Centro de SP recebe estações para banho de moradores de rua

Folhapress

A Prefeitura de São Paulo está montando estações na região central da cidade para que os moradores de rua possam tomar banho quente durante a pandemia de coronavírus. Duas dessas estações -nas praças da República e da Sé- começaram a funcionar no sábado (4). As outras serão abertas ao longo da semana no Parque D. Pedro 2º, Largo do Paissandu e Praça do Ouvidor. Outras duas estações, sem banho, mas com sanitários, serão abertas no Pateo do Colégio e Largo General Osório.
O objetivo é minimizar o impacto da proliferação do coronavírus nesta população vulnerável.
As estações vão funcionar diariamente, das 7h às 19h.
Segundo censo da população de rua realizado em 2019, 24.344 vivem nessa situação em São Paulo, com concentração maior na região central (11.048).
Além das estações para banho e uso de sanitários, foram instaladas 11 pias com água potável para limpeza das mãos em pontos do centro.

SP registra neste domingo 275 mortes pelo novo coronavírus


O Estado de São Paulo registrou neste domingo (5) um total de 275 óbitos pelo novo coronavírus. Os números significam um aumento de 180% em comparação ao balanço do dia 29 de março, quando eram 98 vítimas fatais por COVID-19. Já o número de casos confirmados pela doença chegou a 4.620. 

Os óbitos concentram-se em 33 cidades, com maior número na Grande São Paulo. Apesar disso, crescem os números no interior do Estado. Hoje, houve confirmação da primeira morte em Bauru. Também há pelo menos uma vítima fatal nas regiões de Araçatuba, Ribeirão Preto, Campinas, Baixada Santista, Presidente Prudente e Sorocaba. 

Os municípios e respectivos números de mortes são: São Paulo (220), Guarulhos (5), São Bernardo do Campo (5), Campinas (4), Santo André (3), Cotia (3), Osasco (3), Taboão das Serra (3). Americana, Mairiporã, Santos e Sorocaba têm duas mortes cada. Há ainda um óbito confirmado em cada cidade a seguir: Arujá, Barueri, Bauru,  Caieiras, Carapicuíba, Cravinhos, Diadema, Dracena, Embu das Artes, Francisco Morato, Franco da Rocha, Itapecerica da Serra, Itapevi, Jaboticabal, Mogi das Cruzes, Nova Odessa, Penápolis, Ribeirão Preto, São Caetano do Sul, São Sebastião e Vargem Grande Paulista.

As 275 vítimas somam 157 homens e 118 mulheres. Do total, 236 tinham idade igual ou superior 60 anos. As demais incluem pessoas com menos de 60 com comorbidades que, assim como os idosos, representam grupo mais vulnerável a complicações da COVID-19. 

Hoje também são 4.620 casos confirmados.

Confira abaixo os casos confirmados por município:

