Matheus Pezzotti

Após conquistar a medalha de ouro individual e por equipes nos Jogos Parapan-Americanos de Toronto na semana passada, em conversa por telefone com o mesatenista Carlos Carbinatti, em tom de descontração, disse para tomar cuidado para não perder as medalhas na viagem de volta. “Olha, nem que eu tenha que colocar dentro da minha cueca, mas elas não vão sair de perto de mim”, disse em meio a risos.

Uma das medalhas lhe garantiu uma vaga para as Paralimpíadas do Rio de Janeiro em 2016 e, na última terça-feira (18), o rio-clarense visitou o Grupo JC para conversar a respeito das conquistas e, demonstrando o mesmo ‘cuidado’, logo retirou as medalhas da mochila e, depois das fotos, as colocou no peito.

“Essa [conquista] foi mais valorizada em todos os sentidos. Por querer de qualquer forma a vaga no Brasil, por ser em casa. É mais difícil representar o país do que ganhar na Mega-Sena. Apesar de em 2011 não ter o projeto de iniciação e formação da seleção paralímpica cadeirante e andante, senti uma emoção que nunca havia sentido. Foi parecido como ter entrado na arena de jogo, nas Paralimpíadas de Londres, em 2012. Aí sobe a bandeira, canta o hino… foi animal”, conta.

Mas, antes desta, houve outras duas medalhas de ouro, em 2011 e em 2013. A primeira, tão especial quanto as outras, Carlos era apenas atleta de Rio Claro e foi incluído no sistema de classificação paralímpica e logo pensou: “já que estou aqui, quero participar de uma paralimpíada, custe o que custar”.

Ganhou o Brasileiro daquele ano, disputou a seletiva, também foi campeão e depois conquistou o Parapan em Guadalajara e, em seguida, chegou até as quartas de final das Paralimpíadas de Londres. Em janeiro de 2013, recebeu ligações do Comitê Paralímpico, do projeto Time Brasil, o qual selecionava os melhores atletas de cada modalidade, sendo informado que era um desses atletas.
No início, durante os intervalos das aulas na escola, só queria saber de jogar tênis de mesa para ganhar de seu pai, primos, amigos e ser conhecido.
Mas não só de glórias vive Carbinatti. Há 14 anos pensou em parar de jogar, até encontrar, no momento certo, uma ajuda aqui em Rio Claro.
“Eu ia parar por falta de apoio, mas em 2007 apareceu [a chance] de buscar a classificação paralímpica. O Francisco Britto Junior [seu técnico na época] me ajudou muito com isso e a partir daí eu vi que eu tinha um leque bem maior para mostrar meu tênis de mesa e que haveria chances reais de conquistar muitos resultados expressivos”, relata.


E, para finalizar, Carlos resume a conquista em uma palavra: emoção. “Ter recebido uma missão para ser feita durante três anos, treinar absurdamente para uma competição [Parapan], quatro jogos, você expor seu rendimento desses três anos. Se perdesse, você jogaria fora todo esse tempo de trabalho, ganhando, você desabafaria, com sentimento à flor da pele e foi o que aconteceu”, comenta.

Confira mais detalhes da entrevista em áudio e vídeo:

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