Tolerância e perdão são “ingredientes” indispensáveis para manter a união das famílias no Natal

Religiosos e especialistas dão dicas sobre como superar as diferenças para conseguir reunir a família neste fim de ano

Nos últimos anos, o modelo de um bom Natal, com a família reunida ao redor da mesa, recebeu sérios abalos devido às divergências relacionadas à política e ao comportamento. Após o isolamento obrigatório trazido pela pandemia da Covid-19, em muitas casas os encontros ainda não foram retomados, na forma como aconteciam no passado, devido às divergências. Para muitas famílias, o Natal e o Ano-Novo também se tornaram um desafio devido aos casos de divórcio dos pais, fazendo com que os filhos tenham que se dividir entre duas casas nas datas festivas.

Até mesmo a religião pode se tornar obstáculo, devido às diferenças no entendimento sobre a data, que para os cristãos é o momento de celebrar o nascimento de Jesus Cristo, o Filho de Deus enviado para redimir a humanidade. O JC consultou religiosos e especialistas da Psicologia e do Direito, que explicam como entendem o Natal e dão dicas para superar as diferenças e manter a união familiar.

Padre Renato Andreatto – pároco da Paróquia de São João Batista

“O Natal é um sinal do Reino de amor, de misericórdia e de alegria que nos traz esperança, é preciso se fazer pequeno para saber o que é Natal, é preciso se fazer humilde e buscar em Deus o verdadeiro sentido, para trazer a nós o amor na família e na sociedade. Celebrar o Natal é recordar a manifestação do Verbo entre nós, não é apenas aniversário do nascimento de Jesus, mas sim é tempo de alegria, porque nos vem algo maior que apenas comemoração natalícia, nasce o perdão, a reconciliação, a justiça, os valores familiares, o diálogo, o compromisso e, acima de tudo, o amor de Deus por nós. Com o nascimento de Jesus, deveria extinguir-se a exclusão, e com isso ninguém deveria ser rotulado por causa da droga, da prostituição, do alcoolismo ou coisa parecida dentro da família. Com seu nascimento, Jesus nos dá chance de melhorarmos, e assim, também, nós devemos dar essa chance ao nosso irmão. Convidando-o à conversão através do amor”.

Nathalia Almeida Rodrigues – psicóloga/ neuropsicóloga

“O Natal para mim sempre foi uma data muito esperada, pois significava a união de toda a família, rever aqueles que moravam longe, comer as comidas que tinham um gosto todo especial, por serem preparadas na cozinha da avó, com suas receitas repletas de afeição. Com o tempo, o Natal foi perdendo um pouco do seu real significado, começaram a faltar pessoas à mesa e a data passou a ser cada vez mais comercial… Hoje, nós somos a referência de cuidado e afeto para as novas gerações, cabe a nós resgatarmos a alegria e a união dessa data. Sobrevivemos a uma Pandemia, precisamos celebrar a vida e nossos laços de afeto com aqueles que se fizeram presentes (mesmo que distantes fisicamente) durante todo o ano, através não só de palavras, mas de gestos. O amor e a consideração com aqueles que escolhemos ter ao nosso lado são os principais ingredientes para um Feliz Natal!”

Reverendo Juliano Bernardino de Godoy – Pároco da Igreja Anglicana Episcopal de São Jorge

“Natal, tempo de luz, tempo de esperança, tempo de paz. Em cada Natal somos convidados a organizar a nossa vida física e espiritual, preparando a manjedoura de nosso coração para o Cristo renascer em nosso meio. Momento rico para olharmos em várias essências desde dentro de nossa existência, para ajustarmos aquilo que nos separa de vivermos uma vida mais plena de amor e solidariedade. Somos convidados a deixar de lado desavenças, sejam elas familiares, sociais, políticas, religiosas, para esperança nos novos tempos vindouros com o novo ano que se aproxima. Que possamos nos irmanar naquela estrebaria pobre e simples, de um Deus que veio ao mundo para trazer paz, harmonia e salvação a cada um de nós”.

Ana Paula Gonçalves Copriva – Especialista em Direito de Família e Sucessões, vice-presidente da OAB Rio Claro e presidente eleita do IBDFAMSP

“Para mim que sou cristã, o Natal é o tempo de celebrar a boa nova de Deus ter se feito homem para nos dar vida e vida em plenitude. Esse o verdadeiro presente e a verdadeira celebração. E ao escolher nascer em uma família simples, humilde, sem qualquer pompa, sempre me mostrou o quanto a família é importante. Se nesta época em que, independentemente da crença religiosa, nos dispomos a estar em família, é fundamental que, a partir desta escolha, entendamos a fundamental importância do respeito. Para aqueles que já formaram uma família um dia ou que simplesmente possuem filhos em comum, é imprescindível abrir mão do próprio ‘eu’, em nome daqueles que apenas desejam ter paz, celebrar e ganhar seus presentes, seja com uma ou outra família. Que ao menos nesta época do ano se torne verdadeira e real a frase: Faço qualquer coisa pelos meus filhos! Meu desejo é que ela de fato se concretize para, em nome deles, deixar de lado a amargura, tristeza, raiva, decepção e todos os desejos de vingança, para dar, de fato, para os filhos um Feliz Natal!”

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