é a marca do presidente da República.

Sem entrar no mérito da decisão, o anúncio da demissão do presidente da Petrobras por Bolsonaro aconteceu de forma intempestiva, barulhenta, causando um nervosismo no mercado, com queda das ações da Companhia na Bolsa de Valores e todo um tumulto que poderia ter sido evitado.

O que se vê quase todos os dias é a maneira de Bolsonaro agir contra todos os protocolos, afirmando e reafirmando que é ele que manda. Não importa se os seus comandados são generais, coronéis, almirantes. Há nele um impulso autoritário que faz com que a instabilidade prevaleça sobre o equilíbrio que deve existir principalmente em momentos de crise profunda, como é o atual.

A impulsividade geralmente leva ao desastre. Jânio Quadro, que permaneceu no poder só 7 meses, foi impulsivo e inconsequente ao tentar um golpe para permanecer no poder como ditador e não como alguém eleito democraticamente. Não conseguiu o seu intento e muito provavelmente, se sua impulsividade não tivesse prevalecido sobre a razão, não teria havido o golpe militar e a longa e terrível ditadura que nos assolou por mais de duas décadas.

Não ouvir pessoas que podem aconselhar o impulsivo a ter mais cuidado na hora de tomar uma decisão importante é uma característica perversa que quase nunca acaba bem. Quem é explosivo decide sem analisar questões que demandam discussões às vezes longas, podendo colocar tudo a perder. E quem mais sofre com esse comportamento deletério é a população mais vulnerável e carente.

Aquele que promete agir de determinada maneira e de repente segue na direção contrária fomenta o caos, que não é bom para ninguém nem para aquele que o engendra.

O fomentador do caos imagina que um grupo significativo de pessoas irá segui-lo cegamente. Só que esses seguidores poderão encolher aos poucos e não formar número suficiente para garantir a sua reeleição. A falta de equilíbrio de um mandatário é letal para o país como um todo. Se não fosse o negacionismo e a teimosia do presidente, o número de mortes por Covid poderia ser bem menor.

Outro presidente impulsivo foi Collor. Chegou já anunciando confisco da poupança e outras medidas extremas. Medidas extremas e inconsequentes são próprias de extremistas e impulsivos. E têm reflexos negativos que podem durar dias, meses, anos, penalizando milhões de pessoas de forma cruel.

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