Araras decreta fechamento do comércio; quem descumprir pagará multa ou poderá ter alvará cassado

Ramon Rossi

O prefeito de Araras Junior Franco (DEM) proibiu a abertura de todo comércio, incluindo bares e restaurantes. A medida está em vigor desde sábado (21) e quem descumprir poderá ser multado no valor de R$ 2.942,08 ou até mesmo perder o alvará de funcionamento. O anúncio ocorreu em seu gabinete, no Paço Municipal, numa transmissão ao vivo pelo Facebook da Prefeitura, com a presença do vice-prefeito e presidente do Saema, Carleto Denardi, e dos secretários da Saúde, Itacil Luiz Zurita Filho, e do Governo, Felipe Castro.

O Decreto nº 6.661/2020, publicado em edição extraordinária do Diário Oficial Eletrônico do Município, determina o fechamento do comércio de forma geral em Araras, exceção aos estabelecimentos que comercializam produtos essenciais, como farmácias, mercados, açougues, peixarias, hortifrutigranjeiros, quitandas, padarias (sem consumo local), lojas de material de limpeza, oficinas mecânicas, borracharias e guinchos.

O Decreto Municipal com medidas de prevenção publicado na sexta-feira (20) recomendava o fechamento do comércio e pedia isolamento domiciliar. Entretanto, como não houve essa colaboração por parte da população, este novo Decreto está determinando medidas mais duras na prevenção.

De acordo com o artigo 2º, inciso II do Decreto, a determinação de fechamento também abrange restaurantes, lanchonetes, pizzarias, lojas de conveniência, bares e entretenimentos. O parágrafo 2º do mesmo artigo permite o funcionamento interno destes estabelecimentos, podendo comercializar seus produtos pelos serviços de entrega (delivery).

O artigo 3º permite a abertura dos seguintes estabelecimentos, desde que adotando medidas preventivas: farmácias, mercados, açougues, peixarias, hortifrutigranjeiros, quitandas, lojas de venda de alimentação para animais, distribuidores de gás, lojas de venda de água mineral, padarias (sem consumo no local), lojas de material de limpeza, postos de combustíveis, oficinas mecânicas, borracharias e guinchos. Nestes estabelecimentos, deve-se limitar o acesso a uma pessoa por família, evitando aglomeração.

O Decreto determina, também, o fechamento de academias, escolas particulares e clubes de lazer. O transporte público terá redução de 50% de sua capacidade, somente com passageiros sentados. E também suspende o uso do cartão magnético gratuito de idosos acima de 60 anos.

A Prefeitura de Araras está com fiscalização na cidade para fazer cumprir as determinações deste Decreto Municipal. Denúncias podem ser feitas na Guarda Civil Municipal, pelos telefones 153 ou 3541-1532, que atuará em conjunto com o setor de Fiscalização da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Obras Públicas. Carros de som também vão circular em todas as regiões da cidade a partir deste sábado, informando as novas medidas preventivas e pedindo a colaboração da população para não saírem de casa.

Brasil tem 34 mortos por coronavírus e 1.891 casos de infecção

ANGELA BOLDRINI, ANA LUIZA ALBUQUERQUE E CATIA SEABRA
BRASÍLIA, DF, E RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS)

O Brasil registrou nesta segunda-feira (23) um total de 34 mortos e 1.891 casos confirmados do novo coronavírus, segundo o Ministério da Saúde.

Entre os mortos, 30 estão em São Paulo e 4 no Rio de Janeiro. A capital fluminense registrou sua primeira morte por Covid-19, de uma mulher de 58 anos que tinha doenças crônicas. Dos 233 casos no estado, 212 são na cidade do Rio e dez em Niterói.

O estado de São Paulo tem o maior número de casos de Covid-19: 745 confirmações. Também há registros em Minas Gerais (128), Espírito Santo (29), Distrito Federal (133), Goiás (23), Mato Grosso do Sul (21), Mato Grosso (2), Rio Grande do Sul (86), Paraná (56), Santa Catarina (68), Pernambuco (42), Ceará (163), Sergipe (10), Bahia (63), Paraíba (2), Maranhão (2) Piauí (6), Rio Grande do Norte (13), Alagoas (7), Rondônia (3), Tocantins (5), Pará (5), Amazonas (32), Amapá (1), Roraima (2) e Acre (11).

O Ministério não informa o número de possíveis casos de Covid-19 por considerar que o país inteiro se encontra em transmissão comunitária -ou seja, quando não é possível identificar a origem do vírus- e, diz que, por isso, qualquer um com sintomas gripais é um caso suspeito.

