Favari Filho

Os acidentes de trânsito sempre foram uma constante nas grandes cidades brasileiras. Entretanto, o problema vem crescendo com o aumento de carros nas ruas e atinge também os municípios de médio porte, inclusive Rio Claro. Para o secretário de Mobilidade Urbana, José Maria Chiossi, parte do problema se deve à imprudência dos motoristas.

De acordo com o secretário, os acidentes em Rio Claro no ano de 2014 diminuíram em 20% comparados aos de 2013. “Isso aconteceu devido à implantação dos radares, que se tornaram agentes positivos nessa luta contra os acidentes.” Mesmo com os bons resultados, Chiossi aponta para a falta de fiscalização física e acrescenta que a cidade não possui agentes de trânsito e que o serviço fica a cargo somente da Polícia Militar e da Guarda Civil.

O secretário diz que as infrações são muitas e que, com a fiscalização física, diminuiria muito, pois os agentes estariam atentos a toda e qualquer violação por parte dos motoristas. “Basta fazer o caminho de volta para casa para notar quantas infrações vemos diariamente. São motos passando o sinal vermelho, carros estacionados irregularmente e pedestres desatentos”, acrescenta.

Nessa semana, Joubert Wendel Martins Correia morreu após colisão com um carro na antiga estrada de Ipeúna. O jovem de 21 anos trafegava com a esposa, que sobreviveu ao acidente, na garupa da motocicleta. Outro caso, no mês de outubro do ano passado, vitimou Vitor Segalla (25) em acidente na rodovia Fausto Santomauro, que liga Rio Claro a Piracicaba. O jovem chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos.

No Brasil, segundo dados do Ministério da Justiça, havia em 2010 uma frota de 64.817.974 veículos, foram registradas 42.844 mortes, ou seja, foram 661 mortes para cada 1 milhão de veículos. O levantamento é com base nos dados de 2012, contudo reflete a realidade que continua afetando muitas famílias rio-clarenses.

Entre as vítimas fatais em acidentes de trânsito uma parcela significativa é de jovens e os veículos automotores, que deveriam servir para trazer comodidade e conforto às pessoas, têm se tornado um dizimador de vidas. De acordo com o estudo “Mapa da violência 2014: os jovens do Brasil”, realizado pelo sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, Rio Claro ocupa a 50ª posição no ranking de número de jovens mortos em acidentes de trânsito.

Filippo Ferrari, corretor de imóveis, que perdeu um grande amigo em um acidente de carro na pista que liga Rio Claro a Piracicaba, em 2007, acredita que falta precaução. “Sempre pensamos que nunca vai acontecer com a gente. Perder uma pessoa que amamos de forma repentina e trágica é muito difícil. A cada acidente com jovem que vejo me remete a tudo que passei e imagino o sofrimento da família e dos amigos.”

O piloto de avião Fabio Weck – que, além de perder um grande amigo, perdeu também o irmão em um acidente de moto na Rodovia Anhanguera em 2010 – acredita que o problema seja o desrespeito à velocidade, tanto nas rodovias quanto na cidade. “Percebo que a maioria dos motociclistas seja jovem e isso contribui muito para os acidentes, pois costumam correr demais e praticar um grande número de imprudências.”

Outra coisa para a qual Fabio aponta é a conscientização: “Deveria ser feita uma maior campanha sobre os perigos da direção sem cautela e sobre o abuso do álcool. Por exemplo, uma campanha com maior impacto como as do verso das embalagens de cigarro, pois somente assim será possível criar consciência no trânsito. Também é necessária uma maior efetivação na aplicação das leis contra os infratores”, finaliza.

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