A costureira que mora em Cordeirópolis recebe doações de bonecas e de materiais para as reconstruções

Aos 64 anos, a costureira aposentada e moradora da cidade de Cordeirópolis, Marilene Santana dos Santos encontrou na solidariedade uma missão de vida: reformar bonecas quebradas e entregá-las a crianças em situação de vulnerabilidade social, especialmente em comunidades rurais e assentamentos do município de Jaguaquara, na Bahia, de onde veio. Com habilidade manual, sensibilidade e dedicação, ela devolve dignidade a brinquedos que seriam descartados e leva alegria a quem pouco tem.

Natural de Jaguaquara, Marilene aprendeu a costurar ainda na infância, quando ganhou sua primeira boneca incompleta. Sem condições de comprar brinquedos, passou a confeccionar roupinhas com retalhos e a consertar bonecas danificadas. A experiência marcou sua trajetória e se transformou, décadas depois, em um trabalho voluntário contínuo. “Eu decidi que nenhuma boneca precisava ir para o lixo”, resume.

Hoje, Marilene recolhe bonecas ao longo de todo o ano e faz a restauração completa: reconstrói braços e pernas, troca cabelos, costura roupas novas, faz sapatinhos de crochê e cuida de cada detalhe. Cada boneca é preparada como um presente, com laços, acessórios e embalagens simples, mas carregadas de afeto.

Antes das entregas, ela ainda mostra fotos das bonecas às crianças para que possam escolher qual desejam receber. O gesto respeita os sonhos individuais e fortalece o vínculo emocional. As doações acontecem principalmente no entroncamento de Jaguaquara, região com altos índices de carência social, onde a chegada de Marilene já é esperada com ansiedade pelas famílias.

Ao longo dos anos, centenas de bonecas já foram entregues. Em um dos primeiros anos, Marilene chegou a doar cerca de 250 brinquedos; em outros, o número varia conforme o tempo disponível e a ajuda recebida. O impacto, no entanto, vai além da quantidade. Idosos também recebem bonecas e, muitas vezes, se emocionam ao ganhar o primeiro brinquedo da vida.

Mesmo conciliando o trabalho voluntário com a rotina no quiosque onde trabalha, Marilene não pensa em desistir. Movida pela fé, pela empatia e pela certeza de que pequenos gestos transformam realidades, ela segue firme em sua missão. Com agulha, linha e muito amor, prova que uma boneca reformada pode reconstruir sonhos e histórias inteiras.

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