Trechos das ruas 22 e 23 no bairro Matheus Maniero agora têm mão única de direção

Motoristas de Rio Claro devem ficar atentos para alterações na mão de direção em duas vias do município, no bairro Matheus Maniero. Trechos dessas duas vias que tinham mão dupla agora têm mão única de direção.

A Rua 22 entre a Avenida Saburo Akamine e Avenida 38 passa a ter mão única no sentido centro-bairro.

Já a Rua 23, também entre a Avenida Saburo Akamine e a Avenida 38, agora tem mão única de direção no sentido  bairro-centro.

O objetivo é tornar o trânsito nesses trechos mais seguros, principalmente nos horários de pico. A prefeitura orienta que os condutores redobrem a atenção ao transitarem pelas imediações.

Novas doses de vacina contra gripe chegam nesta quinta (26) em Rio Claro

As doses de vacinas contra a gripe enviadas para Rio Claro pela Diretoria Regional de Saúde em Piracicaba se esgotaram em algumas Unidades de Saúde. Na próxima quinta (26) uma nova remeça será entregue. A orientação é para que a população entre em contato na UBS antes de ir para verificar a disponibilidade.

Antecipada em 23 dias, teve início nesta segunda-feira (23), a Campanha Nacional de Vacinação contra a Gripe. Neste primeiro momento, os públicos prioritários são pessoas acima de 60 anos e trabalhadores da saúde. Serão três etapas em datas e para públicos diferentes. Ao todo, cerca de 67 milhões de pessoas devem ser vacinadas.

A dose contra influenza não tem eficácia contra o coronavírus, porém, neste momento, irá auxiliar os profissionais de saúde na exclusão do diagnóstico para coronavírus, já que os sintomas são parecidos. E, ainda, ajuda a reduzir a procura por serviços de saúde.

ATENÇÃO

Algumas informações falsas passaram a circular na internet sobre uma seleção da vacina por ordem alfabética. Em contato, a Vigilância Epidemiológica de Rio Claro informou que o fato não procede. Na oportunidade foi reforçado que a aplicação da dose em domicílio é feita somente para as pessoas que não podem se locomover.

A Vigilância Epidemiológica realizará a vacinação nos acamados da área central mediante agendamento. Nos demais bairros, o agendamento deve ser feito diretamente nas unidades de saúde de referência. A vacina está sendo aplicada em todas as unidades (UBS e USF), exceto UBS Vila Cristina, USF Brasília e USF Santa Elisa.

Procon de Rio Claro intensifica fiscalização em supermercados

O Procon de Rio Claro está intensificando nesta semana as fiscalizações em supermercados e demais estabelecimentos comerciais do município. O objetivo é impedir os preços abusivos nas prateleiras.

“É um momento de grande dificuldade para todos nós e não podemos permitir que a comunidade, especialmente as pessoas mais carentes, seja penalizada e tenha que arcar com preços indevidamente mais altos”, frisa o prefeito João Teixeira Junior, acrescentando que abusos não serão permitidos. “O Procon tem se manifestado e atuado para medidas rápidas e eficientes que protejam o consumidor”, enfatiza o prefeito Juninho.

A fiscalização irá incluir itens como álcool em gel e produtos alimentícios em geral. “Uma orientação que estamos passando aos comerciantes é para que as quantidades do mesmo item sejam limitadas por consumidor, especialmente o álcool em gel, para que mais pessoas possam adquirir o produto”, observa Benedito Fernandes da Costa, o Tuzinho, diretor do Procon de Rio Claro.

“Reforçamos ao consumidor que não há necessidade de correria e estocagem de alimentos”, acrescenta Tuzinho.

A atuação do Procon inclui também orientações sobre como proceder em situações de viagens já marcadas, como para  cancelamento ou adiamento da viagem. No caso de dúvidas a comunidade pode acionar o Procon pelo telefone (19) 3533-2070 ou 3533-1944 e também pelo email [email protected].

“O bom senso de todos, especialmente dos empresários, deve prevalecer neste momento para que saiamos desta situação da melhor maneira possível”, ressalta o prefeito Juninho.

Covid-19: Governo Federal define atividade da imprensa como essencial

O presidente Jair Bolsonaro definiu como essenciais as atividades e serviços da imprensa como medida de enfrentamento à pandemia de covid-19. O decreto foi publicado ontem (22) em edição extra do Diário Oficial da União .