Município casos

AGUAS DE LINDOIA 1

AGUDOS 1

AMERICANA 3

ARARAQUARA 2

ARCATUBA 4

ARUJA 6

ASSIS 1

Atibaia 4

BARUERI 30

BAURU 3

BOTUCATU 7

BRODOWSKI 1

CACHOEIRA PAULISTA 1

Caieiras 20

CAJAMAR 1

CAMPINAS 26

CARAPICUIBA 14

Cedral 1

Cotia 29

CRAVINHOS 2

Diadema 24

DRACENA 1

Embu das Artes 20

Ferraz de Vasconcelos 15

Franca 2

Francisco Morato 8

FRANCO DA ROCHA 8

GUARARAPES 2

GUARUJA 3

Guarulhos 62

HORTOLANDIA 1

Indaiatuba 2

IPATINGA 1

IRACEMAPOLIS 1

ITANHAEM 2

ITAPECERICA DA SERRA 9

ITAPETININGA 1

Itapevi 8

Itapira 1

ITAQUAQUECETUBA 10

ITARARE 1

ITU 1

ITUPEVA 1

JABOTICABAL 3

JAGUARIUNA 1

JANDIRA 2

JAU 1

JOSE BONIFACIO 1

JUNDIAI 6

LENCOIS PAULISTA 1

LIMEIRA 2

LOUVEIRA 1

MAIRIPORA 5

MARILIA 1

MATAO 2

MAUA 16

MOGI DAS CRUZES 17

MOGI GUACU 1

NOVA ODESSA 1

ORLANDIA 1

Osasco 69

PARIQUERA ACU 1

PAULINIA 2

PENAPOLIS 1

PIRACICABA 6

PIRAJUI 1

Pitanga 1

POA 3

Praia Grande 4

PROMISSAO 1

RIBEIRAO PIRES 4

RIBEIRAO PRETO 25

RIO CLARO 2

Salto de Pirapora 1

Santa Branca 2

SANTA ISABEL 1

SANTANA DE PARNAIBA 24

SANTO ANDRE 72

Santos 72

SAO BERNARDO DO CAMPO 81

SAO CAETANO DO SUL 38

SÃO JOSE DO RIO PARDO 1

SAO JOSE DO RIO PRETO 10

SAO JOSE DOS CAMPOS 30

SAO MANUEL 1

SAO PAULO 3612

SAO SEBASTIAO 3

SAO VICENTE 5

SOROCABA 9

Suzano 9

TABOAO DA SERRA 41

TATUI 1

TAUBATE 1

TERRA ROXA 1

VALINHOS 3

VARGEM GRANDE PAULISTA 4

VINHEDO 1

Votorantim 2

VOTUPORANGA 1

OUTRO ESTADO 32

Outro Pais 34

Não identificado 5

Total 4.620

*Dados atualizados em 5 de abril, 16h*

Queda de balão assusta moradores no S. Miguel

O “estouro” de um balão de fabricação caseira causou pânico na tarde deste domingo (05) na região da Rua 9A com a Avenida 64A, no São Miguel, em Rio Claro. O balão que carregava fogos de artificio caiu sobre as casas localizadas na årea,  assustando moradores devido  às explosões. Além do susto, houve danos em uma cobertura feita com telhas de amianto. Os responsáveis não foram identificados. Vizinhos cobraram providências contra a prática que é proibida, mas que estaria frequentemente acontecendo no bairro.

Rio Claro tem o segundo caso confirmado de coronavírus

Em boletim divulgado no início da tarde deste domingo (5 abril 2020) pela Secretaria Municipal de Saúde traz a informação do segundo caso confirmado de coronavirus no município de Rio Claro.


“Recebemos a confirmação de laboratório particular e imediatamente estamos repassando a informação à população”, afirma o prefeito João Teixeira Junior. No sábado (4), o governo estadual chegou a divulgar um segundo caso em Rio Claro, porém não havia registro oficial do caso em nenhum dos sistemas de controle dos números oficiais.
A paciente, uma senhora idosa, passa bem e está em observação em sua residência.
De acordo com o secretário municipal de Saúde, Maurício Monteiro, o município continua aguardando novos resultados de testes feitos pelo Instituto Adolfo Lutz.
“Vamos continuar divulgando números da pandemia em Rio Claro a partir de dados oficiais”, ressalta o prefeito Juninho, acrescentando que “queremos continuar contando com a colaboração de todos neste momento de grandes dificuldades para toda a população”.
Além dos dois casos confirmados, Rio Claro tem 43 casos suspeitos de coronavirus, com 14 pacientes internados, sendo seis em UTI. O município também registra dois óbitos em investigação.

Rio Claro tem novo óbito suspeito de coronavírus neste domingo(5)

O município de Rio Claro registrou neste domingo (5 abril 2020) um terceiro óbito suspeito de coronavírus. O primeiro caso era de um paciente idoso e foi descartado durante a semana. O segundo caso de óbito suspeito, que é de um adulto do sexo masculino, surgiu na noite de sábado (4) e o terceiro, de um homem idoso, foi registrado na manhã deste domingo (5). 

O município aguarda os resultados de testes feitos pelo Instituto Adolfo Lutz que irão apontar se os dois pacientes que faleceram neste final de semana  estavam ou não infectados pelo coronavirus.

O novo óbito em investigação foi incluído no boletim divulgado na manhã deste domingo  (5 abril 2020) pela Secretaria Municipal de Saúde de Rio Claro. 

