Imagem ilustrativa

Folhapress

Em um dos massacres mais mortais da história da Tailândia, um ex-policial matou 37 pessoas, incluindo 22 crianças de dois e três anos -a maioria, a facadas- ao invadir uma creche no nordeste do país.

O episódio ocorreu no início da tarde desta quinta-feira (6) na cidade de Uthai Sawan, a 500 quilômetros à nordeste de Bancoc, capital do país, e terminou com o agressor matando a própria esposa e o filho de quatro anos antes de se suicidar.

A polícia identificou o autor dos crimes como Panya Kamrab, um ex-policial de 34 anos afastado do cargo de tenente-coronel no ano passado por problemas relacionados a drogas. Ele enfrentava um julgamento por posse de metanfetamina e havia estado na corte horas antes do ataque, segundo disse o porta-voz da polícia, Paisan Luesomboon, à emissora Thai PBS.

Paisan afirmou que o ex-policial tinha ido à creche buscar o próprio filho, mas não o encontrou. “Ele já estava nervoso, e quando não viu o filho, ficou ainda mais estressado e começou a atirar.”

O agressor invadiu a creche por volta das 12h30 (3h30 no horário de Brasília), e estava armado com uma faca, um fuzil e uma pistola de nove milímetros, a última adquirida legalmente, segundo a polícia.

Cerca de 30 crianças estavam no local àquela altura -menos do que o usual, em razão de uma forte chuva, segundo a funcionária pública Jidapa Boonsom, que trabalhava em um local próximo no momento do ataque.

Ela relatou que o ex-policial de início atacou quatro ou cinco funcionários da creche. Um deles era uma professora que estava grávida de oito meses, esfaqueada até a morte. A princípio, as pessoas confundiram o som dos tiros com fogos de artifício.

O ex-policial então forçou a entrada em uma sala trancada onde as crianças dormiam, disse Boonsom, e as esfaqueou. Vídeos compartilhados nas redes sociais mostram lençóis cobrindo o que parecem ser corpos de crianças deitados sobre poças de sangue. A veracidade dos vídeos não pôde ser imediatamente comprovada.

Segundo as autoridades, o agressor ainda atropelou várias pessoas ao fugir do local do crime. Além dos mortos, o ataque deixou 12 feridos, três deles em estado grave.

O primeiro-ministro tailandês, Prayuth Chan-Ocha, afirmou em postagem em rede social que ordenou a ida imediata do chefe de polícia à cena do crime e que pediu aos órgãos responsáveis que socorressem os afetados. Seu vice, Prawit Wongsuwan, anunciou que viajará à cidade em que ocorreu o ataque ainda nesta quinta para se reunir com as famílias das vítimas.

O governo ainda garantiu que providenciará assistência financeira para ajudar as famílias a cobrir gastos funerários e tratamentos médicos.

No final da tarde, a polícia ainda vigiava a entrada principal da creche, um prédio rosa de um só andar cercado por um gramado e pequenas palmeiras. Em um gazebo perto dali, pessoas esperavam por novas notícias ansiosamente.

O episódio é um dos piores ataques solo envolvendo crianças da história. Em 2011, na Noruega, o militante da ultradireita Anders Brevik matou 69 pessoas, adolescentes em sua maioria, em uma colônia de férias organizado pela juventude trabalhista. Outros casos incluem o massacre de Dunblane, na Escócia, em 1996, em que morreram 16 crianças; e o de Uvalde, no Texas, este ano, em que 19 crianças foram mortas.

Apesar de a Tailândia ser um dos países com o maior número de armas em circulação do mundo, ataques como o desta quinta são raros. Nos últimos anos, no entanto, aconteceram ao menos dois casos de homens ligados às forças armadas que executaram ataques semelhantes.

No mês passado, um sargento matou dois colegas em um tiroteio em um centro de treinamento militar em Bancoc. Dois anos antes, em 2020, um soldado matou 29 pessoas e feriu outras 57 ao se desentender com um superior durante a venda de um imóvel.

Os militares têm grande influência em muitos setores do cotidiano da Tailândia, da política aos negócios, e tomaram o poder em várias ocasiões nas últimas décadas, a mais recente delas em 2014.

A sua assinatura é fundamental para continuarmos a oferecer informação de qualidade e credibilidade. Apoie o jornalismo do Jornal Cidade. Clique aqui.