De acordo com o texto, deverão ser resguardados o exercício pleno e o funcionamento de todos os meios de comunicação e divulgação disponíveis, “incluídos a radiodifusão de sons e de imagens, a internet, os jornais e as revistas, entre outros”. A medida visa garantir a difusão de informações à população e também cumpre o princípio constitucional da publicidade em relação aos atos praticados pelo governo.

Pelo decreto, está proibida a restrição à circulação de trabalhadores da imprensa que possa afetar o funcionamento das atividades. Mas, na execução dos serviços, deverão ser adotadas todas as cautelas para redução da transmissão do novo coronavírus.

Na sexta-feira (20), o governo havia editado decreto com uma lista de 35 atividades essenciais durante a crise provocada pelo covid-19, mas não incluiu a imprensa. Entre os serviços já listados  estão a assistência à saúde (incluídos os serviços médicos e hospitalares), o transporte intermunicipal, interestadual e internacional de passageiros e os serviços de táxi ou de aplicativo, serviço de call center, captação e tratamento de esgoto e lixo, serviços funerários, compensação bancária e serviços não presenciais de instituições financeiras, fiscalização ambiental e fabricação e venda de produtos de saúde, higiene, alimentos e bebidas.

ANJ

Nesta segunda-feira (23), dezenas de jornais brasileiros unificam suas capas como forma de apoio ao combate à pandemia de covid-19. A ação é uma campanha da Associação Nacional de Jornais (ANJ) contra a desinformação, que pode agravar as consequências do novo coronavírus.

A mensagem do anúncio destaca a importância da informação e da responsabilidade de todos no enfrentamento da pandemia. “Ao se unirem em um esforço em comum, os jornais também conclamam para a valorização da informação jornalística e criam uma hashtag unificada – #imprensacontraovirus – que indica os esforços dos meios de comunicação na luta coletiva contra o vírus”, informou a ANJ.

De acordo com a entidade, estudos indicam que, diante de desafios, como a pandemia do novo coronavírus, as pessoas têm mais preocupação com informações falsas espalhadas nas redes sociais e tendem a depositar mais confiança no jornalismo profissional. “Pesquisa da Edelman divulgada na semana passada, por exemplo, revelou que a maior parte (64%) das populações de dez países, inclusive a do Brasil, vê na imprensa a fonte de informação mais confiável neste momento”, diz a ANJ.

Bolsonaro diz que mandou revogar artigo da MP que permite suspensão de contrato de trabalho

BERNARDO CARAM – BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) 

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) anunciou que revogou o artigo da medida provisória que permitia a suspensão dos contratos de trabalho por quatro meses.

A decisão foi anunciada por ele em rede social. A MP foi publicada na noite deste domingo (22).

“Determinei a revogação do art. 18 da MP 927 que permitia a suspensão do contrato de trabalho por até quatro meses sem salário”, disse em suas redes sociais.

A MP (Medida Provisória) já está valendo e autoriza suspensão do contrato de trabalho por até quatro meses.

No período, o empregado deixa de trabalhar, assim como o empregador não pagará salário. A empresa é obrigada a oferecer curso de qualificação online ao trabalhador e a manter benefícios, como plano de saúde.

Segundo o texto, o empregador poderá conceder uma ajuda compensatória mensal, “sem natureza salarial”, “com valor definido livremente entre empregado e empregador, via negociação individual”.

A medida foi criticada pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que chamou a proposta de “capenga”.

“Tenho certeza de que temos que construir rapidamente com a equipe econômica outra medida provisória”, disse.

Em entrevista concedida última semana, técnicos do Ministério da Economia não haviam informado que seria autorizada a suspensão de contratos.

Na ocasião, foi anunciada outra ação que acabou não oficializada na MP deste domingo. Pela medida, haverá uma permissão de que o empregador, em acordo com o trabalhador, promova um corte de até 50% de salário e jornada.

O governo ainda daria uma compensação de salário para parte dos trabalhadores que tivessem salários cortados durante o período de crise.

Esse auxílio, destinado a quem recebe até dois salários mínimos, seria uma antecipação de 25% do valor que essas pessoas que teriam direito mensalmente se perdessem o emprego e solicitassem o seguro-desemprego.

O secretário especial de Previdência e Trabalho, Bruno Bianco, disse que, ainda nesta semana, será publicada a outra MP que permite essa redução de jornada e salário do trabalhador.

Antes da ordem de revogação pelo presidente, Bianco chegou a justificar a medida, afirmando que o foco era a proteção do emprego.