O prefeito João Teixeira Junior, que tem cobrado rapidez do governo estadual na divulgação de resultados de testes de coronavirus, anunciou nesta semana que o município está investindo na compra de kits de testes para coronavirus.

De acordo com o secretário municipal de Saúde, Maurício Monteiro, a prioridade de uso dos testes será para profissionais de saúde e pacientes com quadro clínico grave.

Araras confirma dois casos de coronavírus

Ramon Rossi

Com postura característica de São Tomé, um dos 12 apóstolos de Cristo, que só acreditava vendo, os ararenses sentiram na pele na noite do último sábado (4), que quarentena não é férias e Coronavírus (Covid-19) não é fruto da imaginação. 

Ruas movimentadas, praças lotadas, filas em lotéricas, bancos,  supermercados e manifestações que pedem a reabertura do comércio. Com esse cenário, Araras confirmou dois primeiros casos da doença.

Nas últimas semanas, a prefeitura de Araras divulgou boletins diários em entrevistas com profissionais da saúde, que ressaltavam a importância do isolamento social neste momento – bandeira que inclusive o prefeito Junior Franco (DEM) levantou apesar das constantes manifestações – principalmente nas redes sociais, que pediam uma mudança em sua postura cuidadosa.

O chefe do Executivo decretou em 21 de março a suspensão dos serviços presenciais na cidade, mantendo apenas comércios considerados essenciais como supermercados, farmácias, borracharias, entre outros. Não demorou muito para que uma parcela da população se manifestasse contrária a atitude, que faz parte da indicação do Ministério da Saúde e da OMS (Organização Mundial da Saúde).

Segundo nota da Secretaria Municipal da Saúde, os pacientes infectados têm entre 40 e 50 anos e estão internados em isolamento e, de acordo com informações médicas, não apresentam quadro grave de saúde e estão sendo monitorados pela  equipe da Vigilância Epidemiológica para detectar como aconteceu o contágio dos pacientes.

Especialistas dizem que o isolamento social tem como principal objetivo diminuir a curva de contágio do vírus. Ainda, de acordo com médicos, o objetivo é evitar que grande quantidade de pessoas fiquem doentes ao mesmo tempo, o que levaria a um colapso no sistema de saúde do país. 

Apesar disso, nos últimos dias, sem casos confirmados na cidade, a população parecia desacreditada com relação ao impactos da doença. Resta saber, agora, se a confirmação será suficiente para que as pessoas sigam as recomendações médicas.

Covid-19: SP libera atividades internas de escritórios de advocacias

Em deliberação publicada ontem (4) no Diário Oficial do estado, o Comitê Administrativo Extraordinário Covid-19, do governo do estado de São Paulo, liberou da quarentena atividades internas de escritórios de advocacia ou contabilidade. Segundo a medida, o ingresso do público em geral ao interior dos escritórios continua proibida, sendo permitido apenas aos clientes.

A deliberação autoriza também o funcionamento de prédios comerciais e de estabelecimentos comerciais de peças e acessórios para veículos automotores.

O estado de São Paulo registrou até ontem (3) 219 óbitos relacionados ao novo coronavírus. O número é três vezes maior que o da última sexta (68 mortes). Os casos confirmados também quadruplicaram no período, saltando de 1.223 para 4.048.

Idoso faz 90 anos e recebe homenagem durante quarentena

O senhor Ismael Contato completou 90 anos no último dia 31 de março e, diante do período de quarentena, os seus familiares e amigos resolveram fazer uma homenagem mesmo com a determinação do distanciamento social. Os filhos, noras, netos e bisnetos foram até a frente da sua residência e cantaram, da rua, o ‘Parabéns a você’, já que não poderiam se aproximar mais por prevenção do idoso

