Rio Claro registra 39 casos de Covid em 24h; recuperados chegam a 84 pessoas

A Secretaria de Saúde de Rio Claro divulgou na tarde de sábado (13) boletim em que são confirmados 39 novos casos de coronavírus na cidade. Com isso, município chega a 348 casos positivos. Dos novos casos, dois estão hospitalizados. O total de pacientes internados é 46, sendo 14 em UTI.  O município tem 20 óbitos por coronavírus confirmados e um em investigação. O número de pacientes recuperados subiu para 84.

Tiago Iorc responde polêmica envolvendo dupla Anavitoria

 (FOLHAPRESS) – Na noite desta sexta-feira (12), a dupla Anavitória participou de um pequeno festival de lives em celebração ao Dia dos Namorados, que também contou com Nando Reis e Duda Beat na programação.

Mas o que chamou a atenção dos fãs foi o desabafo feito por Vitória Fernandes Falcão ao introduzir a canção “Trevo (Tu)”, que integrou o primeiro álbum da dupla, lançado em 2016. Sem citar o nome de Tiago Iorc, co-autor da faixa que, segundo ela, “abriu muitas portas e foi muito especial”, a cantora disse que o compositor as estaria impedindo de regravá-la para um projeto que o duo está para lançar.

“A música que a gente vai cantar agora é uma música muito especial na nossa carreira, muito forte no meu coração. Eu escrevi ela em 2015 e convidei um amigo para escrever comigo. Esse amigo me deu um refrão lindo, que a gente ama muito e vocês conhecem bem”, disse. “Essa semana, a gente recebeu uma notícia um pouco estranha e um pouco triste também, que esse outro autor da música está impedindo a gente de regravar a nossa música”, afirmou, defendendo que, em seu entendimento, a partir do momento em que a arte chega às pessoas, ela não é mais dela, mas sim do mundo.

“Me dói muito isso acontecer. Eu espero que os caminhos dessa música nunca sejam interrompidos. E eu espero que essa pessoa receba essa mensagem porque é com todo o meu coração e todo o meu amor”, finalizou.

Tiago Iorc recebeu a indireta e, no dia seguinte (13), publicou um comunicado em vídeo no seu Instagram em resposta à manifestação da dupla. O cantor começou brincando que estava sendo cancelado em pleno sábado, mas logo mudou o tom da fala. Deixando claro que se sente extremamente desconfortável em se manifestar publicamente sobre um assunto que ele considera que deveria ser privado, Tiago afirmou que entende o sentimento das meninas e que provavelmente se sentiria da mesma forma se não soubesse o que está acontecendo por trás disso tudo.

“Fica evidente que, nessa sua atitude impensada de tornar isso público, você realmente, da missa, não sabe a metade”, disse, afirmando que Felipe Simas estaria tentando atrapalhar sua carreira. “O escritório que gerencia a carreira de vocês, que é o escritório com o qual eu trabalhava, não trabalho mais, vem repetidamente sabotando o meu trabalho, agindo de má-fé para me prejudicar realmente, causando danos inclusive financeiros”, explicou.

No início de junho, Iorc anunciou que, após encerrar a parceria com o empresário Felipe Simas, com quem trabalhava desde 2010, havia criado seu próprio escritório para cuidar de todos os assuntos relacionados a sua carreira. Assim, também deixou de produzir os discos do duo, que segue sendo agenciado por Simas.

No início da carreira da dupla, o empresário convidou o cantor e compositor para cuidar da produção musical delas. “Essa parceria [do cantor com a dupla] se encerrou em 2019, de forma consensual, considerando discordâncias profissionais entre as partes”, diz a nota oficial enviada pelo empresário à reportagem na ocasião.

Ao fim do vídeo, Tiago disse que entendia a dor das meninas de querer que a música vá para o mundo, mas que achava um pouco contraditório, “porque, de fato, a música é para as pessoas, mas a lei do direito autoral existe justamente para proteger os autores”. Quanto à liberação da música, o cantor disse que elas poderiam ficar tranquilas. “Eu não tenho o intuito de prejudicar vocês nem a música, eu só estou revendo o meu direito, e muita coisa precisa ser esclarecida em relação ao escritório de vocês antes que isso possa existir. Eu tenho certeza que vai existir no momento adequado, que as coisas vão ficar entendidas frente à realidade de tudo que está acontecendo e respeitando o direito de todo mundo”, encerrou.
Até o momento, Felipe Simas e Anavitória não se manifestaram sobre as acusações de Tiago Iorc.

Sonhos podem revelar como está o processo de adaptação ao ‘novo normal’

Karina Toledo | Agência FAPESP – E, de repente, foi preciso evitar beijos, abraços e até um fraterno aperto de mão. Usar máscara para sair de casa, tirar os sapatos quando voltar, higienizar tudo com álcool em gel. Dedicar mais tempo aos filhos, ficar longe dos amigos e dos colegas de trabalho. O quarto virou escritório; a sala, academia; e o velho tapete azul trazendo lembranças do mar.

Neste cenário de isolamento imposto pela COVID-19, o cérebro recorre aos sonhos para metabolizar as emoções intensas vivenciadas durante o dia e assimilar eventuais experiências que possam favorecer a sobrevivência, em uma estratégia de adaptação ao “novo normal”.