“Será em acordo entre empregadores e empregados. E terá, sim, uma parcela paga pelo empregador para a manutenção da subsistência e vida do empregado”, afirmou Bianco numa rede social na manhã desta segunda.

Região de São Carlos tem quatro mortes com suspeita de Coronavírus

Quatro pacientes com suspeita de Coronavírus na região de São Carlos morreram nos últimos dois dias. Até o momento não foi confirmado que nenhum destes casos é de Covid-19, porém todos os óbitos estão sendo investigados.

Só neste Domingo (22) foram três mortes com suspeita da doença na região. Os casos foram registrados em São Carlos, Porto Ferreira e Araraquara.

No caso do paciente de São Carlos se tratava de um homem de 57 anos que estava hospitalizado desde quarta-feira (18) com problemas respiratórios. Os exames do homem foram encaminhados para o Instituto Adolfo Lutz, mas ainda não tiveram os resultados divulgados.

Em Araraquara, a morte de um homem de 72 anos está sendo investigada. Um paciente atendido pelo SAMU e encaminhado para um hospital neste Domingo (22) apresentou um caso de rápida evolução para insuficiência respiratória e veio a óbito no mesmo dia. Como apresentava sintomas que podem indicar Covid-19, foram coletados exames e o caso será analisado.

Já em Porto Ferreira, o óbito de uma mulher de 64 anos com problemas pulmonares é que levanta a suspeita. Segundo a Prefeitura de Porto Ferreira, a Vigilância Epidemiológica colheu amostras e vai encaminhá-las para exames para verificar se a mulher foi vítima do novo coronavírus.

Nesta segunda (23), um novo caso de morte com suspeita de Covid-19 foi registrado na região de São Carlos, no município de Ibaté. Uma idosa, de 85 anos, morreu após apresentar complicações respiratórias graves. Os órgãos de saúde colheram exames e encaminharam para o Adolfo Lutz , alé de orientarem a necessidade de quarentena para familiares até o resultado do exame.

Em meio a crise, Bolsonaro diz que governo poderá suspender dívidas de estados com a União

JULIA CHAIB – BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)

O presidente Jair Bolsonaro disse nesta segunda (23) que o governo pode liberar estados do pagamento de dívidas com a União em meio à crise gerada pelo avanço do novo coronavírus.

Bolsonaro ponderou, porém, que seria preciso consultar o ministro Paulo Guedes (Economia) sobre o impacto fiscal da medida.

Uma decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), neste domingo (22), determinou a suspensão pelo prazo de seis meses do pagamento das dívidas de São Paulo com a União.

Bolsonaro foi questionado sobre a determinação do STF em entrevista na frente do Palácio da Alvorada.

“Isso já vinha sendo discutido, está no pacto federativo essa proposta, está certo? Pode [suspender o pagamento das dívidas], mas tem que ouvir o Paulo Guedes”, disse.

“Ele [Paulo Guedes] que vai dizer na ponta da língua quanto custa, não sei quantos bilhões, talvez R$ 18 bilhões, se não me engano, custaria essa medida para estender para os demais estados. E, pelo que me consta, São Paulo é o estado que mais deve”, continuou.

A decisão do ministro Alexandre de Moraes determina que o governo paulista invista o dinheiro que deveria ser pago para abater o débito em ações de combate ao coronavírus.

A determinação se aplica a uma parcela de R$ 1,2 bilhão que deveria ser paga nesta segunda-feira (23).

A decisão foi tomada em caráter de urgência, segundo o ministro, e vale até que seja analisada pelo plenário do tribunal.

A determinação pode provocar um efeito dominó, levando outros estados a também procurarem o Supremo para solicitar a suspensão desses pagamentos.

Com pandemia, Congresso já fala em ano perdido para reformas

DANIEL CARVALHO E FÁBIO PUPO – BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) 

Com os trabalhos da equipe econômica voltados ao enfrentamento da crise do coronavírus e o cancelamento de várias reuniões presenciais no Congresso, parlamentares já falam em um ano perdido para as reformas tributária e administrativa.

Se 2020 já teria um calendário apertado por causa das eleições municipais que monopolizam congressistas no segundo semestre, a disseminação da Covid-19 pelo mundo e seus efeitos na economia paralisaram muitos dos que tentavam fazer andar as duas reformas na primeira metade do ano.

Apesar de o governo nunca ter enviado ao Congresso suas propostas para as reformas tributária e administrativa (que muda regras para futuros servidores federais), elas eram tidas como prioridade na agenda do ministro Paulo Guedes (Economia).

