Na madrugada do dia 20 de agosto, por volta das 4h22, as câmeras do circuito interno de segurança da Unesp de Rio Claro, campus Bela Vista, registraram a presenta de um (a) visitante nada comum. Um lobo-guará (ou loba), até pelo seu comportamento solitário, circulava tranquilamente pelo interior da unidade. No ano passado, em 17 de agosto, o sistema de monitoramento do campus da universidade já tinha flagrado um animal da mesma espécie próximo à portaria do campus.

Com frequência, ocorrências desse tipo têm acontecido no meio urbano. No dia 1º de junho, um morador de Cascalho estava dirigindo quando sentiu uma cobra passar sobre os seus pés. O réptil tentou se esconder atrás do bebê conforto, mas acabou entrando na caixa de ar do automóvel. O Pelotão Ambiental da Guarda Civil e o Corpo de Bombeiros de Cordeirópolis tiveram que retirar todos os bancos para capturá-lo.

No dia 20 de agosto de 2019, o Corpo de Bombeiros de Rio Claro resgatou um filhote de onça-parda próximo à ponte do Ribeirão Claro, em uma chácara, atrás de um condomínio residencial. O animal, um macho de aproximadamente seis meses, estava ferido na altura do pescoço e foi encaminhado até a organização não governamental (ONG) Mata Ciliar de Jundiaí (SP), mas morreu uma semana depois.

Os efeitos da degradação do meio ambiente e do crescimento das cidades explicam o aparecimento desses animais silvestres. “Isso ocorre devido ao avanço da urbanização e ao desmatamento. Os animais vão perdendo seu território natural e aparecem no espaço urbano em busca de alimentos”, explica a Polícia Ambiental de Rio Claro.

O Jornal Cidade consultou o veterinário Gustavo Henrique Bonafé D’Ávila, da Clínica Bicho Solto, para entender mais sobre essa questão. Confira:

  • Por que animais silvestres estão aparecendo com mais frequência na área urbana?
    Gustavo Henrique Bonafé D’ÁvilaNão é raro se deparar com notícias nos jornais e redes sociais sobre o aparecimento de cobras, lagartos, aves (seriema, corujas, gaviões), cachorro-do- mato, gato–do-mato, raposas, saguis, capivaras, gambás e até mesmo onças-pardas em locais urbanos. Essa exposição faz com que eles precisem procurar alimentos e refúgio, e acabam se aproximando cada vez mais dos centros urbanos.
    Um dos grandes motivos do aparecimento de animais silvestres, ou animais de “vida livre”, deve-se à expansão da área urbana e que tem ocorrido com maior frequência nos últimos anos, deixando vastas áreas de vegetação nativa, sendo estes locais o refúgios dos animais. Outro grande impacto é através de empreendimentos imobiliários, que causam impactos ambientais – desmatamento – e até mesmo os incêndios ocorridos de maneira natural ou intencional, resultando assim, na diminuição do espaço e habitat natural onde os animais vivem.
  • Quais os riscos a esses animais? Essa situação preocupa em termos ambientais?
    Gustavo Henrique Bonafé D’ÁvilaUma das grandes preocupações que pode ocorrer e trazer riscos aos animais se dá pelo fato de estarem mais vulneráveis e expostos, sendo susceptíveis a atropelamentos, ataques de animais domésticos, como cães e gatos, além das ações causadas pelo homem, pois podem adentrar nas residências e se machucarem, ferindo e até sendo mortos em situações de confronto com os seres humanos.
    Vale lembrar que existem leis específicas para proteção dos animais e que devem ser respeitadas, portanto, a primeira dica após se deparar com um animal silvestre é que se mantenha distância, evite barulhos ou movimentos que podem assustar o animal. Em seguida, procure auxílio dos órgãos responsáveis como Polícia Ambiental, Corpo de bombeiros ou profissionais habilitados para o resgate, com o apoio necessário poderá ser realizada a conduta e destino correto dos animais.

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