“Segundo alguns teóricos, a realidade onírica é como uma super-realidade virtual que nos permite, em um contexto de medo profundo, treinar e melhorar a performance em aspectos cruciais do cotidiano”, explica à Agência FAPESP a neurocientista Natalia Mota, pós-doutoranda no Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

Partindo dessa premissa, a pesquisadora analisou relatos de sonhos de um grupo de voluntários com o objetivo de investigar como estavam sendo afetados pela pandemia e pelo isolamento social. Os resultados do estudo – divulgados na plataforma medRxiv, ainda em versão preprint (sem revisão por pares) – sugerem que, quanto maior era o grau de sofrimento do indivíduo no primeiro mês da quarentena, mais comuns eram as menções a termos associados à ideia de “limpeza” nos relatos oníricos.

O trabalho integra o projeto de pós-doutorado de Mota, supervisionado pelos pesquisadores Sidarta Ribeiro (UFRN) e Mauro Copelli (Universidade Federal de Pernambuco). Ambos são coautores do artigo e integram o Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão em Neuromatemática (NeuroMat), um CEPID apoiado pela FAPESP na Universidade de São Paulo (USP).

Ferramentas para uso clínico

Com apoio da rede NeuroMat, Mota desenvolveu nos últimos anos uma série de aplicativos e softwares que permitem, por meio da análise do discurso, diagnosticar doenças psiquiátricas, particularmente a esquizofrenia, com bastante acurácia.

Essas ferramentas foram posteriormente adaptadas para fazer avaliações cognitivas, principalmente de crianças na fase de alfabetização, como explica Ribeiro. “Vimos que um indivíduo saudável começa a organizar seu discurso entre os cinco e os oito anos de idade e essa habilidade vai se aprimorando até a idade adulta. Mas em pessoas com doenças como esquizofrenia essa capacidade em vez de avançar começa a decair quando chega a adolescência”, diz o pesquisador.

Estudos anteriores do grupo comprovaram que os relatos de sonhos se configuram no material mais rico para esse tipo de análise, pois garantem acesso direto ao que vai no inconsciente dos indivíduos.

“Se eu te contar como foi meu dia ontem, por exemplo, será um relato cronológico e baseado em fatos reais. Não será muito diferente do relato de um paciente bipolar ou esquizofrênico. Mas quando comparamos narrativas oníricas vemos que são completamente distintas”, afirma Ribeiro.

Na avaliação do pesquisador, isso acontece porque o relato onírico não é construído a partir da interação com outras pessoas e, portanto, a patologia não fica diluída na normalidade dos demais envolvidos na história. “A narrativa é mais livre e 100% construída na mente do paciente”, diz.

Um dos aplicativos desenvolvidos pelo grupo para uso clínico possibilita a coleta de dados, na forma de áudio, por meio do smartphone do próprio indivíduo a ser avaliado. Para testar a viabilidade da ferramenta, entre os meses de setembro e novembro de 2019, os pesquisadores solicitaram a um grupo de voluntários saudáveis que enviassem o relato diário de seus sonhos em mensagens com no mínimo 30 segundos de duração.

“Quando pretendíamos iniciar os testes em um grupo de pacientes com esquizofrenia veio a COVID-19 e, com ela, toda uma discussão sobre como a crise de saúde estava alterando a qualidade do sono e o padrão dos sonhos. Decidimos então comparar nossa amostra coletada no período pré-pandemia com outra realizada no primeiro mês da quarentena, também com voluntários saudáveis, para ver as diferenças na estrutura e no conteúdo do discurso”, conta Mota.

Relatos fornecidos por 67 voluntários foram avaliados por meio de três ferramentas desenvolvidas pelo grupo. A primeira, focada na estrutura do discurso, compara o quão complexa e conectada é a trajetória de palavras usadas na narrativa.

“O discurso de uma pessoa adulta, escolarizada e sem patologia mental costuma ser bastante conectado. O relato tem começo, meio e fim. Já o de um paciente com esquizofrenia, de modo geral, é mais pobre, bastante fragmentado e desorganizado. Mas como o estudo foi feito com voluntários saudáveis não vimos diferença em termos de estrutura nos relatos pré e durante pandemia, como esperado”, diz Mota.

A segunda e a terceira ferramentas têm como foco o conteúdo do discurso. Uma delas mede – a partir da comparação com dicionários padronizados – a proporção de palavras inseridas em determinadas classes, como, por exemplo, conteúdo sentimental. Foi analisada no estudo a quantidade de palavras associadas a emoções positivas e negativas. “De modo geral, os relatos de sonhos durante a pandemia tinham maior proporção de palavras relacionadas à raiva e à tristeza do que no momento anterior”, conta a pesquisadora.

Por meio da terceira ferramenta – que mede a semelhança dos relatos a temas específicos por meio da construção de mapas de similaridade semântica – foi possível mensurar o quanto as palavras empregadas no relato estão próximas de termos como “contaminação”, “limpeza”, “doença”, “saúde, “morte” e “vida”.

“Identificamos que os sonhos do primeiro mês da quarentena estavam mais associados aos termos contaminação e limpeza, mas não notamos diferença em relação à doença e saúde ou morte e vida. Nossa interpretação é que, naquele momento, as pessoas ainda estavam se adaptando às regras mais rígidas de higiene e ao medo da contaminação. Possivelmente, o medo da morte e da doença não tenha aparecido porque nenhum dos participantes ou familiares próximos tinha contraído a doença até então”, avalia Mota.

Ao final de um mês, os pesquisadores buscaram mensurar o grau de sofrimento mental de todos os participantes por meio de escalas psicométricas – questionários padronizados e validados adotados em muitos estudos da área.

“Todos os voluntários apresentavam uma sintomatologia leve, mas havia uma grande variabilidade entre eles. Ao correlacionar a severidade dos sintomas às peculiaridades que aparecem nos relatos dos sonhos, notamos que os indivíduos que mais mencionavam termos relacionados à limpeza eram os que mais estavam tendo dificuldade para manter relações sociais de qualidade durante o primeiro mês de quarentena e mais estavam sofrendo com isso. Esse achado indica uma adaptação mais pobre à situação de isolamento social”, conta Mota.

