O colaborador é cronista, poeta, autor teatral e professor de redação.

Jaime Leitão

Misturar religião com política geralmente tem um efeito pelo menos estranho. É claro que inúmeros políticos se valem da religião para se eleger, contando com apoio de líderes religiosos de denominações variadas.

O depoimento na CPI da Covid na última quarta-feira, no Senado, começou com uma autoapresentação do empresário Carlos Wizard, na qual apelou a versículos bíblicos em boa parte da sua fala e, depois, quando iria começar a responder às questões dos senadores, limitou-se a ficar calado. Como investigado, ele tinha esse direito, mas, para a opinião pública, a sua mudez persistente foi reveladora da falta de argumentos do depoente para se defender.

Repetiu dezenas de vezes a frase: “Reservo-me ao direito de ficar em silêncio”. E os senadores seguiram a rota das perguntas que obtiveram a mesma resposta. Quando foi perguntado sobre qual é a sua religião, ele disse a mesma frase básica.

É mais do que sabido que o depoente é mórmon. Como explicar a sua insistência em não responder a essa pergunta que só atestaria a sua ligação com preceitos bíblicos, colocados por ele na sua apresentação?

Enquanto a CPI segue, recebendo informações, documentos, denúncias sobre supostas irregularidades no Ministério da Saúde, na compra de vacinas para combater a Covid, vários depoentes insistem em negar tudo ou simplesmente permanecer em um silêncio tenebroso e irritante.

A CPI era mais do que necessária para investigar os motivos que levaram o governo e o próprio ministério a atrasar tanto a compra de vacinas, o que provocou um aumento espantoso no número de mortes, o que poderia ter sido evitado. Isso dito por cientistas reconhecidos por seu trabalho sério e comprometido com a vida, não com a morte.

DESTRUIÇÃO
A noite de quarta-feira última deixou a população de Rio Claro completamente atônita ao ouvir o som de uma explosão, que a princípio parecia uma bomba ou até um terremoto, segundo a percepção de alguns moradores das proximidades do Posto Confiante.

Houve um efeito de aturdimento coletivo, levando algumas pessoas a fazer afirmações desencontradas, não por má intenção, mas por ver nas redes sociais imagens de explosão e destruição nunca antes vistas por aqui. Inclusive o prefeito Gustavo Perissinotto chegou a declarar que 4 vítimas da explosão haviam morrido, desmentindo depois.

Peritos estão buscando explicação para o ocorrido. Lamentável que um motorista de caminhão que tentou salvar o motorista da carreta incendiada tenha perecido, mas a percepção nas primeiras horas é de que havia várias mortes, o que felizmente foi sendo negado horas depois.

Os curiosos como sempre não se contentam em acompanhar os fatos à distância, pela TV ou redes sociais. Repórter da EPTV comentou sobre curiosos, alguns sem máscara, inclusive acompanhados de crianças, que estavam naquele local, atrapalhando os serviços de rescaldo e também arriscando a própria vida.

Eu, que moro a uns três quilômetros do local da explosão, levei um susto quando ouvi o estrondo. Imagino quem reside lá perto, nos bairros próximos, onde o terror se instalou, principalmente nos primeiros momentos em que as pessoas se perguntavam: – O que está acontecendo? Está acabando o mundo? É um ataque terrorista? Não, foi um caminhão que pegou fogo e explodiu, com produtos químicos, atingindo pelo menos mais dez veículos. O perigo está em toda parte. E o medo toma conta de nós quando menos esperamos.

O colaborador é cronista, poeta, autor teatral e professor de redação.

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