Um tributo à vida

Por Jaime Leitão

A palavra Amazônia nos remete imediatamente à ideia de vida, de diversidade, de floresta. É como se todo aquele verde das árvores gigantescas penetrasse em nossos olhos e o canto dos pássaros entrasse nos nossos ouvidos. Sinfonia mágica a da floresta.

Infelizmente, a palavra Amazônia vem se transformando em sinônimo de devastação, de destruição dessa vida espantosa que teima em resistir ao avanço de grileiros e derrubadores de mata, para colocar áreas quilométricas de pasto para o gado. Fora a mineração ilegal, predadora e o contrabando de pássaros, alguns em risco de extinção, para vendê-los ao exterior.

Em meio a essa sanha destruidora, sem controle, os que amam a natureza caminham na direção contrária, exaltando a importância da grande e majestosa floresta que não pode acabar, sob pena de colocar em risco toda a vida na Terra.

Na última sexta-feira, a OSESP (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo) apresentou o magnífico concerto “Floresta Villa-Lobos”, um tributo ao genial compositor brasileiro Villa-Lobos, que nutria uma paixão ardorosa pela Floresta Amazônica. Sob a regência de Marin Alsop, norte-americana, que hoje se identifica com o Brasil mais do que muitos brasileiros, o concerto teve como compositor principal Villa-Lobos, mas houve uma mistura que deu muito certo, com inclusões de trechos de músicas de Clarice Assad, Philip Glass, Tom Jobim, Almeida Prado, Krieger, e texto de Guimarães Rosa.

Quem ignora a importância desse patrimônio natural, o maior que existe, sofre de uma cegueira mental que tem um componente altamente criminoso.

Aconteceu uma viagem dos sentidos à floresta que pede socorro, que quer ser ouvida e, acima de tudo, preservada, resistindo à sanha avassaladora de quem prefere ignorar os apelos da comunidade científica de todo mundo para que não siga em frente esse projeto macabro de destruir a nossa maior riqueza.

Na música, nas artes em geral, e na realidade, precisamos com a maior urgência salvar a Amazônia. Não há outro caminho possível e aceitável.

O colaborador é cronista, poeta, autor teatral e professor de redação. [email protected]

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