Após o término do experimento, os pesquisadores solicitaram aos voluntários que avaliassem a experiência de observar os próprios sonhos ao longo de um mês. As respostas foram pareadas entre sensações positivas (como esperança) e negativas (como ansiedade).

Segundo Mota, os aspectos negativos foram mais frequentes na avaliação dos indivíduos cujos sonhos estavam mais relacionados aos termos “contaminação” e “limpeza”. “De maneira geral, concluímos que foi um processo benéfico observar os sonhos nesse momento de pandemia. É uma forma de olhar para nossas emoções e refletir sobre o que estamos vivenciando e pode favorecer a busca por soluções”, avalia a pesquisadora.

Para Ribeiro, o estudo mostra que os sonhos refletiram de forma rápida e robusta as mudanças impostas pela pandemia, confirmando a existência de uma continuidade entre sonho e vigília defendida desde os estudos iniciais de Sigmund Freud (1856-1939) e Carl Gustav Jung (1875-1961). “Aquilo que está na sua vida onírica e diz respeito a essa emergência planetária se expressa como sofrimento quando você está desperto. Esse achado reforça a ideia proposta por Freud de que os sonhos são a via régia para o inconsciente e um material particularmente rico para diagnóstico”, afirma o pesquisador.

O artigo Dreaming during Covid-19 pandemic: Computational assessment of dreams reveals mental suffering and fear of contagion pode ser lido em https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2020.05.19.20107078v2.

Morre morador em situação de rua vítima de agressão em Rio Claro

Morreu na tarde deste sábado (13) Rodrigo Aparecido Dourado, de 38 anos, morador em situação de rua que teria sido vítima de espancamento na última semana no no bairro Jardim Mirassol, próximo do Terminal Rodoviário de Rio Claro.

De acordo com os familiares, após a agressão ele foi socorrido e internado na Santa Casa de Misericórdia, onde entrou em estado de coma na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Na sexta-feira (12) foi constatada a sua morte cerebral.

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) atendeu a ocorrência após solicitação de populares no dia da agressão. Segundo informado, ao chegar no local a vítima estava caída ao solo, inconsciente e com lesões graves.

Duas pessoas que estavam com Rodrigo relataram que homens que estavam em um veículo com placas de Limeira se aproximaram deles e, após ameaças, o espancaram com um pedaço de madeira. Os colegas da vítima correram para solicitar ajuda e a Guarda Civil Municipal também foi acionada.

Com muitos cortes profundos na cabeça e hematomas pelo corpo, o Samu socorreu Rodrigo até o Pronto Socorro Municipal Integrado (PSMI), onde posteriormente foi internado na UTI da Santa Casa.

A família agora pede rigor na investigação para identificar os agressores. O velório ocorre neste domingo (14), a partir das 7h e o sepultamento será às 10h, ambos no Velório e Cemitério Municipal “São João Batista”.

Retomada do comércio em Rio Claro teve venda 65% menor que em dia habitual

Os resultados da primeira semana de flexibilização do comércio de rua em Rio Claro apontam que as vendas foram 65% menores em comparação com os dias habituais que antecederam o isolamento social no município como enfrentamento ao novo coronavírus. É o que afirma o levantamento realizado pela Associação Comercial e Industrial de Rio Claro (Acirc), em pesquisa com 60 lojistas do comércio tradicional.

Desde o dia 1º de junho que os estabelecimentos estão funcionando em horário reduzido, com expediente de quatro horas diárias, das 9h30 às 13h30. De acordo com o levantamento, para outros 20% dos entrevistados as vendas foram maiores do que antes do início da quarentena, enquanto para 15% as vendas se mantiveram iguais. Os dados também apontam que, enquanto as lojas não podiam reabrir, 88% delas fizeram vendas utilizando canais alternativos, como redes sociais e telefone.

A primeira semana também foi de registro de grandes filas no comércio, sobretudo na região central. Segundo os comerciantes, 50% entraram nas lojas para efetuar uma compra e outros 40% para efetuar pagamentos de carnês ou boletos. Com relação aos funcionários dos estabelecimentos, 59% fizeram acordo para reduzir carga horária ou suspenderam contratos de trabalho, 30% fizeram demissão e 11% mantiveram o quadro original.

O levantamento também aponta que 90% dos comerciantes não contrataram empréstimos bancários para saldar dívidas, mas utilizaram medidas como renegociação de contratos com prestadores de serviços, com fornecedores, anteciparam recebíveis e cortaram todas as despesas que eram possíveis, enquanto os outros 10% contrataram empréstimos.

Já 81% dos supermercados registraram aumento no fluxo de consumidores e 19% tiveram diminuição nas vendas. Os alimentos de maneira geral foram 83% da opção de compras, enquanto 17% outros produtos, com forte presença de material de limpeza. 60% das empresas não alteraram o quadro de colaboradores, 30% das empresas contrataram novos funcionários e 10% realizaram demissões.

VÍDEO: entrega de agasalhos e cobertores tem início em Rio Claro

Teve início esta semana a entrega de roupas de frio arrecadadas na Campanha do Agasalho para a população de Rio Claro. As peças, em diferentes numerações, atendem ao público masculino, feminino e infantil.

