Ednéia Silva

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O departamento esclarece ainda que os hidrômetros em uso passaram pela inspeção do Inmetro

Desde que o Daae (Departamento Autônomo de Água e Esgoto) começou a trocar os hidrômetros no ano passado, o número de reclamações sobre aumento no valor das contas é cada vez maior. Vários motivos são apontados pela população para explicar a alta, inclusive que a falta constante de água estaria permitindo a entrada de ar na rede, que gira o relógio dos hidrômetros mesmo quando ele não está sendo usado.

O Daae descarta essa possibilidade. De acordo com a autarquia, “a rede hidráulica do município é um sistema pressurizado, ou seja, mantém pressão e vazão das redes de abastecimento de maneira constante, o que não permite a entrada de ar na rede”.

O departamento esclarece ainda que os hidrômetros em uso passaram pela inspeção do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normatização e Qualidade Industrial). “A logomarca fica na parte interna do visor do relógio e identifica que o aparelho foi fabricado obedecendo ao rigoroso padrão exigido pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)”, explica.

Além disso, o Daae ressalta que “encaminha lotes de novos hidrômetros para serem aferidos pela Sanasa (Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S/A), entidade que também faz análise desses aparelhos quando são solicitadas aferições individuais de hidrômetros por parte de clientes”.

O coordenador de Micromedição da Sanasa, Maurício André Garcia, que tem 20 anos de experiência na área, assegura que os hidrômetros tendem a marcar menos e raramente a mais. Quando isso acontece geralmente é ocasionado por algum fenômeno hidráulico.

De acordo com ele, medidores muitos velhos realmente perdem a capacidade de medição e não captam pequenos vazamentos. Como exemplo, ele cita que, se a caixa de água estiver cheia e água estiver passando devagar na rede, isso não será medido. Quando os velhos hidrômetros são substituídos por novos, com tecnologia mais avançada, o consumo é todo computado, inclusive pequenos vazamentos. Com isso, a conta sobe.

Garcia conta que em Campinas os 300 mil hidrômetros têm idade média de quatro anos. Os aparelhos são substituídos a cada quatro ou cinco anos pela Sanasa para medir corretamente o consumo e evitar perda de receita.

Sobre a entrada de ar na rede, Garcia declara que não existe ar na tubulação, pois não tem como ter água e ar ocupando o mesmo espaço. Segundo ele, toda vez que falta água pode ocorrer a entrada de ar que gira o relógio. Mas quando a água volta o relógio gira em sentido contrário, expulsando o ar. Dessa forma, existe uma espécie de compensação. “Não estou dizendo que existe equilíbrio, mas certa compensação”, frisa.

O supervisor reconhece que pode haver prejuízos em algumas situações de falta de água frequente, como para as pessoas que residem em pontos mais altos, que são as primeiras a ficar sem água e as últimas a retomar o abastecimento. Porém, ele afirma que esse prejuízo nunca irá dobrar ou triplicar o valor da conta. “Se a pessoa consumia 10 m³ e agora consome 40 m³, é impossível que o ar seja o vilão”, destaca.

Ele conta que esse tipo de reclamação é comum quando há troca de hidrômetros muito velhos por novos. Aconteceu em Mogi Mirim, onde o caso foi levado à Justiça e comprovou-se que a medição dos aparelhos estava correta. Para ele, as queixas são normais. O consumidor que utiliza o hidrômetro por muitos anos adquire certos hábitos de consumo, muitas vezes com abuso. Quando o aparelho é trocado e o consumo é corretamente medido, o novo valor causa impacto. Por isso, a importância de fazer substituições frequentes dos aparelhos. Pelas regras do Inmetro, os hidrômetros têm cinco anos de vida útil.

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