Após ele ter enviado uma lista de 48 medidas para serem tocadas pelo Congresso como resposta à pandemia, a lista foi encolhida.

Hoje, trata como prioridade três medidas, que enfrentam algum grau de resistência no Legislativo -a PEC (proposta de emenda à Constituição) do Pacto Federativo, a privatização da Eletrobras e o Plano Mansueto, de socorro aos estados.

Uma das três propostas, a da privatização da Eletrobras, foi até retirada do Orçamento por causa das dificuldades para ser aprovada.

Enquanto isso, os outros temas têm ficado em segundo plano.

“Não creio que, neste ano, teremos condições de oferecer a reforma tributária. Vamos perder mais um ano. A reforma administrativa não é conhecida, mas já é rejeitada”, diz Alvaro Dias (PR), líder do Podemos no Senado, a terceira maior bancada da Casa.

Embora sem a proposta do governo, a comissão de reforma tributária começou a trabalhar e, se não tivesse sido cancelada por causa da pandemia, receberia Guedes.

Os congressistas tinham a esperança de que ele apareceria com as diretrizes do governo para o texto em discussão.

“Se não dá para fazer reunião, nada impede que ele [Guedes] mande a proposta. Estou aguardando. Estamos trabalhando a quatro mãos. Mas estão faltando duas”, disse o senador Roberto Rocha (PSDB-MA), que preside o colegiado e insiste em que, apesar da desaceleração no ritmo dos trabalhos, ainda tem esperança no cumprimento do calendário da reforma.

O secretário especial da Receita Federal, José Barroso Tostes Neto, disse que iria mandar a proposta do Executivo sobre o tema na terça (17), mas postergou por causa da paralisação dos trabalhos.

Agora, a equipe econômica está em regime de força-tarefa para analisar os estragos do coronavírus e medidas para amenizar o problema.

Na equipe econômica, a visão é que o ano não chega a estar perdido, e a chance de tramitação das matérias pode voltar a subir em algum momento. Mas é reconhecido que o cenário neste momento está “bem mais complicado”.

A Bolsa brasileira terminou a semana com queda acumulada de 18,9%, o pior desempenho para o período desde a segunda semana de outubro de 2008, ano da última crise financeira, quando o índice caiu 20%.

A crise levou o governo a cortar a projeção oficial para o crescimento do PIB em 2020 de 2,10% para 0,02%.

Até quem tenta nutrir alguma esperança no andamento ao menos da reforma tributária reconhece que ela só poderá ser retomada após a superação da crise.

Na sexta-feira (20), o ministro Luiz Henrique Mandetta (Saúde) afirmou que a curva de transmissão do novo coronavírus no Brasil só deve apresentar “queda profunda” em setembro.

“Podemos retomar a discussão ainda no primeiro semestre, mesmo que remotamente. Se não der para votar, ao menos cumprir os prazos. Reduz o ritmo? Lógico. Mas não dá para descartar”, afirma o líder do DEM na Câmara, Efraim Filho (PB), para quem a outra reforma, a administrativa, “vai ficando cada vez mais para um segundo momento”.

O líder do MDB no Senado, Eduardo Braga (AM), lembra que medidas estão sendo tomadas para que o Congresso não pare de funcionar por causa do coronavírus.

Na sexta, foi realizada a primeira votação a distância da história do Legislativo.

A partir desta semana, Câmara e Senado começam a usar sistemas de deliberação remota. Isso permite que deputados e senadores votem de suas casas, sem necessidade de viajar a Brasília.

“Estamos fazendo um esforço absoluto sobre o tema [reformas], inclusive implementando um sistema de votação a distância. Mas, sem dúvida, as coisas estão mais complicadas. Acredito que tudo é sempre viável, mas não sabemos como vai ser nem sequer o dia de amanhã”, diz Braga.

Antigo aliado do governo e agora independente, o líder do PSL, senador Major Olímpio (SP), diz já não acreditar que uma reforma administrativa chegue ao Congresso neste ano.

“Desde novembro que ouço [o governo dizer] ‘eu encaminho’. Se tivesse amarrado a reforma no casco de uma tartaruga manca vinda do [Palácio do] Planalto até o Congresso, já teria chegado”, afirma Olímpio.

O pessimismo é semelhante em relação à reforma tributária.

Ele diz não ver mais possibilidade de que ela avance neste ano. “Lamentavelmente, vai ser um ano perdido em relação a isso.”

Jornal Cidade RC
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