Em casas, apartamentos, escritórios ou fábricas. Elas costumavam estar por toda a parte. A ‘Reportagem da Semana’ deste domingo (22) traz a realidade das diaristas na pandemia da covid-19. Muitas ficaram desempregadas e outras até estão trabalhando aqui e ali, mas por remunerações bem menores, para tentar sobreviver.

Os dados a seguir referem-se a empregadas domésticas, categoria correlata, mas, na prática, bem diferente das diaristas. Ainda assim, servem para ilustrar o drama de quem viu as oportunidades de trabalho minguarem desde que a pandemia começou.

De acordo com a OIT (Organização Internacional do Trabalho), as empregadas sofreram um corte de 34% nos salários no primeiro semestre de 2020. O levantamento também aponta que houve uma contração de 43% em horas de trabalho e 26,6% delas perderam empregos apenas nos seis primeiros meses do ano passado. Considerando apenas aquelas trabalhadoras não registradas, a queda de postos de trabalho foi de 29%.

O Brasil soma o segundo maior número de empregadas domésticas no mundo, com um total de 6,2 milhões de pessoas nesse setor. Mais de 90% são mulheres. Apenas a China, com 22 milhões de domésticas, supera o número brasileiro. Na Índia, em terceiro lugar, são 4 milhões.

Cinco dias de faxina por semana perdidos

Jaqueline Silva de Araújo Uchôa, de 33 anos, moradora do bairro Jardim Maria Cristina, em Rio Claro, contou ao JC que estava acostumada com a rotina de limpeza. Tinha serviço praticamente todos os dias da semana, mas desde o começo da quarentena, a situação ficou diferente.

“Antes [da pandemia] eu fazia várias faxinas semanais. Tinha muitas casas e estabelecimentos comerciais para trabalhar. Mas, de repente, tudo mudou. Agora, meu marido é o único que trabalha aqui e ainda gasta bastante com gasolina, pois a empresa fica em Piracicaba. Tem mês que nem a compra do mês fazemos”, disse.

Jaqueline tem quatro filhas. Três delas são menores de idade: Ana Vitória, de 2 anos, Sara, de 11, Mariana, de 16, e Ester, de 18 anos. A mãe afirmou que a família não se encaixa no Auxílio Emergencial e no Bolsa Família – programas do Governo Federal – o que agrava ainda mais a situação da família.

Para piorar, uma vez que Rio Claro ainda não voltou com as aulas presenciais, as crianças acabam ficando em casa o tempo todo, e o consumo de alimentos, energia elétrica e água ficam mais altos.

“Tudo aumentou com elas em casa. As meninas pedem para eu comprar as coisas e não tenho nenhuma condição. Às vezes falta até o que comer, imagina para outras coisas? Meu coração de mãe fica muito dolorido. Me pego chorando sozinha por não conseguir realizar as coisas básicas que elas pedem”, explicou.

A maranhense que adotou Rio Claro para morar desde os 13 anos, falou que se apega em Deus e tem fé de que, em breve, as coisas vão melhorar.

“Gostaria de uma chance para eu mostrar meu serviço. Tenho fé que isso vai acabar e que novas oportunidades vão surgir”, finalizou.

Além de precisar de casas ou empresas para fazer faxina, Jaqueline relatou que a família precisa de doações de alimentos e roupas para as crianças. Quem puder ajudar, a casa fica no Jardim Maria Cristina na Avenida 14, nº 229. O telefone de Jaqueline é: (19) 99802-1565.

Trabalhando por menos

Também sem auxílio emergencial e com dificuldades para arrumar emprego fixo com registro em carteira, Erica dos Santos Lima, de 35 anos, está aceitando trabalhar informalmente, e por um valor mais baixo para conseguir sobreviver. 

Ela sai de Santa Gertrudes, cidade onde mora, e vai para Rio Claro uma vez por semana, de bicicleta, rumo à única casa de onde não foi dispensada. 

Érica se separou do marido há cinco meses. Ficou com as crianças em casa. São cinco filhos, quatro deles menores de idade: Sophia, de 5 anos, Vinicius, de 13, Arthur, de 15, Gabriel, de 16 e Jhonata, de 17 anos. Ela também viu as despesas aumentarem nesse período de pouco trabalho e sem aulas presenciais.

“Aluguel, energia elétrica, água. Tudo aumentou. Às vezes queremos dar o melhor para os nossos filhos e não conseguimos, né? Temos que nos virar como podemos”, comentou.

Érica explicou que já recebeu o Bolsa Família e auxílio, mas os benefícios foram interrompidos por questões cadastrais, e ela está tentando resolver. “Fiz a solicitação novamente, mas ainda aguardo a resposta do governo”, argumentou.

A diarista fez um apelo aos leitores do Jornal Cidade para que ela consiga mais dias de trabalho, para melhorar um pouco os ganhos e, assim, dar uma vida digna aos filhos.

“Nos lugares em que eu já trabalhei, nunca tive reclamação nenhuma. Sou organizada, gosto de tudo limpinho. Eu tenho muita indicação. Sou digna, nunca mexi em nada de ninguém. Preciso de oportunidade. Se você está acompanhando minha história, me ajude, por favor”, pediu.

Enquanto não arruma faxinas, Érica se vira como pode. Ela faz bolos e doces para o filho mais velho, de 17 anos, sair para vender pelas ruas da cidade. Inclusive, eles aceitam encomendas de moradores de Rio Claro. A família também necessita de doações de alimentos e roupas. Para falar com ela é só ligar no: (19) 99705-8559.

blank
blank
blank

A sua assinatura é fundamental para continuarmos a oferecer informação de qualidade e credibilidade. Apoie o jornalismo do Jornal Cidade. Clique aqui.