O último dia 31 de agosto marcou um ano do trágico incêndio que atingiu o prédio do Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista, a Unesp, de Rio Claro. Depois de 12 meses, a comunidade científica segue a lamentar a situação que chocou estudantes, funcionários e toda a população. Vários departamentos de Biologia e Zoologia foram inteiramente perdidos, com inúmeras pesquisas, coleções de materiais científicos de décadas atrás e demais itens dos laboratórios, que ficaram destruídos.

Passado todo esse período, ainda há muito o que fazer. Várias adaptações aconteceram para que os alunos possam continuar a frequentar as aulas sem prejuízo ao conhecimento. De acordo com o diretor do IB, o Prof. Dr. José Euzébio de Oliveira Aragão, os investimentos já se iniciaram para se recuperar o prédio e a estrutura didática do Instituto.

“Uma pequena parte já foi reformada e a maior parte ainda está por fazer. Uma ala vai se iniciar neste mês, mas a grande parte afetada diretamente pelo incêndio estamos precisando de alguns laudos, que saíram nessa semana, sobre questão de riscos da estrutura, os quais confirmaram que não há risco nenhum. Vamos fazer agora a preparação dessa estrutura para começar a reforma maior até o final do ano”, explica o diretor.

A expectativa é que toda essa obra dure em torno de dois anos. “Além de reformar esse prédio, vamos construir com apoio da Reitoria mais dois prédios, um para abrigar o departamento de biologia aplicada e outro de história natural, onde ficarão as coleções e material didático para ensino, pesquisa e extensão”, acrescenta Aragão. Ainda não há uma previsão de quanto vai custar toda a iniciativa, uma vez que cada departamento trabalha com verba de custeio pela Reitoria.

A professora do departamento de biologia Profª Drª Patrícia Pasquali Parise Maltempi relata que as perdas foram muito significativas no incêndio e que há todo um engajamento para que os estudantes possam concluir seus estudos. “Ainda está bastante complicado, mas os alunos não estão sem aulas. Conseguimos levar o conhecimento para eles. Fizemos várias adaptações, por exemplo, nas salas de microscopia que foram afetadas, levamos os microscópios para outras adaptadas, não é o ideal, mas estão tendo as aulas”, explica.

Uma das principais lamentações é em relação à destruição das coleções da zoologia, que eram datadas de décadas atrás e exclusivas. “Era o único lugar que tinha essas coleções. Isso está bastante prejudicado, o departamento recebeu algumas doações e levam os alunos para outras unidades da Unesp, é mais dificultoso, mas os estudantes estão continuando com a formação deles”, destaca Maltempi. A docente teve alunos que diretamente perderam os materiais de mestrado e doutorado. Porém, diz que todo respaldo que é possível está sendo fornecido.

“Eles iniciaram o doutorado em pandemia, tiveram que adaptar o projeto. Quando voltaram para a bancada, aconteceu o incêndio e todo material biológico foi perdido. Tiveram a formação afetada. Irão defender agora, mas com certeza muito prejudicados. Não tivemos como fazer novas coletas de animais porque não tínhamos equipamento. Tudo que perdemos fizemos um inventário, a Reitoria deu o dinheiro para nós, mas demora muito para comprar os equipamentos. Já chegou alguma coisa, mas ainda não o suficiente para retomar os laboratórios de pesquisa”, finaliza.