“Estamos muito felizes em mais um ano poder beneficiar aqueles que mais precisam. Quero agradecer imensamente a todos aqueles que colaboraram nos enviando peças em boas condições de uso que irão aquecer de maneira solidária os que mais precisam e não têm condições de adquirir”, disse Paula Silveira Costa, presidente do Fundo Social de Solidariedade de Rio Claro.

Diante da pandemia da Covid-19, medidas de segurança foram adotadas seguindo as recomendações da Vigilância Epidemiológica: “Em outros anos a população era convidada a entrar e podia ela mesma pegar as roupas. Agora duas colaboradoras atendem os interessados, que repassam a numeração e o que desejam, e na sequência elas mostram as opções. Essas funcionárias estão de luvas para evitar qualquer tipo de contaminação nas peças. Além disso tudo o que foi doado para nós passou por um criterioso processo de higienização”, ressalta Paula.

Morador do Parque Universitário, Paulo César de Marcos, 57 anos, está desempregado e ainda enfrenta problemas de saúde com a realização de sessões de hemodiálise. Ele foi um dos primeiros a buscar a ajuda solidária para o inverno no Barracão: “Eu vim buscar uma calça e ainda ganhei um cobertor novo. Ajuda muito este trabalho que elas fazem aqui”, afirmou.

Como funciona

Os interessados podem agendar um horário para retirada das roupas de frio através do telefone 3532-6357 ou ir direto ao Barracão da Solidariedade que fica na Rua 1-B, número 411, bairro Cidade Nova. É importante levar um comprovante de endereço, RG e CPF. O horário de atendimento é de segunda a sexta das 8h às 11h e das 13h às 16h.

“País vergonhoso”, diz vítima de tentativa de homicídio após réus serem soltos

Os dois réus condenados a nove anos e quatro meses de prisão por tentativa de homicídio em 2017 contra o jovem rio-clarense Rafael Bandeira ganharam a liberdade quatro meses após receberem a sentença no Fórum de Rio Claro.

O advogado Ariovaldo Witzel, que representa um dos réus, entrou com um pedido de revisão, alegando falha no processo. A solicitação foi acatada e, com isso, o julgamento bem como a condenação dos acusados a nove anos e quatro meses de prisão em regime fechado foram anulados. Um novo julgamento será marcado, mas ainda sem data definida.

Agressão em 2017

O caso envolvendo a vítima Rafael Bandeira ganhou repercussão nacional. Ele saiu com dois amigos de um pub e na Rua 1 com a Avenida 29, no Cidade Jardim, foram abordados por indivíduos que estavam em um carro. O passageiro perguntou para o trio se eles tinham um isqueiro. Os jovens disseram que não tinham e continuaram andando.

Foi neste momento que um dos ocupantes desceu do veículo e atingiu Rafael na cabeça, utilizando um bastão de madeira. Na sequência eles fugiram. A vítima ficou 12 dias internada na UTI, passou por cirurgias e recebeu dos médicos a notícia de que havia perdido 100% da audição do ouvido esquerdo.

O julgamento

Adiado em novembro de 2019, a sentença foi conhecida em 13 de fevereiro deste ano. Agora anulado, vítima e réus aguardam nova decisão. O julgamento foi anulado por votação unânime. A liberdade provisória dos réus aconteceu sob as condições de que devem comparecer em juízo a cada 30 dias para justificar suas atividades, não podem sair da cidade em que residem sem prévia autorização judicial e não podem se aproximar da vítima ou de familiares dela.

Noite em abrigo anti-Covid termina em casório em Piracicaba

CAROLINA VILA-NOVA
AMERICANA, SP (FOLHAPRESS) – Eles se conheciam de vista, na vida das ruas de Piracicaba, mas nunca tinham se aproximado. Não podiam imaginar que a chance de concretizar o interesse platônico viria na pandemia. Quando a prefeitura montou um abrigo no Ginásio Municipal, no Jaraguá, para proteger a população de rua da cidade durante a pandemia de coronavírus, Adriana Cristina da Silva Ventura, 46, foi uma das primeiras a se alojar.

Dois dias depois, notou a chegada de Alexon Cardoso da Silva, 31. Observavam-se à distância até que o rapaz, achando o abrigo lotado e bagunçado, decidiu ir embora depois de uma semana por lá.
Quando percebeu a movimentação, Adriana conta que se alarmou. “Pensei: é o amor da minha vida, não posso deixar que isso aconteça.”
Era hora do lanche da tarde. Para chamar a atenção, ela deu um tapa na mesa. Ele se deteve no portão e voltou.

Foi quando ela o abordou. “Por favor, não vai embora, fica comigo”, disse. “Tá bom, eu fico”, respondeu Alexon. Em um mês, se conheceram melhor; ele a pediu em namoro e depois em casamento, e então se casaram.
“Foi um amor incondicional. A gente dormiu conversando e acordou se amando”, conta Adriana. “E eu tirei na mega-sena”, fala, rindo, da diferença de idade dos dois.

“Depois de um mês no abrigo, quando já estavam ‘limpos’ [sem usar drogas], eles me perguntaram se tinha como eles se casarem”, conta o pastor Manoel Martins, da Igreja do Nazareno, coordenador do ginásio ao lado da pastora Berenice Costa e do pastor Rodrigo Bueno.

Com eles atuam 15 voluntários, além de funcionários das secretarias municipais de Saúde e de Assistência e Desenvolvimento Social.
“Dissemos: sim, podemos fazer esse casamento. Mas vamos conversar. Casamento não é brincadeira, vocês têm certeza? Eles responderam: ‘nós queremos mudar de vida, pastor'”, conta Manoel.