Prefeitura prepara UPAs para atender pacientes com sintomas de coronavírus

A prefeitura de Rio Claro concluiu a preparação das duas unidades de pronto atendimento (UPA) para atender pacientes com sintomas gripais, incluindo o novo coronavírus (Covid-19). Os prédios da UPA da 29 e da UPA do Cervezão receberam melhorias e foram adaptados para realizar esse tipo de atendimento. Reparos foram feitos e novos equipamentos instalados para otimizar a gestão de recursos e atender as necessidades dos pacientes e profissionais de saúde. “Essas ações complementam as medidas que já implementamos para preparar o município e, principalmente, as unidades e profissionais de saúde, para o trabalho contra a doença”, comenta o prefeito João Teixeira Junior.
A maioria dos serviços nas unidades foi feita pela equipe de manutenção da Secretaria Municipal de Saúde. A UPA do Cervezão ganhou pintura nova; aplicação de produto higienizador em paredes que tinham problemas com bolor; manutenção das linhas de oxigênio, ar comprimido e vácuo; o grupo motogerador da unidade foi revisado; foram feitos reparos na porta da sala de emergência e portões de acesso de viaturas; concluída a instalação dos aparelhos de ar-condicionado; troca de lâmpadas; mudança de layout de ambientes e mobiliário; fixação dos dispensadores de álcool em gel; entre outras melhorias.
As adaptações feitas na UPA da 29 incluem troca de divisórias, reparo e modernização de portão, instalação de nova porta na sala de emergência, troca de fechadura automática na porta de acesso aos consultórios, substituição de luminárias e lâmpadas, adequação da sala de eletrocardiograma e atualização de treinamento das equipes nos novos protocolos e procedimentos. Todo o trabalho foi feito com apoio de funcionários e gestores da unidade. “Trabalhamos intensamente para preparar as equipes e unidades para enfrentar essa pandemia, mas é importante que a população colabore fazendo higienização e isolamento social”, destaca o secretário municipal de Saúde, Maurício Monteiro.
Essas ações fazem do trabalho que vem sendo feito pela prefeitura de preparação da estrutura física da rede pública municipal de saúde para enfrentamento à pandemia do novo coronavírus. O atendimento ambulatorial foi suspenso nas unidades de saúde (UBS e USF). “Nesse momento as unidades estão priorizando os atendimentos de quadros gripais”, informa o secretário Maurício Monteiro.
Porém, é necessário moderação na utilização desses serviços. Para evitar superlotação nas UPAs e aglomerações de pessoas, a recomendação é que os pacientes devem procurar as UPAs apenas em caso de febre alta e falta de ar. Quadros mais leves devem ser tratados em casa, a não ser que o paciente seja idoso ou tenha outras comorbidades. “Qualquer lugar com aglomeração de pessoas deve ser evitado e a UPA é um destes lugares”, observa a médica infectologista Suzi Berbert de Souza, diretora municipal de Vigilância em Saúde.
Em caso de dúvidas, as pessoas podem se informar sobre sintomas e transmissão de coronavírus no serviço de telemedicina criado pela prefeitura, o Tele Corona, que atende pelo número 2111-6999, de segunda a sexta-feira, das 8 às 14 horas. “Temos médicos e profissionais preparados para orientar os pacientes e indicar se ele deve ou não procurar atendimento médico com base nas informações fornecidas por telefone”, informa Monteiro. O Tele Corona funciona em parceria com o Centro Universitário Claretiano.
Além dessas ações, a prefeitura também adotou outras medidas de combate e enfrentamento ao novo coronavírus como a suspensão das aulas na rede municipal pública de ensino, a prorrogação por 30 dias dos cortes de água, afastamento dos servidores com mais de 60 anos, suspensão do atendimento presencial na repartições públicas municipais, fechamento dos estabelecimentos comerciais não essenciais, entre outras iniciativas. Vale lembrar que até o momento Rio Claro tem um caso confirmado de Covid-19 e 47 suspeitos conforme boletim divulgado na manhã deste sábado (4) pela Vigilância Epidemiológica.

Isolamento impõe desafios a pais separados com guarda compartilhada

Agência Brasil

João Daniel de Souza Carvalho, 37 anos, não vê o filho de seis anos há três semanas. Dispensado do trabalho, ele hoje mora com o pai, que tem 70 anos e problemas pulmonares. Para proteger o idoso do novo coronavírus, combinou com a ex-esposa que a criança ficará com ela enquanto durar as medidas de isolamento no Distrito Federal, onde residem.

