Da Redação

O jornal O Estado de S. Paulo publicou matéria nessa segunda-feira (20) falando sobre a falta de estrutura nas cidades que vão receber os novos cursos de medicina dentro do projeto de expansão do governo federal através do programa Mais Médicos. De acordo com o levantamento feito pelo periódico, das 36 que vão receber as novas graduações, 11 não têm programa de residência médica ou o número de leitos exigido pelo MEC (Ministério da Educação e Cultura).

Rio Claro foi incluída nessa lista por não ter programa de residência médica. Sobre o fato, a Fundação Municipal de Saúde explica “que o município não dispõe de residência médica, mas já conta com dois hospitais que oferecem plenas condições para isso: Santa Casa e Casa de Saúde Bezerra de Menezes”. A autarquia destaca ainda que a residência médica pode ser implantada após o início do curso.

“O município já conta com médicos preceptores para a residência médica. O processo seletivo foi realizado em dezembro de 2014 pelo Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa. Rio Claro trabalha para que seja possível residência em medicina da família e saúde coletiva, ginecologia e obstetrícia, psiquiatria e saúde mental”, esclarece.

Outro apontamento feito pelo “Estadão” foi que alguns municípios não têm o número exigido de leitos pelo MEC para instalação do curso: cinco leitos para cada aluno. No caso de Rio Claro, cujo curso terá 55 vagas, serão necessários 275 leitos para atendimento pelo SUS (Sistema Único de Saúde).

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Questionada sobre o assunto, a Fundação de Saúde informou que a cidade dispõe de 304 leitos SUS distribuídos entre a Santa Casa de Misericórdia, Casa de Saúde Bezerra de Menezes e Hospital Santa Filomena, hospital particular que realiza cirurgias eletivas pelo SUS como forma de pagamento de dívidas municipais. O município tem ainda outros 43 leitos para observação, sendo 11 para observação no PSMI (Pronto-Socorro Municipal Integrado), 18 no Pronto-Atendimento do Cervezão e 14 na UPA (Unidade de Pronto-Atendimento).

O resultado final da seleção para escolha da universidade que irá oferecer o curso de medicina em Rio Claro será divulgado em agosto. Em julho, saiu o resultado preliminar, tendo como vencedora a Universidade Anhembi Morumbi, mantida pela Sociedade Educacional S/A. No entanto, o resultado ainda pode ser contestado.

Por conta disso, a instituição disse que não irá se manifestar sobre o assunto. Procurada pela reportagem, a Universidade Anhembi, por meio de sua assessoria de imprensa, disse que somente vai se pronunciar sobre o fato após o encerramento do processo final de seleção em agosto.

A abertura dos novos cursos de medicina, 36 no total, não conta com o apoio das entidades que representam os médicos. Na avaliação do presidente da Associação Paulista de Medicina (APM), Florisval Meinão, a medida é uma irresponsabilidade dos gestores. “Nestas cidades, certamente não existem docentes suficientes, não há hospital-escola com vocação para o ensino. Dessa maneira, serão formados profissionais mal preparados, que colocam a população em risco”, afirma.

Já o Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) promete recorrer à Justiça para impedir a abertura dessas escolas. O órgão divulgou nota pública na quinta-feira (16) onde diz estar preocupado com a qualidade da formação médica que será oferecida pelas instituições e também com a falta de estrutura de alguns municípios.

“Preocupado com a qualidade da formação médica, o Cremesp observa que nenhuma dessas escolas é pública. São escolas privadas com fins lucrativos e pouco comprometidas com a excelência no ensino. As cidades escolhidas em São Paulo são próximas de localidades onde já existem escolas médicas e onde não há necessidade social de mais médicos. Algumas delas, notoriamente, não têm serviços de saúde suficientes e preparados para o ensino médico e não contam com infraestrutura – como hospitais-escolas, por exemplo – ou corpo docente qualificado e em número adequado, entre outras deficiências. Neste sentido, em defesa da sociedade, o Cremesp tomará todas as medidas judiciais cabíveis para impedir a abertura dessas escolas”, diz a nota.

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