O casamento foi organizado pelos voluntários, ligados a diferentes igrejas e religiões, que emprestaram aos noivos as roupas para a cerimônia, decoraram o local e fizeram uma festa surpresa. A pastora Berenice celebrou a união. “Antes, conversei muito com eles sobre a relação, sobre o cuidado um com o outro. Conversei que não devem dormir bravos um com o outro, mas que deviam fazer as pazes e perdoar.”

No dia em que conversaram com a reportagem, por chamada de vídeo, completavam um mês de casados. “Está sendo muito bom, estamos muito felizes. Agora vamos oficializar no civil,” disse Andriana. “Tem pessoas a quem a gente agradece imensamente, que apostaram no nosso relacionamento, na nossa melhora, no nosso futuro.”

O pastor Manoel está preparando o que chama de Casa de Compaixão sem Fronteiras e quer que o casal assuma a coordenação do local. A ideia é acolher os moradores de rua que saiam do ginásio e que estejam em condições de morar de maneira independente e procurar emprego. A prefeitura ficou responsável por disponibilizar cursos profissionalizantes. “Eu já trabalhei em casa de recuperação, já sei lidar com esses nossos irmãos. Vai ser bom para mim”, afirma Alexon.

“Queremos ser um exemplo de que tudo tem jeito, tudo muda”, diz Adriana.
O ginásio foi adaptado em caráter emergencial e aberto para receber a população de rua em 6 de abril. Piracicaba contava, até a quinta (11), 1074 casos e 43 mortes. “Em uma semana estava pronto”, afirmou Fabiane Fischer, secretária municipal de de Assistência e Desenvolvimento Social. “Foi escolhido porque não há nenhuma pressa da prefeitura de desocupá-lo quando a pandemia acabar, pode ser usado por tempo indefinido até se construir outro local.”

“Eles são as pessoas mais fragilizadas da sociedade, recebem coisas das outras pessoas sem higienizar, então a possibilidade de serem contaminados é muito grande, além de poderem ser um veículo transmissor do vírus por não terem como se higienizar adequadamente”, diz. Com capacidade para até 100 pessoas, o ginásio abriga hoje 46. Os moradores ficam em dormitórios separados, recebem quatro refeições diárias, têm atendimento médico, odontológico e psicossocial e podem participar de atividades físicas e culturais. Ninguém até o momento teve diagnóstico confirmado de Covid.

Outros 28 estão na Casa de Passagem, que antes da pandemia era um albergue para jantar, pernoite e café da manhã. Desde 27 de março, quem entra não pode sair. “Muitos criticaram eles não poderem sair do abrigo. Mas ninguém foi obrigado. Na conversa os convencemos a ir. Mas hoje eu vejo que ficar na rua é um risco muito grande, e ninguém merece passar pela Covid”, afirma Fischer.

A secretária fala por experiência própria: contraiu o vírus e passou 28 dias doente, dos quais três hospitalizada. “A gente acha que está distante. Foi muito sofrido, mas vejo que uma pessoa com saúde fragilizada sofreria muito mais. Hoje eu vejo uma necessidade muito maior de proteção e de isolamento social.”

Novo saque do FGTS vale a partir de segunda-feira

(FOLHAPRESS) – A medida provisória 946, publicada em abril de 2020, libera um resgate emergencial de R$ 1.045 do FGTS por trabalhador a partir desta segunda-feira (15). No entanto, a Caixa, responsável pelos procedimentos do pagamento, ainda não divulgou o calendário de saques.
A expectativa pelo resgate do valor levou o FGTS aos assuntos mais buscados na internet desde o dia 7 de junho, segundo levantamento do Google. Entre as dúvidas principais, estão os critérios para a liberação do dinheiro.

Todos os trabalhadores com saldo em conta ativa (emprego atual) ou inativa (empregos anteriores) terão direito de resgatar o valor. Ao contrário do saque-imediato, não será possível resgatar mais do que R$ 1.045 do Fundo de Garantia.

O saque do valor será liberado de acordo com o mês de nascimento do trabalhador. O resgate estará liberado até 31 de dezembro de 2020. Se a grana não for sacada, continuará no FGTS.

O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, já antecipou que o valor estará disponível para movimentações pelo aplicativo Caixa Tem, como no pagamento da segunda parcela do auxílio emergencial, mas o banco não deu mais informações até o momento.

Confira as respostas às dúvidas mais procuradas sobre FGTS


1) Quem tem mais de cinco salários pode sacar o FGTS?
– No novo tipo de saque do FGTS, será possível pegar até R$ 1.045, o equivalente ao salário mínimo de 2020
– Será permitido resgatar a grana de contas de trabalhos antigos ou do atual, respeitando o limite de R$ 1.045
– O governo federal analisa nova liberação para quem ganha mais que cinco salários mínimos (R$ 5.225, neste ano)
– Os cálculos de quanto a mais poderia ser sacado ainda estão sendo feitos

Entre as outras situações nas quais já é possível sacar os recursos estão:
– Demissão sem justa causa, pelo empregador
– Término do contrato por prazo determinado
– Rescisão por falência, falecimento do empregador individual, empregador doméstico ou nulidade do contrato
– Aposentadoria
– Doença grave
– Compra da casa própria
– Idade igual ou superior a 70 anos

2) Que dia sai o FGTS 2020?
– A Medida Provisória 946 libera o valor para o resgate do trabalhador a partir de 15 de junho de 2020 até 31 de dezembro de 2020
– O trabalhador poderá fazer o saque de acordo com seu mês de nascimento, seguindo o calendário da Caixa
– A Caixa, porém, ainda não divulgou esse calendário