O medo de João Daniel é que o filho ou ele possam se contaminar sem saber, por não apresentar sintomas. Para não correr o risco de carregar o vírus até o avô do garoto, ele conta que a ex-mulher concordou, apesar da relutância inicial, em dar uma pausa no acordo de guarda compartilhada, segundo o qual o pai ficaria com a criança em fins de semana alternados e todas as quartas-feiras.

Mas nem todos tem a sorte de uma solução amigável. Michele Santos, de 41 anos, considera mais saudável, tomadas todas as precauções, o revezamento entre os pais. Ela e o ex-marido, entretanto, ainda não alcançaram um acordo de guarda compartilhada na Justiça. Com o isolamento, um conflito que já se arrastava piorou, e agora ambos encontram dificuldade para conciliar a divisão no cuidado com os filhos de nove e três anos.

De fato, o contexto atípico da pandemia não costuma estar previsto em nenhuma negociação de guarda ou convivência. Por essa razão, “a gente tem visto uma maior movimentação dos pais sem saber como lidar com essa situação”, disse a advogada Renata Cysne, especialista em direito da família e integrante do Instituto Brasileiro de Direito da Família (IBDFam). “É claro que para o antigo casal que já tinha uma situação muito litigante e aguerrida, a tendência é que se agrave”, acrescentou a defensora.

Complica o cenário o fato de que todos os estados e o Distrito Federal adotaram a suspensão de aulas como modo de reduzir a disseminação do novo coronavírus, o que faz com que crianças e adolescentes fiquem o tempo inteiro em casa.

Direito à proteção

O agravamento dos conflitos levou o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) a incluir a disputa pela guarda entre os principais pontos de preocupação para a garantia dos direitos à proteção dos menores durante a pandemia.

No documento que preparou sobre o assunto, o Conanda recomendou como melhor solução, para não expor a saúde da criança e do adolescente a risco, que o menor fique somente com um dos pais, e as visitas e períodos de convivência sejam substituídos por contatos via telefone e internet. Outra alternativa sugerida seria adotar o esquema previsto para as férias, em que os filhos ficam o máximo de tempo com cada genitor, havendo menos trocas de casa.

Para Ariel de Castro Alves, ex-conselheiro do Conanda e especialista em direito da Infância e da Juventude, a suspensão temporária da troca de casas é uma medida acertada.

“As crianças e os adolescentes devem ficar preferencialmente em companhia do genitor ou genitora que esteja menos exposto ao contágio de covid-19, evitando também locais de aglomerações e os deslocamentos”, disse ele, em entrevista à Agência Brasil, após a divulgação das recomendações.

Direito à convivência

Na vida real, contudo, ter que lidar com todas as responsabilidades de casa, do trabalho remoto e do cuidado integral com os filhos é missão estafante, que não deveria ser assumida por apenas um dos genitores, considera Michelle Santos. Ela conta que precisou de muita discussão para finalmente entrar num entendimento com o pai das crianças para alternar o convívio a cada semana.

“Como existe essa questão conflituosa, de não ter esse acordo judicial, eu fiquei a maior parte do tempo com os meninos, até que fiquei muito cansada”, conta a mãe.  “Foi necessário [compartilhar os cuidados], porque eu já estava num momento de exaustão muito grande. Além da rotina de uma casa, tem comida, cuidados com a higiene, você precisa criar condições, atividades, e as atividades vão ficando escassas. As crianças têm muita energia. Tem também o lado emocional, elas sentem saudade do pai.”

A advogada Renata Cysne concorda ser mais salutar que se tente uma divisão dos cuidados com os pequenos. Ela indica uma abordagem gradual para resolver conflitos do tipo. “É um momento em que de forma geral os advogados têm recomendado o bom senso.”

Primeiro, é preciso avaliar se algum dos pais integra, mora ou precisa cuidar de alguém nos principais grupos de risco – pessoas maiores de 60 anos ou com doenças crônicas, por exemplo. Nesses casos, a orientação que têm sido dada pelos advogados, em geral, é que, de fato, um dos genitores deverá suportar o cuidado integral com os filhos até o fim das medidas de isolamento.

