A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia aponta valores baixos de vitamina D em 50% dos jovens em SP

Fabíola Cunha

A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia aponta valores baixos de vitamina D em 50% dos jovens em SP
A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia aponta valores baixos de vitamina D em 50% dos jovens em SP

Estamos acostumados a ouvir que o sol destrói a pele, fere os olhos e pode até desencadear um câncer. Pois bem, a mesma luz solar, se aproveitada com parcimônia, promove a importantíssima, e comparativamente menos conhecida, síntese da vitamina D. Essa substância atua na síntese do cálcio e na mineralização óssea, tendo sua produção estimulada pela exposição solar, através da pele.

Como trabalhamos cada vez mais dentro de salas sem contato com o sol do início da manhã até o fim da tarde, cresce a irônica estatística de brasileiros com deficiência dessa vitamina. A luminosidade solar do país tropical abençoado por Deus não é aproveitada adequadamente.

E são os ossos que sofrem mais com a falta de vitamina no corpo, como explica o endocrinologista Rodrigo Garcia: “O organismo tira cálcio do osso para manter o nível da substância no sangue. Desta forma, agrava o risco de doenças como reumatismo, artrite, artrose e, principalmente, osteoporose no adulto e raquitismo na infância. Além disso, estudos relacionam a falta de vitamina D ao risco de outras doenças, como câncer de mama, de colo, de próstata, diabetes e doenças cardiovasculares”.

Segundo Garcia, para estimular essa síntese, a pessoa deve receber raios solares de 15 a 20 minutos por dia, diariamente, nos braços, pernas e abdômen, sem protetor solar: “O melhor horário para que haja sintetização da vitamina D pelo organismo é das dez horas da manhã até as três da tarde, por causa do ângulo de incidência dos raios solares. O horário de maior absorção da vitamina D é justamente o que os dermatologistas apontam como o mais perigoso para a pele”, explica.

Aqueles que não querem ou não conseguem permanecer esse tempo expostos devem procurar outras alternativas, investigando sua dosagem corporal de vitamina D e procurando suplementos.

Em ofício elaborado pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia são apontados valores inadequados de vitamina D em 85% dos idosos moradores na cidade de São Paulo, em mais de 90% dos idosos institucionalizados e em cerca de 50% da população de jovens saudáveis. Já estudos da Unifesp revelaram que, em São Paulo, 77,4% dos adultos apresentaram deficiência após o inverno.

O ofício foi encaminhado ao Ministério da Saúde e à Secretaria de Ciência Tecnologia e Insumos Estratégicos solicitando reunião para discutir a inclusão da vitamina D3 na lista de medicamentos fornecidos gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo o texto, a disponibilização corrigiria a deficiência prevalente deste nutriente nos grandes centros urbanos.

Mas nem pense em ‘compensar’ a falta de exposição ao sol durante os dias úteis com uma ‘superdose’ no fim de semana. Além de não funcionar, é obviamente perigoso.

Pessoas com peles mais claras, ou seja, com menos melanina, precisam de menos exposição diária para promover a síntese, quanto mais escura a pele, maior a proteção natural e, portanto, maior o tempo para promover a síntese da vitamina.

Garcia reforça que a adequação do suplemento de vitamina D sempre deve ser feita pelo médico e reforça que prevenção de fraturas e osteoporose passa obrigatoriamente pela correta dosagem: “A suplementação com doses superiores a 700 UI de vitamina D/dia em população idosa conseguiu reduzir o risco de fraturas de quadril em 26% e de fraturas não vertebrais em 23%. Doses inferiores não foram efetivas. Portanto, a adequação das concentrações de vitamina D é obrigatória na prevenção das fraturas e do tratamento da osteoporose”, explica.

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