3) Para quem tem conta na Caixa o FGTS cai direto?
A medida provisória autoriza o crédito automático em conta-poupança aberta previamente na Caixa e de titularidade do trabalhador, desde que ele não se manifeste contra isso O trabalhador que não quiser sacar o valor deve informar à Caixa até 30 de agosto de 2020

4) Como vai funcionar o saque do FGTS?
– Os saques serão liberados de acordo com o calendário escalonado estabelecido pela Caixa
– Segundo o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, eles seguirão o modelo da segunda parcela do auxílio emergencial:
– Primeiro, o valor será liberado em uma conta digital da Caixa, que pode ser movimentada exclusivamente pelo aplicativo Caixa Tem
– Na data definida no calendário, o dinheiro poderá ser sacado nas agências ou transferido para contas de outros bancos
– A transferência do valor não poderá ter cobrança de tarifa
– Para quem tem mais de uma conta de FGTS
O valor será retirado primeiro das contas de contratos de trabalho antigos (inativas), começando pela com o menor saldo Depois, será retirado o valor das demais contas, sempre iniciando pela que tiver menos grana Independentemente do número de contas do trabalhador, o valor total resgatado não pode passar de R$ 1.045

5) Como saber se tenho direito ao FGTS emergencial?
– Todo trabalhador com saldo no FGTS tem direito ao saque, mas não é obrigado a retirar o dinheiro Será possível sacar até R$ 1.045 do valor total disponível no fundo
– O governo estima que 30,7 milhões de trabalhadores poderão sacar todo o seu FGTS
Fontes: Google, Medida Provisória n° 946, de 2020, Caixa Econômica Federal e reportagem

Interrupção das aulas na pandemia pode reduzir PIB brasileiro em até 23%

(FOLHAPRESS) – A interrupção das aulas durante a pandemia do novo coronavírus pode reduzir o PIB (produto interno bruto) brasileiro de 5,3% a 23% pela perda de renda que os jovens sofrerão com o déficit de aprendizado desse período. O cálculo foi feito por economistas do Insper.
O estudo calculou o impacto da perda de aprendizado neste ano ao longo da vida dos estudantes. A projeção é de que os jovens podem perder R$ 42,5 mil de renda se os conteúdos não forem repostos e eles seguirem para o mercado de trabalho com esses déficits.

Com 34,8 milhões de estudantes na educação básica, a perda de renda dessa geração teria um impacto de R$ 1,48 trilhão na economia do país, o que representa 23% do PIB. A projeção faz parte do estudo “Estamos fechando escolas: essa é uma decisão sábia?”, feito por professores da instituição.
“Nós tivemos o fechamento das escola e, ainda que se mantenha parte das aulas de forma remota, os alunos não estão aprendendo como deveriam. Não foi planejado, não houve transição para esse novo modelo. Então, houve perdas e precisamos olhar agora para elas”, disse o economista Ricardo Paes de Barros, que elaborou o estudo.

Outro cenário calculado é do impacto financeiro caso os sistemas de ensino decidam ampliar o calendário letivo para repor as aulas perdidas, ou seja, o atraso em um ano para a conclusão da educação básica e a entrada dos alunos no mercado de trabalho. Segundo a projeção, o estudantes perderiam R$ 10 mil de renda ao longo da vida ao adiar o término dos estudos.

O atraso da entrada desses jovens no mercado de trabalho causaria um impacto de R$ 350 bilhões na economia brasileira, 5% do PIB nacional.
“Existem duas formas de lidar com a interrupção forçada das aulas: aprovar os alunos para que eles continuem a vida escolar como se tivessem aprendido o que deveriam ou atrasar sua trajetória em um ano e garantir que eles aprendam. Financeiramente, a primeira opção traz um custo 4 vezes maior”, disse Barros.

O cálculo do impacto na renda foi feito considerando o rendimento médio dos brasileiros por ano de escolaridade. “A simulação que fizemos é considerando que o mercado vai olhar para essa geração e, ao invés de considerar que quem concluiu a educação básica estudou por 12 anos, enxergar como sendo 11 anos. Por saber que, por um ano, ele não aprendeu.”

Para o economista, o estudo indica que medidas estudadas por alguns estados para a reposição das aulas, ainda que ampliem a jornada escolar, podem minimizar os impactos da pandemia. São Paulo e Maranhão, por exemplo, estudam lançar o 4º ano do ensino médio para recuperar o que foi perdido neste ano.

“A perda para esses alunos e para o país é tão grande, que não vale a pena fingir que ela não aconteceu. Temos que convencer os jovens de que estudar por mais um ano não é um atraso na vida”, afirmou o economista.
Barros destacou que, caso as aulas presenciais possam ser retomadas em breve, ainda é possível a recuperação dos conteúdos escolares sem a ampliação de mais um ano escolar. Segundo ele, a ineficiência do sistema de ensino brasileiro joga a favor nesta situação.

“Os alunos brasileiros aprendem muito pouco em um ano letivo. Se a gente conseguir encontrar formas de o ensino ser mais eficiente, podemos ensinar o mesmo conteúdo em menos tempo. Nós temos espaço para isso. É diferente da situação de países como Singapura e Coreia do Sul, que atuam com alta eficácia”.

Rupert Grint se junta a colegas de ‘Harry Potter’ em críticas a J.K. Rowling

(FOLHAPRESS) – Rupert Grint, 31, engrossou o coro de atores da franquia “Harry Potter” que decidiram criticar a escritora britânica J.K. Rowling, 54, por comentários considerados transfóbicos. Na semana passada, a autora da saga de fantasia usou sua conta no Twitter para comentar um artigo sobre “pessoas que menstruam”. “Pessoas que menstruam’. Tenho certeza que costumava haver uma palavra para essas pessoas. Alguém me ajude?”, escreveu.