Contudo, a advogada afirma que, se não houver exposição a grupo de risco, o ideal é que se busque assegurar o direito da criança e do adolescente à convivência com ambos os pais, mantendo-se a divisão dos cuidados. Para isso, ela diz que o melhor seria aumentar ao máximo a continuidade do tempo de permanência em cada casa.

“Se no convívio o pai e a mãe ficavam com as crianças em finais de semana alternados, e o pai mais um dia dentro da semana, por exemplo, temos recomendado que esse pernoite seja juntado, que o final de semana puxe esse pernoite”, explica a advogada. Ela também sugere adotar aquilo que foi acordado para o período de férias, em que o menor costuma ficar algumas semanas com um genitor e depois com o outro. “Isso faz com que diminua o trânsito das crianças”.

Sem acordo

O especialista Arial de Castro Alves faz coro ao ressaltar que, em tempos de pandemia de covid-19, a guarda compartilhada deve ser efetivada “com bom senso e diálogo entre os genitores, visando o ‘melhor interesse’ e a ‘proteção integral das crianças e adolescentes’, conforme o artigo 227 da Constituição Federal e os artigos 1° ao 5º do Estatuto da Criança e do Adolescente”.

Ocorre que nos conflitos familiares nem sempre reina o bom senso, sendo por vezes necessária a intervenção da Justiça para garantir o melhor interesse do menor. Para essas situações, Renata Cysne recorda que, no momento, o judiciário tem funcionado em regime de plantão, o que aumenta a responsabilidade dos advogados de buscarem um entendimento sem a intervenção de um juiz.

“A gente tem tentado buscar o representante da outra parte, redobrado o esforço por um acordo extrajudicial, para minimizar essa busca do judiciário, minimizar essa sobrecarga”, disse a advogada. Ela ressalta que, nos casos mais graves, é possível acionar a Justiça com pedidos urgentes, mas que hoje em dia isso pode ser feito inteiramente pela internet, evitando-se ao máximo sair de casa.

“O que a gente não tem recomendado de forma nenhuma é que, por exemplo, se busque delegacias para reclamar de descumprimento de decisão judicial”, aconselhou a representante do IBDFam.

Saudades

Mesmo sem a intermediação de um advogado, João Daniel acabou seguindo à risca tais recomendações. Ele conta que com muito custo tem resistido à vontade de ir visitar o filho, com quem mantém contato diário pela internet ou telefone. “É melhor manter essa distância física do que ele perder o avô”, avalia.

Quando a saudade aperta, ele diz que pensa em ir de carro para ver o filho de longe, mas acaba desistindo com receio de confundir ou abalar o emocional da criança. “A gente explicou que o vovô é mais frágil e por conta da doença ele não pode vir visitar. Ele entendeu, não chora nem nada”, diz o pai.

Tóquio, Osaka, Istambul e Seul são únicas metrópoles sem isolamento

 (FOLHAPRESS) 

