Lucas Calore
O graffiti está envolvido em inúmeras discussões nos últimos dias. Isso porque o novo prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), decretou que fossem pintados na cor cinza muros de grandes avenidas onde antes havia diversos trabalhos desse tipo de arte. Foi o bastante para que a população paulistana, e de outras cidades do país, se manifestassem a respeito da intervenção.
Letícia Tonon promoveu oficinas de graffiti em bairros de Santa Gertrudes em parceria com a Secretaria de Cultura. Os próprios moradores do município vizinho pintaram muros de suas residências. Ela desaprova o que está sendo feito na capital.
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“São Paulo é conhecida internacionalmente pela arte urbana e por seus grafittis. As obras transformam as ruas numa grande galeria a céu aberto. O grafitti é arte urbana, patrimônio e deve estar em diálogo com a cidade”, opina.
Tonon cita um exemplo na comunidade Las Pamitas, no México. Após um projeto revitalizar todo o local, os índices de violência diminuíram. “Com a autoestima fluindo melhor entre os moradores, as pessoas começaram a passar mais tempo juntas nas ruas, o que ajudou na segurança da comunidade”, explica.
Grafiteiro
O rio-clarense Leonardo de Campos Patrocinio, o Leo_Dco, atua na cena do graffiti desde 1996 e tem obras espalhadas por São Paulo e Europa. “O graffiti e o universo da cultura urbana brasileira são destaque no exterior. Temos que levar isso em consideração e dar o devido respeito a esse movimento que se tornou realidade nas galerias e nas ruas do mundo”, afirma.
Sobre o que tem ocorrido na Terra da Garoa, diz que a questão é preocupante. “Acredito que o ato de apagar um graffiti seja comum, pois já tive inúmeros murais apagados por centenas de motivos. Porém, a forma com que as coisas estão tomando rumo na capital, com o enfrentamento entre administração pública e algumas lideranças da cultura urbana, é preocupante”, finaliza.