Em seguida, internautas a acusaram de estar desconsiderando a vida de mulheres transexuais, ao que respondeu que aquela seria uma questão de “sexo”. “Se sexo não é real, a realidade vivida por mulheres globalmente é apagada. Eu conheço e amo pessoas trans, mas apagar o conceito de sexo remove a habilidade de muitos discutirem suas vidas. Não é ódio falar a verdade”, afirmou.

Uma enxurrada de internautas logo se posicionou contra J.K. Rowling, o que levou atores que ganharam fama graças às adaptações de sua saga literária para o cinema a se posicionar. O último deles foi Grint, que interpretou Rony Weasley nos oito filmes de “Harry Potter”. Em entrevista ao jornal britânico The Times, o ator disse que permanece “firme ao lado da comunidade trans”. “Mulheres trans são mulheres. Homens trans são homens. Todos nós devemos ter o direito de viver com amor e sem julgamento”, disse à publicação.


Com a declaração, todo o trio protagonista de “Harry Potter” agora já se posicionou contra os comentários de J.K. Rowling. Daniel Radcliffe, que viveu o bruxinho que dá nome à saga, fez declarações semelhantes às de Grint, reforçando que mulheres trans são mulheres como quaisquer outras.
Já Emma Watson, intérprete de Hermione, foi ao Twitter comentar o caso: “Pessoas trans são quem elas dizem ser e merecem viver suas vidas sem serem constantemente questionadas ou ouvirem que não são quem dizem ser”.

Outros rostos conhecidos dos filmes de “Harry Potter” que não defenderam a autora foram Katie Leung, a Cho Chang, e Bonnie Wright, a Gina, irmã de Rony Weasley. Eddie Redmayne, estrela da saga derivada “Animais Fantásticos e Onde Habitam”, também condenou os comentários da autora.
No Reino Unido, uma escola ainda decidiu trocar o nome de uma de suas unidades, antes batizada em homenagem a J.K. Rowling, já que a escritora “não é mais um modelo apropriado” para seus alunos.

Fármaco para tratar câncer acelera recuperação de casos graves de Covid-19

Karina Toledo | Agência FAPESP – Um medicamento desenvolvido por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) para estimular o sistema imune a combater o câncer – ainda em fase de testes clínicos – pode se tornar uma arma importante contra o novo coronavírus (SARS-CoV-2).

Em testes feitos com cinco pacientes que desenvolveram a forma grave da COVID-19 enquanto lutavam contra tumores na bexiga, a associação do imunoterápico com antibióticos e corticoides amenizou a resposta inflamatória desregulada no pulmão e reduziu o tempo médio de internação de 18 para 10 dias, sem a necessidade de intubação.

O caso mais emblemático foi o de um paciente de 78 anos, que contraiu a infecção durante um cruzeiro pela costa brasileira e foi tratado no Hospital Municipal de Paulínia, cidade próxima a Campinas. Os detalhes foram descritos em artigo publicado no repositório Social Science Research Network, ainda sem revisão por pares. A pesquisa é apoiada pela FAPESP.

“Esse paciente chegou ao hospital com 50% do pulmão comprometido, febre de 38,3o C, dor de cabeça, falta de apetite, dificuldade para respirar e nível de oxigenação no sangue abaixo do normal [87%, quando deveria estar acima de 94%]”, conta Wagner José Fávaro, professor do Instituto de Biologia da Unicamp e coordenador do estudo.

A despeito da recomendação médica, o paciente resistiu à ideia de “ir para o tubo”, conta o pesquisador. Tabagista de longa data e portador de várias doenças crônicas, temia não sair vivo da ventilação mecânica. “Após conversar com a família, decidimos fazer apenas a suplementação de oxigênio por cateter intranasal e administrar o imunoterápico associado aos antibióticos e corticoides do protocolo padrão do hospital. Após 72h de internação, os marcadores inflamatórios no sangue tinham diminuído significativamente, a saturação de oxigênio estava em 95%, a coriza havia diminuído e a febre, sumido. No sétimo dia, já sem o cateter intranasal, o nível de oxigênio no sangue atingiu 98%. No décimo dia ele teve alta.”

O exame de tomografia feito antes da alta hospitalar revelou que as lesões pulmonares tinham cicatrizado e, no teste sorológico, foi detectada a presença de anticorpos do tipo IgG (imunoglobulina G), que são específicos contra o SARS-CoV-2 e conferem imunidade duradoura, até onde se sabe.

Resultados semelhantes foram observados em outros quatro pacientes submetidos à imunoterapia, todos portadores de câncer de bexiga e outras doenças crônicas e com idade superior a 65 anos. “O que chama a atenção é que indivíduos nessas condições tendem a piorar nos primeiros dias de internação por COVID-19. Mas todos que tratamos com esse protocolo – que consiste em administrar antibióticos e corticoides durante seis dias e o imunoterápico por duas semanas – apresentaram sinais de melhora desde o início”, afirma Fávaro.

Mecanismo de ação

Patenteado pela Unicamp com o nome “OncoTherad”, o imunoterápico começou a ser desenvolvido há cerca de 13 anos com o objetivo de estimular o sistema imune a combater doenças infecciosas e tumores. “Trata-se de uma nanopartícula totalmente sintética capaz de induzir no organismo uma resposta imune de células T, ou seja, de ativar determinados tipos de linfócitos que produzem uma proteína chamada interferon [IFN], importante tanto para combater o câncer como também alguns vírus e bactérias”, explica Fávaro.