 Em cerca de duas semanas, quase todas as grandes metrópoles reduziram suas atividades ao mínimo possível. Uma das exceções é justamente a maior delas, Tóquio, cuja área metropolitana abriga 35 milhões de pessoas.
Além da capital japonesa, Osaka (19 milhões), Istambul (15 milhões) e Seul (9 milhões) não adotaram restrições amplas, mas apenas ações pontuais e recomendações para tentar conter o coronavírus.
O Japão, assim como a Coreia do Sul, aposta em testes em massa e no isolamento de áreas com focos do coronavírus. Na capital japonesa, algumas redes de comércio e serviços resolveram parar por conta própria até meados de abril, como uma empresa que controla 200 locais de caraoquê.
Já Istambul segue aberta por decisão do presidente Recep Tayyip Erdogan. O país fechou escolas e bares e vetou eventos de massa, mas não recomendou que as pessoas fiquem em casa, para que a economia siga em plena atividade. O prefeito Ekrem Imamoglu, que é opositor de Erdogan, pede que a cidade entre em quarentena obrigatória, pois a maior parte dos casos do país foi registrada ali.
A reportagem conferiu a situação de 38 megacidades, em um recorte que levou em conta o total de população e sua relevância internacional. Assim, foram analisadas as 32 cidades com mais de 10 milhões de habitantes e mais 6 áreas metropolitanas de grande simbolismo: Wuhan, Seul, Teerã, Londres, Madri e Nova York.
A restrição de atividades começou na China, em janeiro, e foi adotada em efeito dominó a partir da segunda metade de março, em uma sequência de anúncios quase diários: em Madri (no dia 15), Paris (17), Bancoc (18), Buenos Aires (19), São Paulo (20), Nova York (22) e Londres (23).
Em seguida, a Índia decidiu por uma paralisação abrupta, que fechou algumas das cidades mais cheias do mundo no dia 25, como Nova Déli, Mumbai e Calcutá. E no dia 30, dois países reticentes, México e Rússia, também determinaram restrições, que atingiram a Cidade do México e Moscou.
Para Valter Caldana, professor de urbanismo do Mackenzie, esse movimento deixou clara a articulação internacional cada vez maior entre prefeitos e governadores. “Em menos de 15 dias, uma rede de cidades parou o mundo, não uma rede de chefes de Estado”, avalia. As ações tentam retardar a propagação do vírus, para preparar o sistema de saúde e evitar que haja um número explosivo de casos em poucos dias, o que levaria ao colapso dos sistemas de saúde.
As cidades adotaram estratégias idênticas: restringem a saída de casa, com exceção para comprar comida e remédios, ir ao médico ou trabalhar em funções essenciais. O que varia são a intensidade das medidas e a forma de exigir seu cumprimento. Na China e na Rússia, são usados apps para rastrear os movimentos. Na Índia, policiais nas ruas foram flagrados batendo nas pessoas com pedaços de pau para obrigá-las a voltar para casa.
A maior parte dos governos disse que pretende retomar a rotina em meados de abril, embora haja grandes chances de o prazo ser estendido, pois não está claro quando será atingido o pico da epidemia.
Na China, as cidades vão retomando as atividades aos poucos. Informações oficiais apontam que houve estabilização no número de novos casos no país, mas o comércio enfrenta problemas. Mesmo com o relaxamento das restrições no fim de março, lojas e restaurantes não voltaram ao faturamento de antes da crise. Em cidades como Xangai e Pequim, menos gente tem se animado a ir às compras ou sair para comer, apesar dos apelos do governo, relataram comerciantes ao jornal South China Morning Post.
Outro ponto é saber se a reabertura será para valer. Cinemas, bares e restaurantes que haviam reaberto fecharam de novo em algumas cidades, por ordem das autoridades. Em Xangai, atrações turísticas baixaram as portas pouco após retomarem as atividades.
“A China é a primeira sociedade tentando reabrir, e não tem exemplos para se inspirar, então faz isso de forma muito mais conservadora. Quando for a nossa vez, poderemos aprender com o que foi feito lá”, diz Renato Cymbalista, professor de urbanismo da USP.
Para ele, a quarentena deverá trazer modificações profundas. “As pessoas perceberam que muitas atividades que faziam presencialmente podem ser feitas à distância, e isso vai mudar a cara das cidades como conhecemos hoje. Das milhões de lojas fechadas, milhares provavelmente não voltarão a abrir”.
Caldana projeta que a volta à normalidade poderá ser um tanto abrupta. “Muitas demandas estão represadas e uma retomada repentina pode gerar um tranco. Mas a capacidade de adaptação das cidades é maior do que se imagina.”

‘Tempestade inflamatória’ ajuda a explicar mortes pela Covid-19

(FOLHAPRESS)

