O presidente do Comdema (Conselho Municipal do Meio Ambiente), José Perinotto, voltou a ressaltar que o local escolhido pelo Governo do Estado para se construir uma barragem na Bacia Corumbataí, entre Rio Claro e Ipeúna, não seria o ideal devido ao impacto que a obra levará ao meio ambiente. Reportagem anterior do JC mostrou que um inquérito civil foi instaurado pelo Ministério Público para se investigar o projeto e no curso da investigação a Promotoria de Justiça determinou que fosse apresentado um estudo arqueológico do local. Desta forma, a Agência das Bacias PCJ, anunciou a contratação de empresa que fará o levantamento.

“Não está em questão a competência da empresa de arqueologia. Não é somente o grande valor arqueológico, mas inclusive todos os demais patrimônios que já apontamos para o Ministério Público, incluindo os valores históricos das fazendas, da geologia pouco comum da região e outros valores. Espero que haja bom senso e esta área não seja escolhida”, afirma o pesquisador e professor de Geologia da Unesp Rio Claro.

O profissional alerta que ainda não se fala quais os municípios da Bacia Corumbataí serão diretamente beneficiados com a obra. A barragem está prevista para ser construída na confluência entre os Rios Passa-Cinco e Cabeça, como parte do programa “Água é Vida”. A previsão de investimentos é de cerca de R$ 54,3 milhões.

“Rio Claro terá que construir dutos e nova estação. E Ipeúna? Sei que são estudos preliminares, com projeto que, necessariamente, deverá passar pelos Comdemas’s, que deverá ter consulta pública, etc. Mas essa área em questão tem tudo para não ser a escolhida do ponto de vista dos impactos que acarretará”, acrescenta. O local conta com um dos sítios arqueológicos mais antigos do país, o Alice Boer. Segundo estudo da USP, o sítio teria idade entre 8.100 e 6.300 anos.

Na última semana, o diretor-presidente da Agência das Bacias PCJ, Sergio Razera, falou à Rádio Jovem Pan News Rio Claro, do Grupo JC de Comunicação, que o estudo arqueológico poderá definir ou não a escolha da área. “Esse é mais um passo necessário para conhecermos melhor essa área que foi definida em estudo de 2019 que identificou como sendo uma área onde o custo-benefício ficaria mais barato. Depois do estudo, identificou-se a existência dos sítios arqueológicos. Por conta disso antecipamos o estudo arqueológico para ver melhor se esses sítios vão impedir a construção da barragem no local”, explica.

O profissional alega que “nenhuma atividade da barragem está sendo feita, há muitas fases para se chegar nisso, a área ainda não foi definida. Se for definido esse local, terá toda fase de licenciamento ambiental, a população terá que necessariamente ser ouvida”, acrescenta. Razera explicou também que os estudos junto aos municípios da região apontaram que várias ações precisam ser realizadas para que no futuro, em meados de 2040, o abastecimento de água não seja prejudicado.

“Os municípios precisam melhorar as perdas e desperdícios de água. Precisa-se ter reúso da água, proteger as nascentes e para que o solo retenha mais água precisamos repor árvores em pontos do território. Não é só a barragem, ela é uma só das ações previstas”, afirma. A entrevista completa está disponível no www.youtube.com/jcrioclaro.

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