A segurança do fármaco já foi comprovada na primeira etapa de testes clínicos. Atualmente, os pesquisadores buscam confirmar sua eficácia contra o câncer de bexiga avançado. “O estudo começou com 30 pacientes (19 homens e 11 mulheres) que já tinham sido submetidos sem sucesso aos tratamentos disponíveis no mercado. Mas temos recebido muitos pedidos de inclusão de novos participantes. Há poucas opções terapêuticas para esse tipo de tumor”, diz o pesquisador.

Todos os integrantes do estudo tinham indicação para a remoção cirúrgica da bexiga e, após o tratamento com o imunoterápico, iniciado há dois anos, quase 80% ficaram livres do tumor. “Nos demais, a doença voltou com menor agressividade, o que permitiu a retirada localizada da lesão”, conta o pesquisador.

Quando veio a pandemia, o grupo da Unicamp observou que alguns dos voluntários do ensaio clínico mantiveram contato próximo com pessoas infectadas pelo novo coronavírus. E, embora todos integrem o grupo de risco da COVID-19, nenhum apresentou sintomas da infecção. “Teve participante que mesmo com o PCR [teste que detecta o RNA do vírus no sangue] positivo permaneceu totalmente assintomático”, conta Fávaro.

A suspeita de que o imunoterápico poderia reduzir a agressividade da infecção pelo SARS-CoV-2 começou a ganhar corpo entre os pesquisadores da Unicamp quando grupos internacionais divulgaram evidências de que o vírus era capaz de inibir no organismo humano a resposta de células T, conta Fávaro.

“Ao que parece, quando as células do pulmão são infectadas pelo novo coronavírus tem início uma tempestade de citocinas [proteínas com ação pró-inflamatória secretadas por células de defesa] que inibe a ação das células T produtoras de interferon. E o OncoTherad é justamente um ativador da produção de interferon”, explica.

Segundo o pesquisador, a falta de um modelo animal adequado para o estudo da COVID-19 tem dificultado a prova de conceito. Ratos, camundongos e outros animais usados nesse tipo de experimento não se infectam naturalmente pelo SARS-CoV-2. Existe apenas um modelo importado de roedor modificado geneticamente para expressar a enzima ACE2 humana – molécula à qual o vírus se liga para invadir as células.

Alterações metabólicas

Para entender por que os pacientes tratados com o OncoTherad se recuperaram mais rapidamente do que a média dos casos graves de COVID-19, pesquisadores do Laboratório Innovare de Biomarcadores, sediado na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unicamp, analisaram amostras de sangue e compararam o conjunto de metabólitos (diversos produtos de processos metabólicos que estão ativos, principalmente lipídios e ácidos orgânicos) presentes no fluido antes e depois da imunoterapia.

As amostras foram analisadas por um espectrômetro de massas, aparelho capaz de identificar substâncias em fluidos biológicos de acordo com o peso molecular de cada uma. A interpretação dos resultados contou com auxílio de técnicas de inteligência artificial. Essa parte da pesquisa foi conduzida pela doutoranda Jeany Delafiori, com apoio da FAPESP e orientação do professor Rodrigo Ramos Catharino.

“O que já sabemos é que a infecção causa um estresse oxidativo muito forte no organismo. Nas amostras de sangue coletadas antes do tratamento observamos muitas moléculas oxidadas e muitas moléculas associadas à inflamação, o que corrobora a existência de uma tempestade inflamatória”, diz Catharino.

Já nas amostras coletadas após o tratamento o conjunto de metabólitos era mais parecido com o existente no sangue de um indivíduo saudável. “No futuro, talvez seja possível usar esse padrão de metabólitos ‘sadio’ para determinar a recuperação do paciente”, avalia o pesquisador.

Além de incluir mais pacientes no estudo para melhor compreender o mecanismo de ação da imunoterapia na COVID-19, o grupo de Catharino pretende comparar amostras de pacientes que se recuperaram da doença sem receber o OncoTherad e ver se há diferenças.

Made in Brazil

Caso novos estudos confirmem o potencial do imunoterápico de acelerar a recuperação dos casos graves de COVID-19, os benefícios para o Sistema Único de Saúde (SUS) serão imensos, avalia Fávaro. “Os custos com internação em Unidade de Terapia Intensiva [UTI] diminuiriam significativamente e, na medida em que se reduz a necessidade de ventilação mecânica, amplia-se o número de pacientes graves que podem ser tratados com sucesso”, afirma.

Para isso, segundo o pesquisador, o ideal seria iniciar o tratamento no momento em que o nível de oxigênio no sangue ficar abaixo de 94% e o paciente começar a sentir dificuldade para respirar ou cansaço. “Estamos acrescentando o uso contra COVID-19 na patente, que é fruto de ciência 100% brasileira, financiada com recursos públicos. Caso o medicamento seja aprovado nas últimas fases do ensaio clínico, a patente será licenciada para uma empresa farmacêutica, que deverá fornecê-lo gratuitamente para pacientes do SUS”, diz Fávaro.

Antes disso, porém, será necessário ampliar os estudos clínicos para outros pacientes com quadros moderados ou graves de COVID-19, independentemente de serem pacientes oncológicos. Um estudo com 140 participantes está tramitando na Comissão de Ética em Pesquisa (Conep) para uso da imunoterapia OncoTherad associada ao tratamento clínico padrão no Hospital Municipal de Paulínia. O estudo tem duração prevista de um ano.

O artigo A 78-Year Old Urothelial Cancer Patient with Faster Recovery from COVID-19: Potential Benefit from Adjuvant Active Immunotherapy pode ser lido em: https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=3609259.

Jornal Cidade RC
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