Uma espécie de tempestade inflamatória provocada pela Covid-19 em diversos órgãos ajuda a explicar as mortes provocadas pela doença, que até agora ceifou mais de 300 vidas no Brasil e cerca 60 mil no mundo.
As mortes pela infecção pelo Sars-CoV-2 são, de modo geral, ligadas à síndrome respiratória aguda grave. Isso pode ser traduzido como grandes áreas de inflamação e edemas no pulmão, ou seja, o órgão fica inchado e começa a sofrer acúmulo de água. O líquido no tecido pulmonar dificulta trocas gasosas e, consequentemente, a respiração.
“É como se fosse um afogamento”, diz Décio Diament, consultor da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia) e infectologista no Instituto de Infectologia Emílio Ribas e no Hospital Sírio-Libanês.
Mesmo que a principal causa de morte pela Covid-19 seja a insuficiência respiratória, causada pela lesão pulmonar provocada pelo vírus, o pulmão não é o único órgão a ser afetado. Pesquisadores descobriram que o vírus se aproveita de uma proteína (a ACE-2, em inglês, ou ECA-2, em português) na membrana das células para fazer a invasão. Essas proteínas também estão presentes em células do coração, dos rins e até no intestino, o que quer dizer que o Sars-CoV-2 também pode se instalar nesses órgãos.
Segundo Luciano Drager, diretor científico da Socesp (Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo), há indícios de lesão no músculo cardíaco, que, inflamado (miocardite), tem sua função piorada, o que, consequentemente, pode levar a arritmias.
Por isso, a infecção é mais preocupantes e mais letal em quem tem doenças cardíacas prévias. Basicamente, o órgão é mais suscetível a um quadro mais grave e tem menos defesas para suportar o ataque, diz Drager.
O mesmo vale para idade. Conforme o tempo passa, além da imunidade ficar mais fragilizada, os órgãos acumulam história, quilometragem. O pulmão fica com função reduzida, o coração se torna mais rígido e há declínio de função renal. “É o mesmo que ocorre com a nossa visão, que vamos perdendo”, afirma o diretor científico da Socesp.
Além de pessoas com cardiopatias e pneumopatias, os diabéticos têm apresentado números elevados de mortes. “O risco para diabéticos que se internam por qualquer problema já é maior, principalmente em doenças infecciosas”, diz Simão Lottenberg, endocrinologista da Unidade de Diabetes do HC da USP e do Hospital Israelita Albert Einstein.
Hipertensão e outros problemas de saúde também são mais comuns em pessoas com diabetes, o que pode elevar ainda mais o risco de morte.
Tudo isso que ocorre em nível macro tem início nas tentativas de defesa celular do corpo contra o Sars-CoV-2. Quando as células percebem a invasão, uma das estratégias de combate é a autodestruição celular para evitar a multiplicação do vírus.
As células de defesa também tentam barrar o vírus fagocitando as células que têm proteínas estranhas, produzidas quando os vírus já sequestraram o maquinário celular.
Além disso, há as células que, sequestradas, replicam o vírus até morrerem e liberarem os invasores.
Todo esse cenário bélico de sequestro e destruição celular causa uma forte resposta de defesa no corpo, o que explica a inflamação nos diferentes órgãos afetados pelo novo coronavírus.
Os alvéolos pulmonares, essenciais para a respiração, são uma das vítimas da destruição que o vírus provoca. Quando há grande perda de alvéolos, a pessoa entra em insuficiência respiratória aguda e precisa de ajuda de máquinas para respirar.
Com a ampla inflamação em processo nos órgãos afetados, o metabolismo aumenta, há descargas de adrenalina e o coração bate mais rapidamente e sofre mais, principalmente nos indivíduos com problemas prévios no órgão.
Em caso de diabetes, há estudos antigos, não relacionados ao novo coronavírus, que mostram relação entre a glicose e a replicação de vírus em células pulmonares e uma piora na função pulmonar ligada à hiperglicemia.
Em quadros infecciosos, há ainda liberação de hormônios de estresse na circulação, que, por sua vez, bloqueiam a ação da insulina. “Isso faz com que o controle da glicemia seja mais difícil”, diz Lottenberg. “A natureza previu o estresse, mas não o diabetes.”
Em determinado momento a própria resposta inflamatória exacerbada, na defesa contra o coronavírus, torna-se prejudicial para o paciente. “A própria hiper-resposta acaba danificando os tecidos”, diz Lottenberg.
“Tudo isso sobrecarrega muito o indivíduo. É um estresse sistêmico”, completa Drager.
Por fim, varia de pessoa para pessoa como o corpo conseguirá reagir à invasão do vírus. “Você tem um espectro desde pessoas sem sintomas até o indivíduo que vai morrer. Isso é determinado por vários fatores, mas o principal é a capacidade de responder ao vírus”, diz Diament.

Jornal Cidade RC
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